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19/04/2015 - 10:05

Em entrevista A Gazeta, governador volta a elogiar atuação da Congregação de Santa Catarina no Regional de Cáceres

Por Michely Figueiredo, Gláucio Nogueira, Fabiana Reis e Laura Nabuco

João Vieira

 (Crédito: João Vieira)
Embora sustente que muito já foi feito por sua gestão à frente do Palácio Paiaguás em apenas 107 dias de administração, o governador Pedro Taques (PDT) reconhece “a impressão e a vontade de que mais poderia ser feito”.
 
Durante uma conversa exclusiva com a equipe de A Gazeta nesta semana, o pedetista pontuou cada uma das ações já desenvolvidas e aquelas que estão por sair do papel. Confira:
 
- Que ações o senhor considera as principais desses 100 primeiros dias de governo?
 
O político no Brasil, hoje, tem que parar de dar e pedir desculpas ao cidadão porque ainda não deu conta de cumprir seus objetivos. Em 107 dias que estou no exercício do cargo de governador, não consegui ainda resolver todos os problemas do Estado. Esses problemas são decorrência de anos de descaso, de incompetência na gestão pública, de falha na administração. E nós estamos, a cada dia, a cada hora, ali no Palácio, buscando resolver os problemas de uma forma estratégica. Fizemos muito em 107 dias, mas sempre fica a impressão e a vontade de que mais poderia ser feito.
 
- Parte desse muito que o senhor cita são as auditorias que tem sido feitas para sanear problemas imediatos, mas o que pode ser pontuado como a principal medida da gestão Pedro Taques?
 
Algumas pessoas que criticam - e eu aceito as críticas, na democracia elas são razoáveis e devem ser acatadas - que nós estamos fazendo auditorias. Veja que eu fui eleito com esse compromisso. Eu passei a campanha eleitoral inteira dizendo que faria auditorias. Portanto, 58% da população de Mato Grosso, que entendeu que eu seria o melhor caminho para governar este Estado, quer auditoria. Então, àqueles que estão preocupados com auditoria, eu digo: fiquem mais preocupados ainda, porque essa é nossa obrigação e vamos mostrar ao cidadão o que fizeram com esse Estado. Não é caça às bruxas, não é caixa preta, em absoluto, é o exercício da minha atribuição e o cidadão tem direito a isso. Além dessas auditorias, nós, na área de saúde, por exemplo, colocamos em dia R$ 35 milhões de repasses para os municípios. Isso significa dizer que o governo passado atrasou, por irresponsabilidade, a atenção básica dos municípios. Também assinamos um convênio com o [prefeito de Cuiabá] Mauro Mendes (PSB), já nos 50 dias de exercício do mandato, e vamos repassar ao município R$ 50 milhões -não de uma só vez - para a construção de um hospital em Cuiabá. Será um hospital público, aliás, o maior do Estado e que não atenderá só a população do Vale do Rio Cuiabá. Atenderá a população do Estado como um todo. Nós também estamos, nesses 107 dias, debatendo um novo modelo de administração dos hospitais regionais. Os hospitais de Alta Floresta, de Sinop e de Colíder estão sob intervenção. O Hospital Metropolitano está sob ocupação. Além disso, no mês de maio, entregaremos na casa do cidadão, em 10 mil residências do Estado, remédios da Farmácia de Alto Custo, o que é um direito do cidadão. Mas se você me perguntar de forma objetiva: a saúde vai bem? Não! Nós temos que reconhecer isso. Não vamos resolver isso em 107 dias. Estou dando expediente uma vez por semana na Secretaria de Saúde, porque aquilo ali não é algo que possa ser resolvido por um homem só. Não é só o secretário, não é só sua equipe, não é só o governador. Todos os secretários têm a minha determinação de que a saúde, para nós, não é só a prioridade. A saúde, para nós, deve ser resolvida. E resolveremos.Estamos reestruturando a central de transplante, que foi sucateada. Estamos, agora na primeira quinzena de junho ou ainda em maio, lançando as obras do Hospital Central que, há 25 anos, está parado. O [ator] Otaviano Costa será o padrinho de um evento em que nós arrecadaremos recursos com a sociedade civil para nos ajudar neta obra. Quero também agradecer ao [deputado estadual] Guilherme Maluf (PSDB) e à Assembleia Legislativa pelos R$ 20 milhões que eles abriram mão de seu orçamento para que nós possamos usar na saúde. Eu sou contra a chamada política de ambulâncias, mas existem municípios de Mato Grosso que não tem ambulância, em que ela têm mais de 300 mil quilômetros. O Executivo vai dar R$ 20 milhões para complementar os R$ 20 milhões da Assembleia e nós vamos, além disso, diminuir o tempo de espera nas filas da saúde. Isso é uma ação que será desenvolvida já. Não é para o segundo semestre, não é para o ano que vem. Portanto, na saúde, penso que nós caminhamos e muito.
 
