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22/06/2009 - 00:00

Médicos derrubam 57 mitos transmitidas de geração para geração sobre o corpo e as doenças

Por Jornal Oeste

Terra Elas são tão antigas que ninguém mais sabe quando ou por que surgiram. Mas o fato é que dezenas de ideias equivocadas sobre nosso corpo e nossa saúde permanecem ano após ano em uma lista de verdades absolutas - sem que tenham qualquer fundamento. São falácias como a recomendação de que se deve consumir oito copos de água por dia ou então que é preciso cortar o cabelo para que os fios cresçam mais fortes. E Aaron e Rachel derrubam conceitos seguidos por médicos Agora, um livro que acaba de ser lançado nos EUA se propõe a derrubar alguns dos mais populares desses mitos da medicina. Intitulada "Don t Swallow your Gum - Miths, Half-Truths and Outright Lies about your Body and Health" (Não engula o seu chiclete - mitos, meias verdades e mentiras sobre o corpo e a saúde), a obra foi escrita pelos pediatras Aaron Carroll e Rachel Vreeman e será publicada no Brasil no próximo semestre. Professores da Universidade de Indiana, eles escreveram o livro depois do frenesi causado na comunidade médica pelo artigo de sua autoria Medical Myths Even Doctors Believe (Mitos da medicina nos quais até os médicos acreditam), publicado no British Medical Journal em dezembro de 2007. "Os médicos têm resistência em reconhecer que estão errados, mesmo com as evidências provando o contrário", afirmou à ISTOÉ Carroll. "Houve tanta repercussão que decidimos publicar o livro", disse Rachel à ISTOÉ. Para julgar a validade das afirmativas, os autores contrastaram as principais crenças com a literatura médica. Segundo a dupla, a sobrevivência de mitos ocorre pela confusão que se faz entre os conceitos de "causa" e "associação" na pesquisa médica. "Quando um fato está associado a um sintoma, não quer dizer que gere o sintoma", explica Rachel. É o caso da ideia de que tempo frio causa resfriado. Ele não causa, mas como o resfriado, por outras circunstâncias, é mais comum no inverno, a sabedoria popular criou uma verdade por associação. Portanto, é natural que você já tenha acreditado em muitas das sentenças apresentadas nos quadros desta reportagem. Mas aqui vão os argumentos para que você não se equivoque mais a partir de agora. Enganos sobre a comida e a bebida Quase todo mundo já foi orientado a tomar oito copos de água por dia. O primeiro registro da recomendação é de 1945, quando o National Research Council, dos EUA afirmou que adultos deveriam tomar dois litros e meio de água diariamente. Porém, segundo os autores americanos, trata-se de um mito. A contribuir com a posição está Heinz Valtin, da Escola de Medicina Dartmouth. Ele fez uma revisão na literatura médica e consultou nutricionistas em busca de evidências que justificassem o conselho. "Não encontrei nenhum suporte científico", disse à ISTOÉ. O tema, entretanto, suscita debate. O gastroenterologista Eduardo Berger, do Hospital Edmundo Vasconcelos, defende a recomendação. Segundo ele, perdemos cerca de três litros de água por dia através da urina, do suor e da respiração, que devem ser repostos sob o risco de desidratação. Nessa categoria de alimentação x saúde, há outros mitos. Um deles diz respeito à alimentação noturna e ganho de peso. Uma opinião quase unânime é a de que comer à noite engorda. O conceito prevalece a despeito do fato de muitos estudos mostrarem que não existe associação entre o horário da refeição e o ganho de peso em indivíduos com peso normal. Cortando ou não, o cabelo cresce um centímetro por mês Um dos trabalhos citados por Carroll e Rachel foi feito na Suécia e revelou que o ganho de peso está relacionado apenas à quantidade de calorias consumidas ao longo do dia. Outra pesquisa, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, reforça a constatação. O estudo envolveu 2.980 homens e mulheres obesas e não obesas. Os estudiosos não encontraram relação significativa entre alimentação noturna e ganho de peso. Exceto entre as obesas, que ganharam em média cinco quilos. A explicação seria a de que, para elas, já com tendência ao acúmulo de gordura, a refeição à noite é ainda mais prejudicial. Magra por natureza, a arquiteta carioca Gorete Colaço, 39 anos, nunca fez dieta e come à noite sem restrições. "E levanto de madrugada para comer chocolate", diz. Quando você era criança, provavelmente foi repreendido pelos seus pais por querer dar um mergulho após a refeição. Mas, segundo os médicos americanos, isso também não tem respaldo da ciência. O que especialistas brasileiros acreditam, porém, é que o melhor é evitar entrar na piscina após uma refeição pesada. "Se a pessoa comer uma feijoada pode ser prejudicial", diz Berger. Ele sustenta a ressalva com a explicação de que uma digestão mais trabalhosa exige maior quantidade de sangue. Usamos muito mais do que 10% do cérebro Isso implica redução do fluxo sanguíneo nos músculos no cérebro. "Qualquer atividade que exija esforço, se feita nesse período, pode provocar desmaio ou algo mais grave." Contrariando o mito, o professor de natação Alexandre Teobaldo, da Academia Swimming Center, em São Paulo, nada logo após as refeições. "Sinto câimbra quando nado sem ter me alimentado", diz.
 
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