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17/10/2013 - 10:07

Espanhol do Mais Médico diz que esperava uma situação difícil, mas o quadro é bem pior

Por Jornal Oeste

O espanhol José Maria Martin, de 56 anos, primeiro estrangeiro a chegar a Mato Grosso para participar do programa Mais Médicos, do governo federal, começou a trabalhar em Cáceres na última segunda-feira, 14, no Posto de Saúde da Família (PSF) do Jardim Paraíso que funciona provisoriamente em uma casa modesta no bairro Jardim das Oliveiras. A chegada do profissional foi um alivio para os usuários já que há noventa dias não havia médico na unidade. Até ontem, 16, ele já havia atendido cerca de 90 pessoas, uma média de trinta por dia, um volume expressivo segundo as auxiliares que trabalham na unidade que cobre uma população de 10 mil pessoas dos bairros Jardim das Oliveiras, São Luiz e Ponte. Desde que chegou além das péssimas condições do prédio que abriga o PSF e a falta de exames e consultas especializadas, ele vem enfrentando dificuldade com os formulários e a medicação disponível, diferentes da Europa onde trabalhava. Uma das dificuldades enfrentadas pelo médico foi flagrada pelo Jornal Oeste. O aposentado Leopoldo Alcebiades de Jesus, de 79 anos (foto), que se consultou pela manhã e recebeu uma guia para realização de um exame de ultrassom, retornou para informar ao médico que não há vagas para o exame e que ele só poderá ser feito daqui há quatro ou cinco meses. O espanhol lamentou e disse que isso não pode acontecer, pois o paciente faz um tratamento de próstata e é preciso avaliar a situação da doença. ‘Esperava encontrar uma situação difícil, mas é bem pior’, lamentou o médico. Dentre os inúmeros problemas existentes na atual sede do PSF está a falta de limpeza, banheiros e água potável. Localizado em uma rua de terra, o prédio está tomado de lama e mato por conta das chuvas recentes. A situação é critica porque o PSF está sem um servidor para realizar o serviço de limpeza. O único banheiro existente é precário e é usado apenas pelos pacientes. Os servidores tem que recorrer as casas vizinhas ou até suas residências se quiserem irem ao banheiro. Durante a entrevista, Martin revelou que escolheu Cáceres por conta do nome homônimo da cidade espanhola de Cáceres localizada na Extremadura na Espanha. ‘Achei que me daria sorte, mas parece que deu azar’, disparou meio sem querer. Apesar das dificuldades, o médico espera que a situação melhore com a mudança prevista para os próximos dias para um prédio na Avenida São Luiz ao lado da TV Pantanal. Desde fevereiro de 2012, o PSF do Paraíso está fechado para reforma e as informações são de que a obra deve começar ainda este ano. A equipe do PSF é formada por uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, dois agentes de saúde. Atualmente, os quatro servidores efetivos da unidade estão afastados, por iniciativa própria. Hospedado no Hotel Porto Bello, até se instalar definitivamente, o médico espanhol está sendo transportado até o local do trabalho por um veiculo da prefeitura. Martin, que nasceu em Salamanca e trocou o salário de US$ 200 mil por ano na Inglaterra, onde trabalhava desde 2010, pelo clima quente do Brasil, para receber R$ 10 mil por mês. Com relação às críticas que ele e os colegas vem recebendo da categoria no País, ele disse que considerar normal. “É normal ter gente que critica. É uma posição de poder muito grande. Trazer médicos de fora tira, de alguma maneira, essa posição. São muitos médicos que vão vir de fora. Isso provoca uma perda de posição de poder”.
 
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