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17/06/2009 - 00:00

PF prende diretores de curtume de Araputanga

Por Jornal Oeste

KEITY ROMA Da Reportagem Quatro empresários de Mato Grosso, proprietários do Grupo Bihl, foram presos ontem em Cuiabá, pela Polícia Federal, acusados de envolvimento em um esquema de pagamento de propina a servidores públicos estaduais e federais para a prática de ilegalidades por empresas dos ramos de frigorífico, laticínio e curtumes. A organização foi desarticulada durante a Operação Abate. Seis mandados de busca também foram cumpridos no Estado. A ação criminosa desarticulada a partir de Rondônia levou ontem à prisão 22 pessoas em oito estados, entre os detidos há membros da cúpula do Ministério da Integração Nacional, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Banco da Amazônia e da Superintendência Federal da Agricultura de Rondônia (SFA/RO). Quarenta e três mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A operação atingiu os estados de Rondônia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Norte e ainda o Distrito Federal. Servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) também teriam realizado vários procedimentos irregulares para os empresários mato-grossenses, segundo o procurador do Ministério Público Federal em Rondônia, Reginaldo Trindade. Ele revelou que o nome do secretário-adjunto de Meio Ambiente de Mato Grosso, Salatiel Araújo, aparece nas investigações. “Indícios revelam a possível participação do secretário-adjunto na assinatura e concessão de licenças ambientais de forma irregular, por apadrinhamento e recebimento de propina, para três empreendimentos do Grupo Bihl em Mato Grosso. Ele teria auxiliado o licenciamento”, falou Trindade. Como o foco da ação foi Rondônia, a investigação não se aprofundou na Sema. Apesar de nenhum servidor do órgão ter sido alvo de pedidos de prisão, um mandado de busca e apreensão foi cumprido contra um funcionário. Escutas telefônicas revelaram ainda o envolvimento de outro funcionário estadual, identificado apenas pelo apelido de “Carona”, mas não desvendado pelo MPF ainda. O Diário telefonou para o secretário-adjunto, mas ele não atendeu às chamadas, e a assessoria de imprensa da Sema informou que o órgão não se posicionaria. Mato Grosso foi o segundo pólo principal da ação realizada em parceria entre a PF e o MPF. O Grupo Bihl inclui os curtumes Araputanga (MT), Jangadas (MT) e Nossa Senhora Aparecida (RO). A família possui ainda o Frigorífico Redentor, localizado em Guarantã do Norte. Os empreendimentos pertencem a José Almiro Bihl, e aos três filhos dele: Márcio Maurílio Bihl, Ricardo Bihl e Paulo Bihl. Todos presos ontem. O MPF de Rondônia chegou à atuação criminosa da família Bihl quando investigava o pagamento de propina a servidores públicos da SFA (RO) a princípio pelo frigorífico JBS Friboi, que levou à descoberta do envolvimento de diversas empresas no esquema. Entre elas estava o Curtume Nossa Senhora Aparecida. “As investigações revelaram que o Grupo Bihl conseguiu adquirir e licenciar o curtume em Rondônia por meios escusos de favorecimento e pagamento de propina a funcionários da Superintendência. Pagou ainda para um membro da Aneel para facilitar um projeto de instalação de uma hidrelétrica e a outro do Basa”, revelou o procurador. Trindade afirmou que os frigoríficos do Estado não foram alvo das investigações, por isso os dados levantados sobre o envolvimento de servidores da Sema e as irregularidades das empresas do grupo serão informadas ao Ministério Público Federal de Mato Grosso. Além do Grupo Bihl, foram investigados os frigoríficos JBS Friboi (RO), Margen (RO), Frigopeixe (RO), Cean (RO) Laticínios 3 Marias (RO). Após a abertura de uma sindicância no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Superintendência Federal de Agricultura de Rondônia, em março de 2008, as irregularidades começaram a ser descobertas e, posteriormente, investigadas pelo MPF. O órgão detectou nas atividades ilícitas o envolvimento da cúpula da Superintendência Federal e dos fiscais que atuam nos frigoríficos. Produtos enviados para o consumidor, produzidos nos estabelecimentos alvo da operação, não possuíam nenhuma garantia de estarem em condições de consumo, em virtude da omissão da fiscalização. Além das quatro prisões em Mato Grosso, foram presos também o superintendente da SFA de Rondônia, Orimar Martins da Silva, e o substituto dele, João Carlos Barbosa, o diretor do Ministério da Integração Nacional, Vitorino Luis Domenech Rodriguez, e o membro da Aneel, André Luiz Merlo Marengo.
 
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