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22/06/2013 - 15:16

Meses depois do fechamento da CNEC frei Maurício desabafa

Por Correio Cacerense

O CNEC conforme informou o Frei Mauricio Oomen foi criado em 1945 por Felipe Thiago, em 1982 foi fundada em Cáceres com o objetivo de trazer uma escola que cuidava de crianças do berçário ao pré I e II. Com o passar do tempo o governo Federal obrigou o CNEC a aderir o ensino fundamental, foi quando começaram os problemas disse o Frei Mauricio, após aderirem o ensino fundamental os prejuízos foram muitos, pois a escola era uma entidade filantrópica e recebia incentivo ou seja doações da Holanda, do município através da prefeitura e de doações da sociedade que mantinham as despesas da Creche. Em 2011 após requisitarem junto à direção nacional que extinguissem o ensino fundamental a mesma acatou o pedido voltando assim a CNEC se dedicar somente ao ensino infantil. Quanto a cobrança de mensalidades o Frei esclareceu que eram cobradas taxas e o valor era de acordo com a idade da criança, visto que a entidade atendia o berçário, o maternal e o pré I e II. O frei disse a reportagem que as despesas com funcionários, com água, luz, higiene e outras eram grandes, além de que a instituição tinha que repassar mensalmente 10% de todo valor arrecadado para a CNEC nacional. No ano passado, 2012, veio a ordem através de um oficio encaminhado pela sede administrativa da CNEC, ordenando simplesmente para fechar a entidade com a justificativa de que a mesma não estava dando lucros. Essa arbitrariedade causou grande revolta, pois na época eram atendidas aproximadamente 140 crianças em período integral, que os pais por motivo de trabalho deixavam as crianças confiando em nossos serviços, desabafou o Frei. Diante da ajuda oferecida pela prefeitura municipal e pelas doações do exterior “ como poderíamos explicar que os prejuízos começaram quando fomos obrigados a ter o ensino fundamental”, e só porque pedimos para a direção nacional retirar o fundamental deixando apenas o infantil, não demorou a ordem para fechar a entidade alegando que não dava lucros, se é uma entidade filantrópica como pode dar prejuízos? Sendo que a direção nacional nunca mandou nenhum recurso pelo contrário nós tínhamos que mandar 10% do valor arrecadado” desabafou o Frei. Ele ainda informou que foram fechadas cerca de 70 CNEC em todo pais, e que enviaram um oficio a direção no mês de outubro de 2012 a fim de obter maiores informações mais até o momento nenhuma resposta foi obtida. Confira na integra a carta enviada a direção nacional da CNEC. Ao Sr. Deputado Alexandre José dos Santos DD. Presidente da CNEC Nacional Copia para Maria Luiza - UDR de Cuiabá Prezado Senhor, Com esta carta gostaria de expressar a minha indignação com os acontecimentos referentes a CNEC, principalmente a partir de outubro de 2012. Meu nome é frei Mauricio Oomen, holandês que veio ao Brasil em outubro de 1963. Trabalhei durante 26 anos no ensino em Formosa, Goiás. No final de 1989 fui transferido para a cidade de Cáceres, MT. Em 1982 foi fundada a CNEC em Cáceres sem ter um prédio próprio. Com ajuda financeira da Holanda, e somente da Holanda, conseguimos construir a sede própria que foi inaugurada em 01 de maio de 1992 ( daí o nome da escola Centro Educacional Cenecista 1º de maio) Inicialmente foi uma creche para atender crianças cujas mães deviam trabalhar durante o dia e não sabiam onde deixar seus filhos. A creche, que funcionava integralmente, foi mantida por Holanda, nenhum tostão veio da CNEC Regional ou Nacional. O prédio, móveis, pintura etc. foram financiados com recursos da Holanda (entidades e familiares). Durante estes anos na CNEC tive a felicidade de conhecer pessoalmente em Cuiabá o fundador Felipe Tiago Gomes a quem tenho muita admiração. Aos poucos “a Creche do Frei”, como foi chamado, ganhou nome e a CNEC ficou conhecida e vista com bons olhos em Cáceres. Abrimos mais vagas para maternal e pré. Começamos a cobrar uma pequena taxa para poder custear as despesas para assim poder andar com as próprias pernas. Só com educação infantil seria possível. Em 2005/2006 fomos “obrigados” a abrir o ensino fundamental. Expressamos as nossas dúvidas. A concorrência em Cáceres é grande e as vezes desleal. Os nossos protestos não adiantavam e começamos com 1º ano com 8 alunos até o 5 ano sucessivamente. Isso continuou até 2010. Tivemos uns 40 alunos no ensino fundamental. Com a inadimplência começaram as dificuldades. Sentimos na pele que