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18/04/2013 - 18:01

Autoridades repudiam publicação que diz que Cáceres foi fundada por índios, freiras e lésbicas

Por Expressao Noticias

Autoridades de Cáceres reagiram com indignação às ofensas e deboches publicados sobre a cidade na apostila que conta a história dos municípios mato-grossenses, distribuído em um curso de capacitação, oferecida pelo governo do Estado, visando a Copa de 2014, em Cuiabá. Entre as asneiras descritas na apostila consta que a cidade foi fundada por "um grupo de excomungados gatos de botas que carregavam bandeiras, índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias e fugitivos de um circo de horrores holandês”. “Isso é uma aberração. Quem escreveu será responsabilizado. Estamos estudando um meio de ajuizar uma ação por reparação de danos contra a empresa que editou a apostila” afirmou o prefeito Francis Maris Cruz. Presidente da Câmara Municipal, vereador Alvasir Alencar, cobra uma explicação sobre a publicação do livro. Ele informou que, ainda ontem estaria protocolando um documento assinado por todos os demais vereadores exigindo do governo ou da empresa responsável pelo material, uma retratação imediata do que classificou de afronte. “Isso é um verdadeiro afronte contra a nossa cidade, que já sofre por falta de estrutura. Não aceitamos a justificativa do governador de que teria ocorrido uma sabotagem. Queremos uma retratação publica” diz afirmando que, além de Cáceres, as demais cidades – Poconé, Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço, que foram citadas e tiveram o nome denigridos pela publicação estão unidas e irão cobrar uma explicação convincente sobre o caso. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subsecção de Cáceres, o advogado Eduardo Sortica, informou que a ordem reúne-se, em sessão extraordinária, nas próximas horas, para decidir que tipo de ação deverá tomar para responsabilizar os culpados. “A OAB de Cáceres repudia a atitude de quem escreveu ou patrocinou essas baboseiras. Vamos estudar uma forma de responsabilizar judicialmente os culpados”. Reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), professor Adriano Silva, também condenou o teor da publicação. “Cacerense e reitor da universidade do Estado, não posso deixar de não condenar uma atitude grosseira e irresponsável como essa. A Unemat e toda comunidade acadêmica repudia essa publicação que maculou a imagem de nossa cidade de forma torpe, mentirosa e totalmente desnecessária” afirmou. Abaixo a reportagem publicada por Pollyana Araújo do G1- MT A história dos municípios mato-grossenses foi completamente distorcida em um livro usado em um curso de capacitação gratuito oferecido pelo governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas), visando a Copa de 2014, em Cuiabá. A cidade de Cáceres, por exemplo, de acordo com o livro, teria sido fundada por "um grupo de excomungados gatos de botas que carregavam bandeiras, índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias e fugitivos de um circo de horrores holandês". A apostila era usada por alunos do curso de qualificação para atendente em hotelaria e turismo. Responsável pela ministração do curso e confecção dos livros, o Instituto Concluir, com sede em Cuiabá, informou ao G1 que acredita se tratar de uma 'sabotagem' supostamente cometida por uma ex-funcionária da instituição após ser demitida. "Todo material é revisado por uma equipe técnica do instituto antes da impressão. Acreditamos que por ter sido demitida essa funcionária fez isso", alegou o diretor da instituição, Aroldo Portela. Ele disse que, após descobrir o erro, as apostilas foram recolhidas. "Já estamos sanando os erros e encaminharemos outros livros aos alunos para que não sejam prejudicados", afirmou. Ele disse ter instaurado um procedimento administrativo para apurar a irregularidade, assim como o responsável por cometê-la. "Não passou de um grande engano. Agora, nosso objetivo é corrigir o erro", enfatizou. Foram identificadas distorções sobre as histórias de Cáceres, Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger e Poconé, localizados na Baixada Cuiabana. A Secretaria de Trabalho e Assistência Social do Estado informou, por meio de assessoria, que irá tomar todas as medidas necessárias em relação à empresa contratada para ministrar o curso, bem como evitar que esse tipo de falha possa ocorrer novamente. Sobre Barão de Melgaço, o livro diz que se trata de um pântano, com apenas 2,5% de terra firme. "De acordo com lendas passadas de geração em geração, a primeira habitação naquele “c.. de mundo' foi feita por um tal de Lourenço Tomé em meados do século XIX, que cuidava de uma pequena roça produtora de sanguessugas medicinais". O município também é chamado, no livro, de 'atoleiro inóspito' e de 'porcaria'. "Povoado tornou-se município em 1953, porque é tão longe de Cuiabá que nem se deram ao trabalho de tornar essa porcaria num distrito da capital. Atualmente é só mais um fétido brejo no oeste do Brasil", diz outro trecho da apostila, com a qual os alunos vinham estudando há cerca de 15 dias. O curso visa capacitar profissionais para atuar no setor hoteleiro de Cuiabá e das cidades situadas no entorno da capital durante a Copa de 2014. Na história de Santo Antônio de Leverger, o livro traz ofensas ao Pantanal e aos paulistas, chamados de ignorantes. "Povoado que surgiu lá pelo século XIX quando bandeirantes paulistas ali chegaram e se depararam com uma vasta beleza natural e diversidade ecológica, e então falaram 'Que porra de Pantanal o quê? Nós viemos aqui para pegar ouro' (...) A grande atração de Santo Antônio de Leverger são os paulistas ignorantes que erraram o caminho para ver o Pantanal de Barão de Melgaço e acabaram indo parar em Santo Antônio de Leverger". Além da suposta fundação por "índios e freiras lésbicas", Cáceres teria em sua história, conforme o livro, supostamente a morte de 40% da população no século passado por conta de uma praga. "Todavia nem tudo são flores, pois em 1970 uma praga destruiu todos os pés de manga da região, o que resultou num período de fome que matou 40% da população da época". Entre os fundadores da cidade, localizada às margens do Rio Paraguai, também estariam 'aventureiros, meretrizes e muambeiros', que teriam sido seduzidos pela abundância em ouro e ficado presos para sempre'. "Turistas também vão conhecer Cáceres por esta ser nacionalmente conhecida como a capital universal da poeira", diz outra parte do livro, distribuído para aproximadamente 40 alunos. Na apresentação do livro, a secretária de Assistência Social de Mato Grosso, Roseli Barbosa, destacou que a intenção do curso era propiciar conhecimento aos alunos. "Sabendo que a qualificação profissional é um dos instrumentos para a inclusão e ascensão social, estamos oferecendo a você este curso, que propiciará novos conhecimentos, com o propósito de inseri-lo no processo produtivo de Mato Grosso", consta em trecho na abertura do livro.
 
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