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09/09/2009 - 00:00

Guatemala decreta estado de calamidade devido à fome

Por Jornal Oeste

Terra O presidente da Guatemala, Álvaro Colón, declarou nesta quarta-feira estado de calamidade pública no país para enfrentar a severa crise alimentícia que afeta a mais de 54 mil famílias pobres deste país e já matou mais de 25 crianças. "Isso nos permitirá ter acesso a recursos de cooperação internacional que se oferecem generosamente para este tipo de situação, assim como podemos mobilizar recursos do orçamento nacional com maior agilidade", disse Colón em mensagem transmitida em cadeia de rádio e televisão. Segundo a mensagem do presidente, a Guatemala viveu com "altos e vergonhosos" índices de pobreza e desnutrição durante décadas, provocados por uma longa história de desigualdade social. "Essas situações, agravadas pelas secas derivadas da mudança climática e por efeitos da crise econômica internacional, foram a causa da crise alimentícia e nutricional que o país vive na atualidade", disse Colón. Mais de 54 mil famílias pobres, habitantes do denominado "corredor seco" do leste e nordeste da Guatemala, foram declaradas em estado crítico pela falta de alimentos para sua subsistência, devido à perda de suas colheitas de milho e feijão. Esses alimentos são a base da dieta da população local. Outras 300 mil famílias habitantes dessa zona correm perigo de sofrer a mesma situação pelas mesmas causas. "Há alimentos, mas os afetados não têm recursos financeiros para comprá-los", lamentou o presidente, destacando as ações que o governo realizou nas zonas afetadas por programas de combate à pobreza. "Essas ações permitiram evitar que os problemas chegassem a níveis mais graves", reiterou. O presidente esclareceu que o estado de calamidade pública foi declarado em nível nacional porque as consequências da insuficiência alimentícia e nutricional deverão afetar todo o país, não apenas a região do "corredor seco". Segundo a legislação guatemalteca, a declaração de calamidade pública facilita ao governo agilizar a compra de alimentos e insumos de urgência, sem necessidade de cumprir com os requisitos de licitação pública ordenados pela lei. "Somos sensíveis à pobreza, a extrema pobreza e a desnutrição e por isso estamos realizando as ações de emergência necessárias e tomaremos outras medidas para enfrentar a desnutrição e a pobreza históricas e estruturais", assegurou o líder. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas iniciou nesta quarta a distribuição em massa de cerca de 20 toneladas de "biscoitos nutritivos" nas comunidades mais afetadas pela crise alimentícia. Estes biscoitos complementarão as bolsas de alimentos básicos que o Governo começou a distribuir há duas semanas às 54 mil famílias afetadas pela crise. Segundo números oficiais, este ano morreram 25 crianças em consequência da desnutrição crônica provocada pela fome. No entanto, a Secretaria de Segurança Alimentaria da Presidência reconheceu que a quantidade de crianças mortas pela fome poderia ser "muito superior" às estatísticas oficiais e que a falta de dados específicos se deve a que o Sistema Nacional de Saúde não conta com instrumentos confiáveis para determinar falecimentos provocados por desnutrição. Um relatório do Ministério guatemalteco de Saúde, divulgado na terça-feira pela imprensa local, assinala que nos primeiros oito meses deste ano faleceram 462 pessoas, entre elas 54 crianças, como consequência de diversos problemas provocados pela desnutrição crônica.
 
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