06/12/2011 - 09:05
Com Exército “batendo em retirada”, Silval insiste Forças Armadas na fronteira
Por Edilson Almeida
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, defendeu que o Congresso Nacional discuta a mudança da Constituição Federal para que as Forças Armadas possam atuar permanentemente na zona de fronteira. A proposta é antiga e vem desde o já falecido governador Dante de Oliveira, que chegou a tratar os militares como “parasitas”. Na época, houve resistência e a proposta acabou não avançando. A proposta de Silval foi feita durante solenidade que contou coma presença do vice-presidente da República, Michel Temer, o ministro da Defesa, Celso Amorim, autoridades militares e estaduais.
Em seu discurso, durante a instalação do Gabinete de Gestão Integrada-Fronteira (GGI), que une as forças federais e estaduais, ao lado de entidades, para enfrentar o crime organizado na fronteira, Silval foi mais polido no pedido que se antecessor. Do alto da condição de autor das emendas das Diretas-já e da luta contra a ditadura miltar, Dante era crítico feroz do comportamento dos militares. Dizia que enquanto o tráfico de drogas “deita e rola” na fronteira, os militares fazem exercício físico do Batalhão de Fronteira e, na folga, jogavam futebol.
Na semana passada, o chefe do Comando Militar do Oeste (CMO), general João Francisco Ferreira, disse para 24 Horas News que o emprego do Exército, Marinha e Aeronáutica nesse tipo de ação “não pode ser permanente” porque contraria a legislação. Ele disse que a permanência das forças armadas, na região da fronteira, para combater crimes transnacionais, como tráfico de drogas, roubos de veículos, descaminho e contrabando, como defende algumas autoridades, está descartada. Em outras palavras, "batendo em retirada", no linguajar militar.
Silval relatou que na fronteira seca de Mato Grosso com a Bolívia, numa faixa de 700 quilômetros, entra cerca de 70% das drogas, em especial a cocaína, distribuídas no Brasil. “Vejo que o passo maior é enfrentar no Congresso a alteração da Constituição Federal que permita que as Forças Armadas atuem permanentemente na fronteira”, disse Silval.
Antes da assinatura do Plano Estratégico de Fronteira e da instalação do GGI-Fronteira, a cúpula do Exército Brasileiro fez uma palestra técnica sobre os resultados da Operação Ágata III, desenvolvida nas últimas duas semanas na zona de fronteira com a Bolívia e que envolveu forças nacionais e estaduais.
O governador disse que os resultados da operação foram amplamente positivos. “Na apresentação vi os resultados apresentados pelo General Bernardes e deu para perceber não só a sensação de segurança na região de Cáceres, mas até em Cuiabá [capital do Estado]. Quero agradecer a todos os que participaram desta operação”, afirmou, enfatizando que era uma grande honra receber no Estado o vice-presidente e os líderes militares.
Silval lembrou que esteve em Brasília participando do lançamento do Plano de Segurança na Fronteira, ocasião em que a presidente Dilma Rousseff delegou ao vice-presidente Michel Temer a missão de coordenar as ações. “Sei da sua difícil missão, mas sei também da sua experiência e competência. Pode contar com a parceria de Mato Grosso”, destacou o Governador.
A presença das forças nacionais na fronteira durante a Operação Ágata, segundo o governador, “incomoda” os traficantes que não veem a hora que a operação termine. “Só que aí eles vêm com mais força”. Ao justificar a presença permanente das Forças Armadas, Silval disse que a Operação Gênesis, anterior a Operação Ágata, reprimiu a ação dos traficantes de armas e drogas. Mas assim que acabou, graças à ação da Operação Sentinela, com homens da PF e PRF, cresceu a apreensão de drogas e armas.
“Em 2010 foram seis toneladas de drogas, e até agora as apreensões já se aproximam de seis toneladas”, relatou. Para o governador, a presença constante das forças dificultaria as ações, diminuindo a entrada de drogas e armas.
A solenidade realizada nas instalações do 2º Batalhão de Fronteira aconteceu depois que o vice-presidente Michel Temer, o governador Silval Barbosa e o ministro da Defesa, Celso Amorim, realizaram um sobrevôo de helicóptero na faixa de fronteira. Além do chefe do Estado Maior do Exército, general Enzo Martins, participaram o prefeito de Cáceres, Túlio Fontes, os deputados federais Carlos Bezerra, Pedro Henry e Valtenir Pereira, os deputados estaduais Airton Português, Walter Rabelo, os secretários estaduais Diógenes Curado (Segurança Pública), José Lacerda (Casa Civil), Osmar de Carvalho (Comunicação Social) além de outras autoridades.