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18/03/2011 - 09:58

Em defesa das OS, Pedro Henry perde três vezes em 10 dias

Por Sandra Carvalho

O secretário estadual de Saúde, Pedro Henry (PP) já enfrentou três derrotas na tentativa de ver aprovada a contratação de Organizações Sociais para assumirem a gestão do Sistema Único de Saúde(SUS) em Mato Grosso: perdeu para o Ministério Público, que proibiu a contratação de OS para gerir o Hospital Metropolitano de Varzea Grande; perdeu ontem (16) durante audiência com o Conselho Estadual de Saúde; e perdeu hoje, quando foi vaiado por uma multidão de manifestantes na audiência pública da Assembleia Legislativa. A manifestação mostrou a força de profissionais da saúde de diversas áreas que engrossaram a corrente contra as OS. Os manifestantes se concentraram no monumento Ulisses Guimarães, na Avenida do CPA, de onde saíram em caminhada rumo à AL, onde estava marcada uma audiência pública para discutir a situação do SUS em Cuiabá, atendendo pedido da Câmara de Vereadores. Com faixas, cartazes e apitos, entraram no plenário que ficou pequeno para tanta gente. Lideranças comunitárias e representantes não só de entidades ligadas ao setor da saúde fortaleceram a manifestação cujo resultado foi o fortalecimento do movimento contra o que vem sendo chamado de “privatização da saúde”. Pedro Henry afirma que alguém "embolsou" o dinheiro da Saúde O secretário de Estado de Saúde, Pedro Henry (PP), tentou evitar críticas ao governo de Blairo Maggi (PR), mas não teve como fugir com a pressão dos servidores durante audiência pública nesta quinta-feira (17) na Assembleia Legislativa. Ele acabou admitindo que alguém embolsou os recursos gastos a mais. “Este não é um cenário que eu inventei do nada. Ele existe e foi em 2010. Eu não estava lá ano passado e não tenho nada a esconder. (...) Eu não disse que o servidor estava roubando, mas alguém ficou com o dinheiro”, denunciou. Na tentativa de justificar o novo modelo de gestão dos hospitais regionais, entregando a administração das unidades para as Organizações Sociais (OS), o secretário acabou relatando as irregularidades que ocorriam na pasta em 2010, ano no qual o governador Silval Barbosa (PMDB) ficou no comando por nove meses. Há tempos Henry vem criticando a gestão Maggi na saúde, relatando gastos abusivos com medicamentos e mau gerenciamento dos recursos nos hospitais regionais, nos quais, segundo ele, gastam cerca de oito vezes mais do que a tabela do Sistema Única de Saúde (SUS). Henry destacou ainda que atualmente a saúde é inacessível à população e as filas para cirurgias seletivas são quilométricas. Segundo o secretário, 10 mil pessoas aguardam por cirurgias em Mato Grosso. O gestor também criticou o SUS e relatou que quando é pago um tratamento em hospitais filantrópicos, da rede credenciada do sistema, se paga uma vez o valor da tabela, por outro lado, quando os mesmos serviços são feitos pelos hospitais estaduais custa-se 10 vezes mais. (Olhardireto) Riva admite falhas e reconhe má gestão na saúde Após perder a paciência com os servidores da saúde e os protestos, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Riva (PP), admitiu que houveram falhas por parte dos parlamentares e do secretário de Estado de Saúde, Pedro Henry (PP), devido à ausência de discussão sobre o assunto. O progressista também reconheceu que existe uma má gestão da saúde e o inchaço da máquina pública. O deputado defendeu a contratação de Organizações Sociais (OS) e alegou ser possível propor mudanças na lei, que ainda não foi sancionada pelo governador Silval Barbosa (PMDB). “O secretário errou por não ter discutido o assunto com o Conselho Estadual de Saúde, a assembléia deveria ter realizado a audiência antes de aprovar a lei, mas é possível aperfeiçoar a lei”, afirmou em entrevista ao Olhar Direto. Riva acredita que o governador Silval Barbosa (PMDB) irá sancionar a lei, aprovada pela Assembleia Legislativa por unanimidade, porém poderá propor