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17/08/2009 - 00:00

Rio Paraguai ameaça romper rodovia que liga Cáceres a Pontes e Lacerda

Por Jornal Oeste

Sinézio Alcântara Jornal Expressão Se não for realizado um trabalho de engenharia, através da construção de pontes e barreiras de contenção para diminuir a velocidade da água no trecho entre a ponte Marechal Rondon e o entroncamento da Bolívia, num período de menos de 5 anos, a erosão poderá alcançar a BR-174, mudar o curso do rio e provocar uma catástrofe pelo rompimento do asfalto. Em alguns pontos a água já está a menos de 15 metros do aterro. A erosão provoca um recuo das barrancas, em direção a rodovia, de três e cinco metros, anualmente. É o que aponta um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores de várias universidades, sobre o avanço da erosão na margem direita do rio Paraguai, nas imediações da praia do Julião. O grupo é formado pelo doutorando Aguinaldo Silva, da UNESP, a doutora Célia Alves de Souza; o mestre Alex Jorge da Silva e Davi Rezende de Freitas da Unemat e o engenheiro Adilson Domingos dos Reis, da UFMT. O trabalho realizado em 2006, quando a barranca do rio ainda estava a 60 metros da rodovia, teve como objetivo verificar a dinâmica da margem, através de avaliação do processo erosivo. De acordo com os pesquisadores, uma série de fatores contribui para o aumento gradativo da erosão marginal e, conseqüentemente o avanço do rio para a rodovia. Entre eles: a velocidade da correnteza e, principalmente, a ação humana, decorrente das ondas provocadas pelas embarcações que, automaticamente, aceleram o processo de solapamento ocasionando desta forma a queda dos blocos. Soma-se a isso, conforme os estudos, o fato do solo possuir maior quantidade de areia na base facilitando o desmoronamento ou deslizamento do barranco. O estudo foi monitorado em três segmentos entre a ponte Marechal Rondon e o entroncamento da BR-070. No segmento I a margem côncava do rio apresentou uma forma íngreme retilínea com altura de 2,70m. Nesse local, da ponte ao 2º pontilhão da rodovia, atualmente, a água está a 15 metros do asfalto. Além da velocidade do fluxo e das ondas das embarcações, a erosão nesse ponto é contribuída também pela ação de pescadores ribeirinhos que retiram a vegetação para fazer trilhas próximas ao barranco. No segmento II na mesma área, constata-se que a vegetação nativa próximo sofreu alterações por parte de pessoas que fazem a limpeza do local, que são utilizadas para o trânsito diário. A mesma razão foi apontada nos estudos nos segmentos III e IV. Pelos levantamentos nas áreas pesquisadas, chegou-se a conclusão de que a erosão marginal no rio Paraguai ocorre de forma intensa durante o período úmido como também durante a estiagem. Atribuem que o domínio da erosão na margem direita indica que o rio Paraguai provavelmente está sujeito ao efeito de movimento das placas tectônicas recente, que teria provocado um basculamento para oeste, fazendo com que os processos erosivos estejam mais atenuantes nessa margem. Na avaliação dos pesquisadores, a área monitorada apresentou uma taxa de erosão alta com alguns pontos variando de 3 a 5 metros de recuo, em direção a rodovia. Em virtude de a área estar localizada próxima a BR-174, segundo eles, torna-se fundamental o desenvolvimento de um planejamento visando à construção de pontes, tendo em vista que a margem direita do rio já se encontra a menos de 20 metros do aterro. Observam que, levando-se em consideração a alta taxa erosiva e o local ser um ponto de extravasamento da água, o canal pode vir a mudar de curso e em virtude desse fator erodir todo o aterro e conseqüentemente a rodovia provocando prejuízos econômicos e sociais incalculáveis para toda a região. Além do alerta, os pesquisadores recomendam para realização de um trabalho de conscientização junto à população quanto a sua participação no processo erosivo, bem como o perigo que as margens apresentam por não serem estáveis e estarem constantemente solapadas, o que facilita a queda dos blocos, podendo assim ocasionar acidentes aos freqüentadores do local.
 
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