Jornal Oeste

KEITY ROMA Da Reportagem Uma menina de sete anos de idade morreu ontem em Cuiabá com suspeita de dengue hemorrágica. Essa é a terceira vítima da doença na Capital este ano, que enfrenta um surto de casos com agravamento. Já são 88 ocorrências do tipo notificadas na cidade, 25 delas confirmadas laboratorialmente, e fazem parte de um universo de 229 casos em Mato Grosso, monitorado pelo Ministério da Saúde. O Estado já contabiliza sete mortes causadas pelo vírus em 2009. Ana Laura Frederico de Almeida faleceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e Maternidade Fêmina durante a madrugada de ontem. A criança morava no bairro Verdão, região que possui grande incidência de dengue, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O diretor de Vigilância, Saúde e Ambiente da Pasta, Wagner Simplício, afirma que estão sendo investigados os sintomas e as circunstâncias da morte. O diretor acredita que os principais criadouros do Aedes aegypti no bairro, assim como no resto da cidade, estão nos quintais residenciais, mas não descarta a possibilidade da piscina pública ao lado do Ginásio Aecim Tocantins ser também um ponto de foco da doença. “A piscina está abandonada, extremamente suja e com bichos”, alerta. Simplício informou que em torno de 27% dos casos de dengue notificados em Cuiabá são em crianças de até 10 anos de idade. As outras duas vítimas que morreram na cidade pertenciam a essa mesma faixa etária e ambas moravam no bairro Alvorada. Há 23 dias, o menino Marcelo Teixeira, de 2 anos, chegou a ser internado no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), mas não resistiu. Dois dias depois, o mesmo aconteceu com Luis Henrique de Lima Miranda. O pai de Luis, Antônio Miranda, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Metropolitana contra a unidade de saúde, que teria sido negligente ao negar leito de UTI à criança, que apresentava síndrome do choque da dengue. A falta de UTI no PSMC foi também o que levou Odésio Gonçalves Sabóia a acionar o Ministério Público Estadual (MPE) ontem em busca de um leito para a filha Emilli Sabóia, que também está com suspeita de dengue hemorrágica. Ele chegou de Nova Olímpia (a 207 quilômetros de Cuiabá) com a menina em busca de uma UTI, para a qual já possuía encaminhamento médico. Ao ter o leito negado no PSMC, Odésio procurou o Conselho Tutelar, que deu os encaminhamentos judiciais, conforme relata o conselheiro do Planalto, Devair Ribeiro. O pai obteve a ordem judicial de internação à meia-noite, mas que só foi cumprida pelo município às 13h30. Agora a menina está internada no Hospital Santa Casa de Misericórdia. A assessoria de imprensa da SMS informou que a garota não foi atendida imediatamente pelo fato de não haver leitos de UTI disponíveis, tanto no PSMC, quando na rede conveniada. Oito leitos infantis do Pronto-Socorro estão desativados por falta de equipamentos, que já estariam sendo adquiridos ontem, segundo a secretaria.