Jornal Oeste

Cerca de 760 ex-funcionários dos frigoríficos Quatro Marcos e Arantes Alimentos recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT 23ª Região) para receber salários atrasados e direitos trabalhistas. Após uma longa reunião entre o Núcleo de Conciliação do Tribunal e trabalhadores na manhã desta segunda-feira (14) será agendado para os próximos dias um encontro com integrantes do Quatro Marcos para negociar o pagamento dos valores devidos aos ex-colaboradores. Cerca de 50 trabalhadores representaram os ex-empregados no encontro com o presidente do TRT Mato Grosso, Osmair Couto, e com o representante do Núcleo de Conciliação do Tribunal, Luís Aparecido Ferreira Torre. O presidente do TRT em Mato Grosso afirma que pelo fato de os frigoríficos estarem em recuperação judicial não há como penhorar os bens para leiloar e assim pagar os empregados. Porém, o presidente afirma que o reconhecimento de que as empresas Cardinale e Quatro Marcos pertencem ao mesmo grupo possibilitou que recursos da Cardinale fossem destinados ao pagamento dos empregados da empresa em recuperação, no caso, o Quatro Marcos. Segundo Luís Aparecido Ferreira Torre, o objetivo é tentar penhorar o arrendamento das plantas, para que os valores sejam repassados aos funcionários. "Devemos consultar o juiz para analisar essa possibilidade. Vamos tentar uma negociação". Ainda segundo o presidente do núcleo, a advogada do grupo deve marcar uma data para essa discussão. Além de não cumprir a decisão judicial de pagar os empregados, ambas empresas não estão executando as ações propostas no Plano de Recuperação Judicial. O advogado da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Armando Biancardini Cândia, afirma que o Arantes tem o plano atrelado à venda de imóveis e que até o momento não realizou nenhum pagamento e que o Quatro Marcos pagou apenas 6 das 12 prestações previstas. "Eles não estão cumprindo o plano e isso já é o suficiente para que a falência seja decretada". O ex-funcionário Jorge Batista Ferreira, 63, trabalhou durante 3 anos no Quatro Marcos, em Alta Floresta (803 km de Cuiabá), no setor de serviços gerais, mas ao ser dispensado não recebeu o que tinha de direito. Segundo ele, o montante que deveria receber ultrapassa os R$ 40 mil. Atualmente, ele faz serviços em chácaras da região, principalmente no plantio de hortaliças, e torce para que a empresa faça um acordo. "Estou cansado e o trabalho no frigorífico afetou minha saúde. Só queria receber o que tenho direito". Já o trabalhador Ronaldo de Jesus Bonfim, 27, foi empregado tanto do Arantes quanto do Quatro Marcos. Em apenas um dos processos deveria receber cerca de R$ 58 mil, mas não sabe quando isso vai acontecer. "O problema está em receber". Os ex-funcionários reivindicaram à Justiça Trabalhista que o processo seja acompanhado pelo TRT de Mato Grosso, e não pelo de São Paulo, que é onde a empresa tem sede. No caso do Arantes, 280 processos são movidos por empregados desde que a empresa entrou em recuperação, há cerca de 2 anos. Os trabalhadores alegam que a empresa se recusa a negociar e que teria a intenção de retomar as atividades. Os trabalhadores que participaram da audiência nesta segunda-feira no TRT representam ex-funcionários dos municípios de Vila Rica, Alta Floresta, Colíder, São José dos Quatro Marcos e Cuiabá. As três empresas envolvidas nos processos trabalhistas (Quatro Marcos, Cardinale e Arantes) foram procuradas para se manifestar sobre o assunto nos telefones que constam nos sites, mas eles as ligações não foram completadas. (Com Assessoria)