alterações. A preocupação do parlamentar é que a audiência pública tenha um resultado prático para conseguir beneficiar todas as classes. “Esta discussão é muito especial, mas precisamos extrair qual o melhor modelo de saúde pública para poder aperfeiçoar a lei”, afirmou Riva No entanto, o deputado defendeu a implantação de OS no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, até para servir como teste, apesar de alegar que existem exemplos que deram certo, como em Pernambuco. Apesar de admitir erros, Riva se posicionou favorável a contratação de Organizações Sociais para administrar os hospitais regionais do Estado, mas pede transparência. “Acredito neste modelo de gestão, desde que seja feito com transparência”, afirmou. O deputado não esteve presente na sessão em que foi aprovado o projeto de lei que permite a contratação das OS, mesmo assim convocou a audiência para debater o assunto. Henry tenta blindar governo Silval dos problemas da Saúde com OSS Desde de que o deputado federal licenciado Pedro Henry (PP) assumiu a secretaria estadual de Saúde, o setor voltou a ser o carro-chefe do Estado. Ainda nas primeiras semanas à frente do cargo, o secretário fechou convênios e anunciou a criação de mais de 200 leitos na Capital e região metropolitana. A promessa mais recente foi a de solução definitiva para os problemas com a contratação de Organizações Sociais de Saúde (OSS) para administrar os hospitais, que até agora têm gestões públicas. O modelo proposto, contudo, vem sofrendo grande pressão dos profissionais que atuam na área. Os argumentos de Henry são de que o modo como o setor vem sendo conduzido hoje está falido e que o Governo não tem verba suficiente para colocar unidades já concluídas em funcionamento. Isso porque a gestão pública gastaria ao menos oito vezes mais do que as particulares. A terceirização dos serviços tiraria das costas do Estado a responsabilidade sobre o que acontece dentro das unidades. A polêmica sobre o assunto passa pela termo terceirização, rechaçado pela classe médica. O temor é quanto à possibilidade de uma maior brecha para corrupção no setor e a falta de estabilidade para os profissionais que atuam na Saúde. As OSS não precisariam prestar contas à órgãos fiscalizadores e pressões políticas poderiam interferir na escolha ou rescisão dos contratos com as entidades. Henry, por sua vez, enfrenta a classe médica e garante que vai atender a um pedido da sociedade. O secretário alega que esta seria a única forma do Estado conseguir dar conta de continuar bancando a Saúde. Os que se colocam contrários pontuam que a ideia do progressista é uma confissão de incompetência, mas ao mesmo tempo reconhecem que foi o próprio secretário quem descobriu os rombos no setor.(RDNEWS) Presidente do Sindimed defende hospital estadual como solução para caos O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Edinaldo Lemos defendeu hoje (17), na manifestação contra as Organizações Sociais, um hospital público estadual como saída para o caos no Sistema Único de Saúde (SUS) de Mato Grosso, a exemplo do Movimento Saúde e Democracia (MSD), que inclusive lançou a campanha “Cuiabá exige Hospital Público Estadual”. Na presença de profissionais de saúde, entidades e instituições das diversas áreas, servidores públicos, estudantes, políticos, ex-gestores do SUS, organizações de defesa do SUS e lideranças comunitárias, o médico e sindicalista criticou a gestão da saúde no estado. E apontou como uma das soluções para a melhoria da qualidade da assistência ao usuário do SUS a construção de um grande hospital público sob a gerência do Estado. Para o Sindimed e o Movimento Saúde e Democracia (MSD): somente a construção de um grande Hospital Público Estadual em Cuiabá vai solucionar o problema da falta de leitos e de cirurgias de alta complexidade, garantindo mais qualidade no atendimento ao usuário do SUS e condições de trabalho aos trabalhadores da Saúde.
 
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