- As OSSs foram vilanizadas em Mato Grosso, mas elas funcionam em outros lugares. Na cidade de São Paulo, por exemplo, elas arrecadam 40% da verba de custeio e atendem 65% da população. O senhor fala em um novo modelo, mas ele seria baseado nas OSSs ou algo novo?
 
Como existem políticos que não prestam, existem jornalistas que não prestam e OSSs que não prestam, que desenvolvem picaretagem. Em São Paulo, eles têm 700 hospitais e desses, me parece que 50 e poucos são administrados por OSSs. E lá está dando certo. Aqui em Mato Grosso a questão não é a OSS. A questão são algumas dessas OSSs como o Ipas, que estava com a administração do Hospital Metropolitano e, segundo o Tribunal de Contas, dos nove mil procedimentos de alta complexidade contratualizados, só realizaram 350. Então, esse é o problema. Nós estamos discutindo o modelo e contratamos especialistas através do programa Brasil Competitivo para que esse modelo seja pensado. Ontem (quinta-feira, 16) tivemos uma reunião com um desses especialistas e com o Consórcio do Teles Pires para que ali nós possamos fazer uma administração via consórcio. Este pode ser um modelo. Eu não quero fechar um único modelo. Mato Grosso tem realidades que são diversas. Reconheço; o Hospital Regional de Cáceres, e o São Camilo, de Rondonópolis, têm recebido alguns elogios e eles são administrados por OSSs.
 
Eu visitei o Hospital de Urgência de Goiás (Hugo) e fiquei impressionado com aquela administração, que também é por OSS. Mas vamos pegar o caso do Hospital de Subúrbio de Salvador. Ali existe um novo modelo, que é a PPP (Parceria Público-Privada). Nós trouxemos o Banco da Amazônia que tem um modelo parecido ao desse hospital lá em Manaus, através de uma empresa espanhola. Estamos trabalhando nisso. Eu não tenho essa decisão hoje, porque eu preciso ouvir os profissionais da saúde e não sou um técnico nessa área.
 
- O senhor anunciou essa boa nova de que os pacientes vão poder receber o medicamento de alto custo em casa, mas porque ainda ocorrem situações em que pessoas passam dias sem receber o remédio porque está em falta na farmácia?
 
A aquisição na saúde tem algumas especificidades. Para a maioria delas existem fornecedores únicos. Existe processo licitatório e contratação de emergência. Nós estamos fazendo algumas contratações de emergência, mas pegamos uma secretaria de tal ordem desaparelhada, desestruturada, uma secretaria que foi desmontada a partir de 2011, em razão da mudança do sistema para as OSSs, que inviabilizou todos os setores. Por isso, uma aquisição que demora um espaço de 15 dias, para que o processo possa ser montado, nós estamos diminuindo esse tempo. Nós estamos resolvendo isso. Nós temos 5,5 mil servidores na saúde de Mato Grosso, que são pessoas que trabalham, mas, em algumas áreas, a aquisição é diferenciada.
 
- Um dos problemas muito evidentes de Mato Grosso é a questão das desigualdades regionais. O que tem sido pensado no sentido de minimizar essas desigualdades?
 
Existem muitas assimetrias entre os municípios de Mato Grosso. São 141 e 43 deles são produtores, com o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] alto, mas nós temos alguns que foram esquecidos. Criamos um gabinete de Desenvolvimento Regional que está fazendo esse mapeamento. Nós estamos construindo um programa de superação dos IDHs baixos em Mato Grosso. Precisamos de um tratamento especial para esses municípios. Mas, para que eu tenha e possa mostrar para todo Mato Grosso o que vamos fazer, nós vamos criar, no Palácio, o Observatório de Gestão, para que eu tenha todos esses dados on-line e possa saber o que está acontecendo. Muitas vezes o governador fica no Palácio e não sabe o que está acontecendo na base. Eu preciso saber, porque a fotografia que estava na urna era a minha. Para a região do Vale do Araguaia, por exemplo, nós precisamos tratar de energia. Chamei o presidente da Energisa e cobrei dele a resolução desse problema. Ali existe um crescimento muito forte, tem 4,5 milhões de hectares que são potencialmente agricultáveis nesta região. Precisamos também de um hospital regional em Porto Alegre do Norte. Aliás, esse hospital já foi lançado três vezes pela administração passada e até hoje não tem um tijolo lá. Vou agora, dia 30, para saber o que vai ser feito desse hospital. E ali temos um problema também de internet. A rede mundial de computadores não funciona e estamos construindo um projeto para que as telefônicas tenham alguma isenção da alíquota de ICMS para que possam se instalar. Em 107 dias eu não tive condições ainda de resolver isso, mas isso já está no nosso radar.
 
