Jornal Oeste

Após prejuízos sofridos por produtores rurais da região de Mirassol D'Oeste com a proliferação da mosca dos estábulos, que ataca bovinos e outros animais, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso firmou Termo de Ajustamento de Conduta com o Sindicato Rural, Usina Coperb e Município para que a situação seja resolvida.

A proliferação do inseto se intensificou nos últimos três anos depois que a usina de álcool teve que suspender a queima da cana-de-açúcar e passou a mecanizar quase em sua totalidade a colheita da cana, em cumprimento a legislação. Nos canaviais são lançados a vinhaça, produto extraído na fabricação do álcool, que também é apontado como potencial atrativo da mosca.

Este ano, o surto ocorreu de forma mais intensa, gerando prejuízos aos produtores que chegaram a perder bovinos e animais domésticos após o ataque. Além da irritabilidade, o animal também deixa de se alimentar. O promotor de Justiça de Mirassol D'Oeste, José Jonas Sguarezi Junior, destaca que a prevenção é a principal maneira de controlar os surtos da mosca dos estábulos, por isso foi necessário o acordo assinado entre as partes de forma voluntária.

No documento firmado no Ministério Público, as partes envolvidas no processo assumiram diversas obrigações. À usina Coperb caberá o controle da aplicação do uso da vinhaça; o corte das pontas das canas nas curvas de nível para evitar a formação de material orgânico propício ao desenvolvimento de larvas da mosca bem como a limpeza das áreas com aplicação de cal.

Já o Sindicato Rural deverá se organizar junto aos produtores rurais para que ocorra a limpeza das propriedades, principalmente, em sistemas de confinamento de gado e produção leiteira. Os dejetos deverão ser armazenados e tratados adequadamente, por meio do sistema de compostagem, e o uso de inseticidas poderá ocorrer na dosagem correta, quando necessária.

A fiscalização do cumprimento das medidas acordadas deverá ser feita pelo município, que também prestará assistência técnica, orientação e auxílio necessários, dentro de suas atribuições.

Assinaram o termo de compromisso o diretor agrícola da Usina Cooperb, Nelson da Cunha Cintra; diretor da Usina Cooperb, Osmar Antunes de Oliveira; representante do Sindicato Rural de Mirassol D'Oeste, José Renê Vieira de Souza e o prefeito municipal, Elias Leal Mendes Filho.

Mosca do estábulo:

A Stomoxys calcitrans, comumente conhecida como “mosca dos estábulos” ou “mosca da vinhaça” é, atualmente, responsável por causar prejuízos de grande impacto econômico nas cadeias produtivas da pecuária bovina e sucroalcooleira em alguns estados do Brasil, dentre eles Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O principal problema que a mosca-dos-estábulos proporciona aos animais é a irritabilidade, causada pelas picadas nas patas e ventre dos animais. O total de danos que essa mosca pode provocar depende, naturalmente, do grau de infestação nos animais.

A mosca-do-estábulo se reproduz em dias quentes sobre matéria orgânica em decomposição, tais como esterco úmido misturado na palha da cana-de-açúcar, cascas de arroz e capim, assim como em locais com vinhaça acumulada. Cada fêmea vive cerca de 20 a 30 dias e coloca de 200 a 500 ovos durante seu ciclo de vida. A mosca pode voar até 100 km de distância do seu local de origem.

O mais importante é controlar a proliferação dessas moscas no ambiente. O uso indiscriminado de inseticidas tem provocado a resistência desse parasito, além de causar o desequilíbrio ambiental, ao eliminar possíveis predadores. Portanto, a melhor estratégia para combater o inimigo é o manejo e controle integrado desse inseto.