não ia dar certo e deu o que deu. Cada vez mais senti que fomos julgados a distancia, sem diálogo sem pedir opinião, sem nenhuma ajuda financeira por parte da CNEC. CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLA DA COMUNIDADE, nome bonito , mas na prática não funciona. A procura para berçário e maternal continuou grande (tempo integral). A pressão a respeito do ensino fundamental cresceu. As planilhas custo/benefício de cada sala, mostraram claramente que nós tivemos razão em não querer ensino fundamental. Em 2011 tivemos uma visita do nosso Superior frei Bram e seu assessor frei Eduardo. Em março de 2011 convocamos uma reunião em Cáceres junto com a senhora Cleoni Bueno e a prof. Maria Luiza, as duas representando a CNEC regional. Em ata foi registrado que a partir de 2012 a CNEC Cáceres, ia continuar somente com educação Infantil .(a ata desta reunião com assinaturas dos participantes encontra-se em Cuiabá) Em agostos de 2011 fui em férias para Holanda e quando voltei em outubro encontrei uma carta circular de Brasília que declarou o fechamento de várias unidades, inclusive a unidade de Cáceres. A unidade não era mais viável, sem lucratividade. Uma decisão unilateral feita de uma distancia de 1200 km. Sem direito à reclamação, á diálogo, à defesa. Simplesmente a ordem foi dada à Maria Luiza: fechar e acabou. Não houve preocupação com a vaga dos alunos, os pais não foram consultados, 16 funcionários sem emprego, nenhum diálogo com a direção, foi um choque muito grande para mim que trabalhei 20 anos como voluntários para a CNEC. Para não prejudicar alunos e professoras, consegui em varias reuniões com pais, tanto na escola quanto no Instituto Santa Maria (colégio dos freis), passar muitos alunos para o I.S.M. e consegui emprego para algumas funcionarias. O material que recebi da Holanda foi vendido pela CNEC ao I.S.M. e APAE. Minha primeira reação foi de indignação, de largar tudo, sem mais me preocupar com prédio, terreno, moveis etc... mas em consideração aos meus familiares e doadores que trabalharam 20 anos junto comigo para manter esta obra, continuei a dar atenção e ajudei a dar um fim digno a essa obra. Fizemos o máximo para que o prédio fosse alocado e/ou vendido para que pelo menos o dinheiro recebido de donativos da Holanda não fosse em vão. O primeiro que deu uma tentativa foi a prefeitura de Cáceres, que sempre nos ajudou nas dificuldades. Resposta negativa. Sempre com as mesmas desculpas: o patrimônio vale mais. Se o patrimônio vale tanto, porque a CNEC nunca se deu ao trabalho para ajudar nas dificuldades, porque dinheiro para isso a CNEC tem. Agora com a entidade fechada, prédio deteriorando, acumulando sujeira etc. Assim que Vossa Ex. dá valor ao patrimônio? Segunda opção: escola Batista. A partir de julho a escola Batista iria alugar o prédio, pagar a luz e água, manter o prédio e terreno limpos, sem ainda ocupá-lo. Em 2013 eles ocupariam o prédio com opção de compra no futuro. A escola ofereceu R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) por mês, preço que a escola também paga no prédio que ocupa agora, quantia que a CNEC não aceitou por ser muito pouco, oferta que subiu depois para R$ 2.800,00. Novamente aquela conversa que o patrimônio valia muito mais etc. A escola Batista insistiu e aí começou a enrolação:. “ Ainda não tem resposta porque o deputado está viajando” “ Esta semana o deputado não vai despachar”. “ A oferta da escola Batista é baixa,” mas se esqueceu que em Brasília, Capital do Pais, os preços são bem diferentes dos preços numa cidade no interior de Mato Grosso. A escola Batista precisava decidir sim ou não e optou pelo não, 0por não ter condições financeiras de assumir outra proposta. Infelizmente a CNEC perdeu uma oportunidade de dar sentido e continuidade a um patrimônio construído com tanto sacrifício, luta e boa vontade. Acho que escola Batista e eu merecíamos um tratamento mais humano, mais a altura dos princípios que a CNEC prega. Afinal ajudamos a resolver a situação e a procurar uma solução. Porque a CNEC não se esforçou para “salvar estas 70 entidades que foram fechadas no País sem mais nem menos? Não dava “lucro” suficiente? Agora a unidade está abandonada, suja, sem utilidade nenhuma. Finalizando esta minha carta, espero que pelo menos agora receba uma resposta pessoal e que esta carta não será tratada como lixo. Atenciosamente Frei Mauricio Oomen – ex-voluntário da CNEC Cáceres, outubro de 2012.
 
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