- Quando o senhor acha que vai ter essa visão macro para saber exatamente o que o Estado vai fazer para fomentar essas regiões que hoje estão mais isoladas?
 
Desde o Prodeagro, existiu o pagamento de recursos, me parece que R$ 19 milhões, para o Zoneamento Sócio Econômico Ecológico. O Zoneamento foi votado na Assembleia, mas está embarreirado no Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente], ao que me parece, devido a algumas inconsistências. Então isso já está feito, agora, cabe fazer um refinamento, uma maior aproximação por região.
 
- Desde que o senhor assumiu, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) vem dando notícias de que o governo colocou os repasses em dia. Já as federações de esporte relatam uma realidade diferente. Alguns eventos esportivos teriam, inclusive, sido cancelados e outros passam por dificuldade devido aos atrasos nos repasses. Por que isso tem acontecido?
 
O secretário-adjunto de Esporte, Pedro Shinohara, conversou com as federações e o que existe é muito atraso da bolsa atleta por parte da administração passada. Muito atraso! Na nossa administração, liberamos recursos para os jogos estudantis e mudamos a secretaria-adjunta para o Aecim Tocantins. Agora, recurso, temos pouco, realmente. Eu não vou dourar a pílula, mas estamos economizando porque não temos recursos para fazer frente a todas as nossas necessidades. É possível até que tenha repasse atrasado, sim, mas os repasses da nossa administração temos procurado honrar. Eu recebi ontem (16) a visita no Palácio do Felipe e do David, que são atletas de performance de Mato Grosso, e vamos fazer um trabalho firme com eles nas escolas, para que eles possam falar que o esporte muda vidas. É um trabalho que o governo do Estado vai fazer através de patrocínio. Precisamos fomentar essa questão do esporte, mas dinheiro está faltando mesmo para algumas coisas.
 
- Sobre a Arena Pantanal, qual é o projeto? Ela vai ficar com o governo?
 
Nós estamos avaliando um modelo de gestão. Muitas arenas no Brasil estão dando prejuízo, então, existe a possibilidade de venda da Arena Pantanal, de concessão ou de uma gestão através de PPP. O Gabinete de Projetos Estratégicos está ouvindo especialistas a respeito disso. Existe um edital, desde o governo passado, para realização de audiências públicas para discutir o que será feito com a Arena. Um ponto é certo: nós gastávamos de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês só para a manutenção da Arena Pantanal. Diminuímos isso para R$ 500 mil, junto com a Federação Mato-grossense de Futebol, e vamos fazer eventos neste ano para que ela possa ser, ao menos, auto sustentável. Também vamos buscar usar o espaço físico da Arena para outras atividades. Por exemplo, Cfap [Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças] pode mudar para lá. A Polícia Militar já foi dar uma olhada e também está dando segurança às pessoas que utilizam ali para praticar esportes. Junto com o Tribunal de Justiça estamos programando um grande mutirão de regularização fiscal, que pode ser na Arena Pantanal. Ela não sobrevive só com o futebol. Nós temos que dar outro caminho para aquele espaço.
 
- E quanto ao VLT? Já existe uma definição do que será feito?
 
Pela primeira vez o Estado ajuizou uma ação junto com os ministérios públicos Estadual e Federal e a Justiça deu 75 dias, dos quais já se passaram 15, para que o consórcio entregue os projetos básicos e faça um batimento do que foi levantado pela gerenciadora e aponte o que foi feito, porque os erros foram cometidos. Isso para que nós possamos dizer o que será feito. Eu, todo mundo sabe, defendi o BRT, mas houve uma mudança para o VLT, uma mudança estranha, esquisita. A Assembleia está investigando, o MPE e o MPF também. A mim, como gestor, cabe, antes de decidir isso, resolver os problemas. A Secretaria de Cidades, junto com a CDL de Cuiabá e Várzea Grande, fez uma reunião para que possamos resolver o problema de mobilidade, até que fique pronta a totalidade da obra. Hoje, são os técnicos é que vão me dizer o que será feito com o VLT. Chega de político decidir o que ele não conhece. Eu entendo que, com o que nós já gastamos, mais de R$ 1 bilhão, seria um absurdo mudarmos o modal. Nós temos que terminar o VLT, mas os técnicos é que vão colocar isso no papel. Alguns dizem que precisamos de R$ 800 milhões para terminar e o Estado não tem esse dinheiro, então, teremos que estruturar outro modelo. Se eu tivesse R$ 800 milhões, hoje, investiria em escolas e em hospitais.

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