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22/06/2009 - 00:00

Fumante social corre riscos como viciados

Por Jornal Oeste

Terra O "fumante social", que só fuma eventualmente, em programas com amigos, acredita que não corre os riscos de um fumante contumaz. Isso, além de não ser verdade, está criando um novo problema: o crescimento do número de pessoas que fumam, mesmo que seja uma quantidade menor de cigarros. Um estudo que será publicado na próxima edição do American Journal of Preventive Medicine mostrou que a porcentagem de fumantes ocasionais aumentou de 26% em 1992 para 30% em 2005. Segundo a autora do estudo, Rebecca Shane, da Universidade da Califórnia, a indústria do cigarro quer exatamente isso e cria estratégias para atingir esse grupo. No Brasil, embora não haja pesquisa específica, o aumento do fumante ocasional também é observado, segundo Paula Johns, diretora da ACT (Aliança de Controle do Tabagismo). "E há de fato o marketing da indústria de tabaco voltado para essas pessoas. É uma propaganda muito sutil, é claro, mas existe", diz Johns. MESMO TIPO DE RISCOS O fumante social é definido como aquele que não costuma fumar sozinho, que restringe o uso do cigarro às situações sociais, como festas, bares e baladas, e que jura que não é um fumante. "O problema é achar que fumar de vez em quando não faz mal. Faz. Embora haja diferença entre fumar um maço por dia ou um maço por semana, os estudos epidemiológicos mostram que não há nível seguro de consumo para o cigarro. O fumante eventual corre os mesmos riscos de quem fuma frequentemente, talvez em proporção menor", afirma Johns. Segundo Rebecca Shane, a indústria de cigarro contratou antropólogos e psicólogos para criar campanhas publicitárias destinadas a tornar o cigarro atraente mesmo para pessoas não propensas à dependência de nicotina. A estratégia foi mostrar o cigarro como um componente necessário de qualquer ocasião social. Shane e o grupo responsável pelo estudo obtiveram essas informações ao pesquisarem documentos da própria indústria de tabaco, que foram levantados durante um processo público contra os fabricantes de cigarro nos Estados Unidos. MEDIDAS ANTI-FUMO Como o fumante social não se considera viciado nem correndo os riscos associados ao fumo, as campanhas tradicionais mostrando os malefícios do cigarro não o atingem. Por isso, é mais difícil diminuir o consumo de tabaco nessa população. Para Clarissa Menezes Homsi, coordenadora da área jurídica da ACT, medidas como a lei sobre ambientes livre de fumo, que começa a vigorar no Estado de São Paulo no próximo dia 7 de agosto, são uma estratégia para evitar o aumento dos fumantes ocasionais e inibir a iniciação ao fumo. "Para essas pessoas, a pressão do grupo influi muito. Se elas estão em um ambiente social onde o cigarro não é permitido, não há estímulo para fumar", diz Homsi. Iara Biderman
 
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