Jornal Oeste

Um levantamento realizado nas unidades de saúde aponta que, cerca de 500 pessoas, entre idosos e crianças, estariam na fila de espera para cirurgia de catarata, em Cáceres. A revelação foi feita, nesta semana, pela vereadora Valdeníria Dutra Ferreira, ao informar que está recorrendo ao governo do Estado, solicitando ajuda para o socorro dessas pessoas que estariam na eminência de perderem a visão. Os motivos são vários, mas, principalmente, segundo ela, a falta de atendimento nas clínicas especializadas, em razão da suspensão das autorizações dos procedimentos, pela Secretaria Municipal de Saúde, há mais de 8 meses. O médico oftalmologista Odenilson José da Silva, proprietário da Clínica COC, admite a suspensão das cirurgias, desde julho do ano passado. “Percorremos os postos, as clínicas e as unidades de saúde em geral. O que encontramos é um quadro desesperador para as pessoas mais humildes que necessitam de tratamento pelo SUS. Existem cerca de 500 pessoas, entre idosos e crianças, necessitando de cirurgia de catarata, mas não conseguem” afirmou lembrando que já está recorrendo ao Estado, através da Secretaria de Saúde, solicitando ajuda para a situação vivenciada em Cáceres. “Alguém tem que fazer alguma coisa. Não podemos deixar essas pessoas perderem a visão” lamentou. O caos na saúde pública municipal se verifica em vários setores. Além da falta de atendimentos para pacientes com problemas de cataratas, na Clínica Uroclin, do médico urologista, José Esteves de Souza Júnior, a informação é de que, somente nos meses de janeiro e fevereiro, deste ano, pelo menos, 60 pacientes estão na fila de espera para litotripsia - tratamento de cálculos renais, alguns inclusive, em estado grave, com o risco de perder a função renal. Situação semelhante se constata nos laboratórios de exames. No Laboratório São Lucas, do bioquímico Álvaro Américo Sabatine Rocha, a informação é de que, desde julho de 2013, uma média de 80 exames diários, equivalente a cerca de 1.600 exames mês, deixaram de ser realizados pela SUS em razão da suspensão determinada pela Secretaria Municipal de Saúde. Entre eles, de urina, sangue, hepatite, sífilis, glicose, colesterol, HIV, uréia e de pré-natais. “Os exames deixaram de ser realizados por orientação da secretaria municipal, até que seja normalizada a situação, com a contratação das empresas” afirma Álvaro lembrando que, com a suspensão, além dos exames normais, cerca de 150 gestantes estão ganhando neném sem a realização dos exames pré-natais. A suspensão dos procedimentos já foi denunciada ao Ministério Público Estadual (MPE) pelo médico José Esteves. No documento encaminhado ao MPE, ele afirma que os procedimentos foram suspensos, desde junho, mês em que o município encampou-se a Gestão Plena de Saúde. “Os procedimentos não estão sendo realizados sob alegação de que deverá existir um processo licitatório prévio. E, que antes disso, nenhum caso deverá ser executado sem autorização. Uma penalidade desumana, principalmente, para a população de baixa renda que necessita da saúde pública municipal” afirma. A administração não confirma. Contudo, informações extra-oficiais são de que, existem à disposição na conta da Secretaria Municipal de Saúde, cerca de R$ 6 milhões. De acordo com o portal “Saúde com Transparência” do Ministério da Saúde, somente para procedimentos de média e alta complexidades, em 2013, o Ministério da Saúde, liberou para a Secretaria de Saúde, em Cáceres, R$ 1.203.59,00. E, no primeiro mês de 2014 já foi liberado R$ 357.272,96. Por outro lado A secretária municipal de Saúde, Carla Pina, informa que a situação já está sendo normalizada. Diz que, todo processo do “Chamamento Público” para contratação das empresas para prestar os serviços estão, praticamente, concluídos, mas aguarda liberação do procedimento pela Procuradoria Geral do Município (PGM). “Estamos aguardando a deliberação da PGM. Creio que, nas próximas horas, estaremos realizando o chamamento público para que as empresas interessadas em prestar os serviços se inscrevam. E, atendendo aos quesitos legais estarão se habilitando para o trabalho” garantiu.