Jornal Oeste

O inverno deste ano promete ser difícil para os brasileiros da região do Pantanal, no Centro-Oeste. A temporada de chuva de 2012 não garantiu reservas para o período de estiagem. A beleza pantaneira esconde um drama: lagoas secas e gado amontoado em volta dos açudes. Esse ano choveu pouco durante o verão e praticamente não teve cheia na região do Rio Negro, entre Aquidauana e Corumbá, em Mato Grosso do Sul. As praias e bancos de areia já aparecem no meio do Rio Negro em pleno período de cheia. No ano passado, na mesma época, a imagem era de uma ponte da Barra Mansa submersa. O gado vagava sem rumo na imensidão inundada. Foi quando acompanhamos os fazendeiros resgatando os animais ilhados. Eles ainda somam o prejuízo: 1,3 mil animais perdidos. “Bezerro mesmo, 900 não sabe pra onde foi”, conta produtor rural Daniel Rondon. Se no ano passado a cheia tirou o sono dos pantaneiros, esse ano o problema é a falta de água. Os peões levam 225 cabeças pelas estradas para outra fazenda em busca de capim. O pasto também está secando. As nuvens carregadas no céu anunciam uma chuva que não vem. Em uma propriedade não chove forte há três meses. Um reservatório foi construído há 51 anos e é a primeira vez que fica praticamente seco. Ainda tem todo o inverno seco pela frente, quando normalmente não chove no Pantanal. Os nove açudes da fazenda estão só com barro, e a água do poço não dura duas semanas. Onde o gado pasta é uma vazante, lugar que acumula água. Para não ter muito prejuízo, seu João vai vender bezerros e bombear água de outros poços da propriedade, porque a estiagem no Pantanal sempre vai até setembro. “Há 40 anos que vivo aqui. Nunca vi um mês seco como está hoje”, comenta.