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16/05/2014 - 13:59

Fazenda da Boi Gordo em Lambari é vendida

Por Adriano Garcia

Duas fazendas incluídas na massa falida da Boi Gordo foram leiloadas nesta quinta-feira (dia 15) por R$ 52,92 milhões, valor superior ao previsto pelos representantes dos credores. Não houve interessados em uma terceira propriedade agrícola –a fazenda Vale do Sol I. Essa fazenda, situada em Salto do Céu (MT), havia sido invadida no ano passado por um grupo de famílias ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Acampados e Assentados (MTA), o que poderia dificultar sua venda –mesmo com a garantia de uma liminar em mãos para a retomada do local. A fazenda, avaliada em R$ 3,92 milhões, deve ser levada a leilão novamente após o cumprimento da ordem de reintegração de posse já concedida pela Justiça. Para evitar a invasão de outras fazendas que pertencem à massa falida da Boi Gordo, os representantes das propriedades já conseguiram também interditos proibitórios –instrumentos jurídicos que impedem a ocupação de determinada área sob pena de pesadas multas diárias. A Fazenda Chaparral, com 7.656 hectares em Lambari D'Oeste (MT), foi vendida à vista por R$ 28,42 milhões. A Folha apurou que, após o lance inicial de um interessado na propriedade, o arrendatário do local adquiriu a fazenda, exercendo seu direito de preferência garantido no edital do leilão. Já a Fazenda Realeza, em Itapetininga (SP), disputada por quatro compradores interessados, foi vendida a prazo por R$ 24,5 milhões –com 20% de entrada e 12 parcelas mensais. A informação que circulou após a disputa é que o lance final foi feito por um grupo de investidores que teriam interesse em transformar a área em um loteamento industrial. Isso porque a propriedade está localizada do lado esquerdo da rodovia Raposo Tavares, área de concentração industrial. O síndico da massa falida, o advogado Gustavo Henrique Sauer de Arruda Pinto, informou que a Chaparral foi vendida por seu valor atualizado. Em setembro de 2010, a propriedade valia R$ 22,86 milhões. A Realeza (SP) foi vendida com ágio de 40% com relação ao valor de avaliação atualizado. Com os recursos arrecadados, o advogado espera ressarcir até o final deste ano os cerca de 30 mil credores lesados no caso da Boi Gordo, caso que se arrasta desde o fim dos anos 1990 até a empresa quebrar em 2004. A maior parte desses investidores é de classe média e aplicou até R$ 20 mil. Entre 2009 e 2011, cerca de R$ 40 milhões já foram arrecadados com leilões de sete fazendas -cinco em Mato Grosso e duas de São Paulo - da massa falida. Também foram vendidos dois conjuntos comerciais e dois lotes urbanos no Centro-Oeste, segundo balanço que consta no site da massa falida, criado em 2011 para que os cerca de 30 mil credores cadastrados na falência acompanhem o andamento do caso. A Boi Gordo pediu concordata 13 anos depois de ser aberta (1988). O investidor aplicava em animais e recebia após 18 meses o lucro da venda do boi engordado. A promessa era 42% de rendimento via certificados de investimentos, muito superior a outras aplicações que existiam na época, o que atraiu cerca de 30 mil investidores. Entre os lesados estão atores, atletas e políticos. O dinheiro foi aos poucos desviado para outros negócios da Boi Gordo. E a empresa passou a funcionar com um esquema de pirâmide: pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores. Quando os saques passaram a superar os investimentos, a pirâmide desmoronou. Em outubro de 2001, a Boi Gordo pediu concordata e teve a falência decretada em fevereiro de 2004, com passivo estimado em cerca de R$ 2,5 bilhões em valores da época. Estima-se que hoje esse valor chegue a R$ 4 bilhões. Sem comunicar no processo da concordata, o antigo dono da BG vendeu, por R$ 3,75 milhões, o controle da Boi Gordo em 2003 para uma empresa, com capital de R$ 20 mil, de outro grupo econômico. Em vez de apresentar um plano de recuperação para ressarcir credores, "o grupo se apropriou de bens não incluídos na falência e os desviou para outras empresas", informou o promotor Eronides dos Santos, do Ministério Público de São Paulo. No caso há dez anos, o promotor afirma que, além de sumir com equipamentos e cabeças de gado, o grupo que adquiriu a Boi Gordo fez contratos simulados de arrendamento para explorar fazendas que deveriam ter sido leiloadas para pagar os credores.Com informações da Folha.
 
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