Jornal Oeste

Quando o casal João Bernardo e dona Adélia decidiu deixar o interior paulista, mais precisamente a cidadezinha de Vista Alegre do Alto rumando para o estado de Mato Grosso, isso no longínquo ano de 1962, trazia além das bagagens, os doze filhos, dentre eles o menino então com poucos mais de 13 anos, que não desgrudava do violão ao qual já dedilhava com muita habilidade, era João Batista Bernardo, que posteriormente se tornou o famoso cantor Mato Grosso. A viagem, no entanto, revela Mato Grosso consumiu mais de uma semana desde o município paulista até a inóspita área rural de Cáceres, próximo ao então distrito de Jauru, numa fazenda denominada “Brigadeiro”. Para a surpresa do garoto João Batista ao chegar à área reservada a sua família, descobriu que as cordas do violão que ficaram tensionadas durante a longa jornada se arrebentaram. O cantor conta que ficou muito aborrecido, naqueles tempos tudo era sertão, as estradas eram precárias, as vendas ou bolichos tinham como artigos de primeira necessidade, alimentos e ferramentas para a labuta no campo e ainda utensílios para lida com gado, a dificuldade para arranjar o encordoamento do violão era imensa, consumiu várias semanas, até que conseguiu repor as cordas. E, ali mesmo formou parceria como irmão mais velho o “Jeremias” (já falecido), o nome da dupla e fama deles dois corria nas currutelas da região Oeste, eles mesmos criaram o próprio nome artístico – Planície e Planalto – após quatro anos, em 1966 deixa a área rural muda-se para Cáceres. Em Cáceres o objetivo era dar sequencia na carreira artística, logo passou a integrar uma banda formada por quatro sargentos do Exercito Brasileiro - Arsênio; Mauro; Roger e Neto, esse quinteto era responsavel pela animação dos bailes no clubes Humaitá e UBSSC, Mato Grosso atuava como vocalista, isso nas noites, porque durante o dia alternava entre o trabalho como vendedor na Casas Pernambucanas e participava dos programas da Rádio Club, que tinha como locutores Aderbal Michels, Chico Osmiro; Airton Montecchi e Enio Dorado. Mato Grosso trabalhou também como entregador e balconista na extinta Emaco Materiais de Construção, da empresária Maria de Lourdes Costa Martins, dali saiu sendo contratado por longo período nas Casas Pernambucanas e depois nas Lojas Riachuelo, para atrair a freguesia o gerente promovia shows na Praça Barão do Rio Branco. A unica vantagem, porque cantava de graça,segundo conta Mato Grosso, é que a maioria da clientela o escolhia para as compras. daí as comissões enrgordavam seu salario. Mas, em 1969, com o violão embaixo dos braços e cheio de esperança regressa ao estado de São Paulo se fixando na área central da Capital, onde conheceu o mineiro Matias com quem permaneceu durante 30 anos de parceria profissional, e em 1976 estourou nas paradas de sucessos em todo território nacional com a musica “Pedaço de Minha Vida”, conquistando o primeiro Disco de Ouro. Com a carreira consolidada hoje canta com seu sobrinho Mathias. Durante a sua apresentação na feira agropecuária que se desenrola nesta semana em Cáceres, recebeu homenagens merecidas, pois sempre destacou a cidade Cáceres como seu berço e de onde saiu para trilhar a carreira profissional. Além disso, seus irmãos, sobrinhos de demais parentes estão radicados na cidade mato-grossense de Cáceres.