No trecho da bacia do Alto Paraguai, que passa pelo Pantanal da região Cáceres, o Rio Paraguai tem 1.280 km de extensão e contém centenas de espécies. Para a coleta, os pesquisadores entram no rio. Eles se aproximam dos aguapés e também da vegetação próxima à margem para pegar os peixes menores.
"Trabalho há um ano com coletas sazonais. Temos um número significativo de espécies coletadas. No Pantanal, tem 300 espécies e já conseguimos coletar mais de 50% dessas espécies na região de Cáceres. Isso mostra a importância de manter a 'ictiofauna' [nome científico dado ao trabalho de levantamento das espécies]", explicou Claumir.
O mussum é um dos peixes encontrados no rio. ''Ele é muito comum em baías e é utilizado como isca. O mussum é extremamente importante para a pesca e também para aves, principalmente no período de reprodução. Não é difícil encontrá-lo'', disse.
Já o peixe piquira, como é conhecido na região, é um peixe pequeno, considerado importante pelo padrão de cor. É uma alternativa para diminuir a pesca de espécies nobres, como o pintado.
Os desmatamentos influenciam na redução dos cardumes. A retirada das árvores aumenta a quantidade de sedimentos nos rios e, com isso, a profundidade diminui. ''A retirada da mata nativa compromete esse processo de alimentação e somado ao uso inadequado do solo provocam assoreamento em várias áreas no pantanal, prejudicando a migração dos peixes, impactando a economia e questão ambiental'', alegou o pesquisador.
Quando maduro e no período da cheia, o tucum, um pequeno fruto vermelho, cai no rio e os peixes e aves ajudam a espalhar as sementes desse fruto pelo pantanal. ''A gente trabalha com processo de dispersão e os peixes são fundamentais na propagação dessas sementes. Eles se alimentam desse fruto e levam rio acima, mantendo a mata ciliar importante para manutenção da flora e para os peixes, os animais que se alimentam desse fruto'', explicou Claumir.
A pesquisa também envolve estudantes. Francimaire Aparecida, estudante de biologia, conta que não conhecia bem o bioma, mas que participar desse processo de coleta tem sido importante. “Não conhecia peixes e pretendo levar isso para a minha vida, terminar essa projeto, concluir com artigos e tentar um mestrado nessa área mesmo'', contou.
Segundo o pesquisador, as informações não vão ficar privatizadas. "Todas as informações vão ser sistematizadas e transformadas em artigo científico e disponibilizadas para políticas públicas, para trabalhar com a educação ambiental. É preciso envolver a população nesse processo e tem que cobrar e manter o ambiente que é de todos'', explicou.
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http://g1.globo.com/mato-grosso/bom-dia-mt/videos/t/edicoes/v/pesquisa-desenvolvida-com-especies-de-peixes-na-bacia-do-alto-paraguai/4009072/