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19/07/2012 - 09:58

Estudantes brasileiros na Bolívia denunciam precariedade do transporte San Matias/Cáceres

Por Expressao Noticias

Um grupo de 42 estudantes brasileiros dos cursos de Direito e Medicina, na Bolívia, viveu um verdadeiro pesadelo, em uma viagem de férias, ao Brasil. Aconteceu de tudo, desde serem amontoados em um micro-ônibus, com capacidade de 19 passageiros; obrigados ajudar a ludibriar a fiscalização, abaixando para passar pela barreira da Polícia Rodoviária Federal, para que o veículo não fosse apreendido, até o transtorno de alguns perderem as passagens, já reservadas, para outros destinos, por chegarem com atrasos em Cáceres. A “viajem inesquecível” ocorreu na semana passada. A “via-crúcis”, conforme um documento enviado ao Jornal Expressão, assinado pelo acadêmico do curso de Direito, Iran Pascoal, se verificou no trajeto entre San Matias/Cáceres. Em razão da proibição da entrada de taxis bolivianos ao Brasil, o grupo foi obrigado a viajar em um micro-ônibus da empresa Corixa, que faz linha Cáceres/San Matias. O que os estudantes não sabiam era que o veículo tinha capacidade de transportar apenas 19 passageiros. Diante da necessidade de se chegar ao destino, conforme o estudante, foram obrigados a se “amontoarem” no reduzido espaço do veículo, em péssimas condições de trafegabilidade. Além disso, de saída, a menos de 10 quilômetros, o excesso de peso fez com que um dos pneus traseiros do micro-ônibus estourasse. “Quando o motorista foi fazer a troca, observamos que o pneu estava em péssimo estado, mostrando nitidamente os arames da banda de rodagem. Mas ele teve que usar esse mesmo porque, o único estepe que havia estava pior que os demais”, conta Pascoal afirmando que a troca do pneu durou três horas e quarenta minutos. O estudante lembra que durante o tempo em que os passageiros esperavam pela troca do pneu, o motorista telefonou pedindo socorro à empresa. Ele pedia para que mandasse uma van ao encontro do micro-ônibus para retirar 16 passageiros para que ele pudesse passar pela barreira da PRF sem ser apreendido. Afirma que o pedido do motorista foi atendido. Diz que foram colocadas 16 pessoas na van e 26 passageiros continuaram no micro-ônibus, sendo 19 sentados e 7 em pé que foram orientadas, pelo motoristas, a se abaixarem para que não fossem vistas quando passassem na barreira da PRF, instalada na BR-174 próximo a Cáceres. “Chegou-se ao cúmulo de, mesmo pagando termos que contribuir com uma ilegalidade” conta o estudante lembrando que a viagem de San Matias à Cáceres durou cerca de 5 horas, trajeto que em condições normais dura pouco mais de uma hora. Apesar de tudo o pior, segundo ele, ainda estava por vir. Pascoal conta que, além de todo transtorno e pelo atraso de mais de três horas, muitos estudantes que estavam com passagens marcadas para outras cidades, perderam. E, por isso, segundo ele, indignado com a situação vivenciada o grupo indaga: “somos estudantes, com vida limitada dinheiro escasso, queremos que as autoridades brasileiras olhem mais para os nossos direitos. Até quando seremos explorados. Queremos um tratamento mais digno”. Por outro lado Diretor da Corixa Turismo, o empresário Elias Gonçalves Pereira, confirma o acontecimento. Porém, segundo ele, foi um “fato isolado” e que a empresa não compactua com atitudes como essa. “Realmente isso aconteceu. Mas, a empresa não apoia esse procedimento, foi um fato isolado” diz atribuindo ao motorista a responsabilidade pelo acontecido. “O motorista que trabalhava no dia errou ao permitir que o veículo transportasse além do número de vagas, mas ele já foi demitido” diz. Embora se isente de culpa, o empresário diz que foi informado de que “alguns dos passageiros pressionaram para que o motorista embarcasse todos, para que não ficasse ninguém na fronteira. O motorista errou em ceder, mas ele não tinha outra alternativa” disse. Mesmo assim, conforme Elias Pereira, a empresa pede desculpa aos usuários da linha garantindo que fatos como esses não mais irão acontecer. Por sua vez, a Polícia Rodoviária Federal, diz que tem informações de que algumas empresas que fazem a linha nesse trajeto, realizam constantemente esse procedimento. “Temos informações de que algumas passam pelo posto da PRF com a lotação normal. Porém, mas adiante, fora da fiscalização, geralmente pegam passageiros de outros veículos da mesma empresa e segue rumo ao destino superlotado” diz Reginaldo Ferreira, chefe de policiamento da PRF, no município, afirmando que a PRF estará intensificando a fiscalização para coibir esse tipo de irregularidade. O policial diz que, no caso dos estudantes brasileiros, o erro foi deles, porque jamais poderiam compactuar com a ilegalidade atendendo a orientação do motorista para se abaixarem na passagem pelo posto. “Ora alguém teria que ligar ao posto informando o acontecido que o veículo seria autuado e apreendido na hora. Como poderíamos saber se havia alguém abaixado com o veículo em movimento. A falha foi deles” explicou.
 
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