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27/08/2009 - 00:00

Brasil já é líder mundial em mortes por gripe suína

Por Jornal Oeste

JBOnline Caio de Menezes Fernanda Prates Com 557 mortes confirmadas oficialmente ontem pelo Ministério da Saúde, o Brasil agora é o líder mundial em mortes por gripe suína. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com 522 óbitos, e a Argentina vem em terceiro lugar, com 439. O vizinho sul-americano também possui a maior taxa de mortalidade por 100 mil/hab (1,08), contra 0,29 do Brasil, que está em sétimo lugar. Mesmo assim, o governo enviou ao Congresso medida provisória que libera R$ 2,1 bilhões para compra de 73 milhões de doses da vacina e de 11,2 milhões em medicamentos. De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, os países com as maiores taxas de mortalidade estão no Hemisfério Sul – com exceção da Costa Rica – pois o inverno provoca maior impacto da doença. Nos países do Hemisfério Norte, é verão. Segundo o ministério, foram notificados, no período entre 25 de abril e 22 de agosto, 30.854 casos graves no Brasil. Do total, 5.206 tiveram confirmação laboratorial para o vírus da gripe suína. O relatório também apontou que 480 gestantes foram infectadas pelo vírus H1N1 e, dessas, 58 morreram. A nota também apontou uma tendência de diminuição dos casos no Brasil. O professor de doenças infectocontagiosas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimílson Migowski, avaliou o acompanhamento do crescimento de casos da chamada gripe A feito pelo governo federal: – O Ministério da Saúde começou muito bem. Inicialmente, o (medicamento)Tamiflu era distribuído para todos. Mas, depois, só os casos mais graves passaram a ser tratados com o remédio, que no Rio de Janeiro era distribuído em apenas dois pontos. Essa medida não foi adequada, pois atrapalhou o tratamento e ajudou a propagar a doença, já que aumentou a circulação de contaminados pela cidade. Segundo Migowski, esses erros de logística são responsáveis por “50% dos óbitos serem de pessoas de fora do grupo de risco”. Migowski disse ainda que o país não estava preparado para a epidemia mundial. – Não houve velocidade de ação. O Ministério não acreditou no tamanho do problema, e ele não foi controlado, daí as mortes. O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juvêncio Furtado, tem visão semelhante: – O único fator que pode ser considerado é o de termos concentrado o tratamento somente aos casos graves. Penso que esse foi o único momento em que houve indefinição do Ministério da Saúde quanto ao combate ao vírus. O defensor público federal, titular do ofício de direitos humanos e tutela coletiva, André Ordacgy, culpou o Ministério pelo número de mortes. – Encaro como principal responsável pelo número de mortes o Ministério da Saúde, que pecou no atendimento aos infectados e na distribuição dos medicamentos. Todos os países disponibilizaram o Tamiflu para uso público. Aqui, o laboratório que produz o remédio foi orientado a não vender o medicamento em farmácias. Em outubro, impetraremos ação responsabilizando a União, o estado o município do Rio pelas mortes.
 
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