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02/01/2014 - 11:15

Domenicano do Mais Médicos diz que falta de remédios e exames atrapalha tratamento

Por Carolina Holland

O médico Lenin Reyes Perez, de 30 anos, atende a uma média de 10 pacientes por dia em Cáceres, mas espera aumentar esse número para 25 nos próximos meses. Natural da República Dominicana, ele é um dos profissionais estrangeiros contratados pelo programa Mais Médicos, do governo federal. Ele conta que ainda faltam itens básicos na unidade, como soro, mas diz acreditar que a tendência é melhorar. A Secretaria de Saúde do município confirmou a ausência de alguns remédios e afirma que será feito novo pregão para compra. Logo depois de formar-se em medicina em Cuba, aos 26 anos, Perez mudou-se para a Venezuela, onde fez especialização em atenção básica e mestrado em engenharia de clínica hospitalar. Ainda naquele país, ele ficou sabendo, por meio de colegas brasileiros da graduação, do programa brasileiro e resolveu tentar. Deu certo. Chegou ao Brasil em novembro e começou a atender na cidade mato-grossense, segund ele, no dia 1º de dezembro. O médico trabalha no Posto de Saúde da Família Vista Alegre, que abrange três bairros. Todos pobres, segundo o profissional. Ele diz que muitas pessoas deixam de fazer os tratamentos porque não têm dinheiro para comprar os remédios necessários. “Tenho pacientes com úlcera e algumas insuficiências, por exemplo. Fomos até as farmácias pedir para que colaborassem, para que essas pessoas pudessem comprar remédios mais baratos”, disse. E a carência vai além de medicamentos. “A população estava há um ano, ou mais, sem médico. E os últimos que trabalharam aqui tinham contrato de 20 horas semanais. Isso impede de fazer atendimento mais elaborado, de acompanhamento de doenças”, afirma. Pelo Mais Médicos, o contrato é de 40 horas semanais, sendo 32 de trabalho e o restante para estudos. Dentro do posto, onde trabalham Perez, uma enfermeira, uma técnica em enfermagem e dois colaboradores, a situação também não é das melhores. Conforme o médico, faltam remédios, soro, curativos. E exames mais básicos, como hemograma, são feitos normalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outros, porém, como o lipidograma, só são realizados pela rede privada - dessa forma, são pagos pelos pacientes. Ainda assim, o dominicano é otimista. “A estrutura física não está adequada ainda, mas a equipe é muito boa. E os remédios que faltam já foram pedidos à Secretaria de Saúde do município”, conta. “A gente compreende que é um programa novo, feito para ajudar a comunidade que mais precisa. Somos médicos do povo”. Casado com uma médica que também faz parte do Mais Médicos e pai de um menino de quatro meses, Perez diz que se adaptou bem a Cáceres. "Lembra muito Barahona, no sul da República Dominicana, minha cidade natal. Principalmente o clima e a comida, com muito arroz e feijão”. Médicos em MT Mato Grosso recebeu 51 profissionais do programa Mais Médicos este ano, de países como Brasil, Cuba, Bolívia e República Dominicana, entre outros. Os médicos foram distribuídos nos municípios de Cáceres, Chapada dos Guimarães, Colniza, Comodoro, Várzea Grande, Cotriguaçu, Nova Nazaré, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda e nos distritos sanitários especiais indígenas do Araguaia, Cuiabá, Caiapó, Xavante e Xingu. Outro lado A secretária de Saúde de Cáceres Carla Pina informou que a pasta enfrentou problemas na entrega de soro e alguns medicamentos, mas não confirmou a falta de curativos. Ela disse que novo pregão será feito em janeiro para a compra de remédios. Também confirmou que a comunidade de Vista Alegre ficou sem médico por cerca de um ano, mas negou que os contratos de 20 horas fossem para os profissionais que trabalharam naquele posto de saúde. A secretária disse ainda que, para o próximo ano, a intenção é que sejam criadas três novas equipes de saúde da família.
 
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