Jornal Oeste

Dezesseis dias após a confirmação do primeiro caso de dengue tipo 4 (DEN 4) em Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) informa a circulação do novo vírus em 3 municípios. Além de Grande, local da primeira infestação, o DEN 4 está, com certeza, em Cuiabá e na região de Diamantino, especialmente no município de Nobres (146 km a médio-norte da Capital). Por ser um vírus considerado novo, todas as pessoas, mesmo aquelas que já contraíram a doença, estão sujeitas à contaminação. Com isso, o risco de surto torna-se ainda maior. Há uma grande possibilidade de que o DEN 4 também esteja em cidades como Sinop (500 km ao norte da Capital), Juara (709 km a médio-norte da Capital), Colíder (650 km ao norte da Capital) e Sorriso (420 km ao norte da Capital), locais onde houve grande aumento no número de notificações. O Superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Oberdan Ferreira Coutinho Lira, explica que todas as vezes em que há “troca” do vírus predominante, ou um novo vírus, há risco de epidemias porque parte da população não está imune a ele. Além disso, casos graves podem aumentar porque estão relacionados a sucessivas infecções por diferentes vírus da doença. A enfermeira membro do grupo de Vigilância Epidemiológica da SES, Cláudia Nazário, destaca que o trabalho de monitoramento realizado em municípios próximos à divisa de Mato Grosso com outros estados foi aumentado. “Estamos preparados para uma epidemia como em 2009, especialmente agora com o surgimento da DEN 4. Há um grande receio de que haja, neste ano, o aumento no número de notificações”. Além da circulação do novo tipo da doença em outras cidades, a secretaria divulgou que em apenas duas semanas, mais 912 casos de dengue foram notificadas em Mato Grosso. Neste ano, o Estado já possui 3.182 pessoas infectadas, sendo 13 em caso grave. Uma morte ocorrida este ano ainda está sob investigação. Na Capital, onde há pelo menos 18 mil focos de proliferação do mosquito Aedes Aegypt, causador da dengue, houve a notificação de 251 casos de dengue, sendo 4 de casos graves. Em Várzea Grande a notificação é de 245 casos de dengue. O município com maior incidência hoje é Sinop, com 561 pessoas infectadas. Para Nazário, a única forma de conter uma eventual epidemia passa pela conscientização das pessoas, uma vez que o mosquito se reproduz em lugares onde há água limpa e parada, geralmente objetos jogados pelas pessoas ou guardados inadequadamente. Para se ter uma idéia, estimativa da Secretaria Municipal de Saúde aponta que dos focos existentes hoje, 85% estão situados nos quintais das residências. Os principais cuidados são manter as caixas d’água, tonéis e barris, ou outros recipientes que armazenam água, totalmente tampados e limpos lavando-os com escova e sabão semanalmente, desentupir as calhas para evitar que a água da chuva fique acumulada nas lajes e cobrir de areia pratinhos dos vasos de planta. O lixo deve ser acondicionado em sacos plásticos fechados. Para evitar que o lixo pós-carnaval vire foco de infestação da doença, a SES trabalha em parceria com prefeituras no sentido de recolher os objetos deixados por foliões. “Nos próximos 20 dias, as ações de combate à dengue devem ser intensificadas, principalmente nos lugares onde foram realizadas festas de carnaval”, alerta Lira. Em 2011, foram notificados em Mato Grosso 10.088 casos, sendo 42 casos graves de dengue, 6 óbitos de pessoas vítimas da doença confirmados.