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08/03/2011 - 10:23

Vulnerável, Pantanal de Mato Grosso virou rota alternativa do tráfico

Por José Roberto Amador

O Pantanal de Mato Grosso se transformou na principal alternativa de rota para os traficantes de drogas e armas e para os muambeiros que contrabandeiam todo tipo de produtos. Na semana passada, em apenas uma apreensão realizada pelo Grupo Especial de Fronteira (Gefron) no rio Cangas, município de Poconé (100 km de Cuiabá), a carga com muamba foi suficiente para lotar três caminhões. A região pantaneira compreendida entre a localidade de Limão, município de Cáceres, até Poconé e Barão de Melgaço, numa faixa de mais de 200 km, é formada por rios, corixos e alagados, facilitando a dispersão e passagem de traficantes e contrabandistas. Em verdade pode-se ir de Mato Grosso a Mato Grosso do Sul, Bolívia e o Paraguai por caminho fluvial. O próprio Gefron dispõe de um único barco para fiscalizar toda a área. Nas operações como a da semana passada conta com apoio do helicóptero da corporação. O grupamento desencadeou uma operação em toda a faixa de fronteira com a Bolívia (700 km de linha compreendendo áreas secas e alagadas) a partir de 26 de novembro do ano passado, um dia após o aparato de segurança pública iniciar a ocupação dos morros e favelas no Rio de Janeiro. A apreensão e destruição de grande quantidade de drogas na operação realizada nos morros cariocas, levou os traficantes a buscar na Bolívia o insumo para reposição dos estoques. Desde então já foi apreendida aproximadamente uma tonelada de cocaína refinada ou na forma de pasta base. O tenente-coronel Ibanez, comandante do Gefron, reconhece que o Pantanal hoje é o ponto mais vulnerável de toda a faixa. O Gefron é um destacamento da Polícia Militar de Mato Grosso que atua na zona de responsabilidade compartilhada pelas forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. A atuação mais eficiente da Aeronáutica no controle do tráfego aéreo e o cerco na zona seca, fez da região pantaneira a única alternativa de rota para quem tenta passar carregamentos de droga, armas e mercadorias contrabandeadas. A estrada-parque Transpantaneira dispõe de um único posto de controle sem poder coercitivo. São 10 funcionários da Secretaria de Meio Ambiente que se dividem em turnos. O posto não dispõe de telefone e nem material para informação aos turistas. Ao longo da estrada ficam as chamadas pousadas pantaneiras. Seus proprietários estão assustados com o movimento de veículos e pessoas estranhas no local, principalmente à noite. A transpantaneira é a unidade de conservação com maior movimentação de turistas no estado. O veículo que atendia o posto avançado da Sema teve perda total por mau uso e o telefone público instalado no local foi danificado e não funciona. Uma pessoa que se acidentou no trajeto ao entardecer disse que ficou horas sem comunicação e nem socorro. O Pantanal é um dos orgulhos de Mato Grosso e o argumento mais forte para a inclusão da capital Cuiabá como uma das subsedes da Copa do Mundo da Fifa de 2014. Contraditoriamente, quem se beneficia da proximidade do Pantanal o relega ao abandono, transformando-o de cartão postal e patrimônio da humanidade a rota de tráfico de drogas, armas e mercadorias contrabandeadas. Socorro!
 
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