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08/03/2011 - 08:54

Artesã ganha à vida na confecção de peças em madeira

Por Antônio Costa

A maranhense Maria de Lurdes, 50 anos, que curiosamente uma grande maioria do bairro Jardim Paraíso a conhecem como “Fátima”, há 22 anos mora em Cáceres, e nos últimos dois acabou por descobrir meio que por acaso, uma nova profissão que lhe garante o sustento: O artesanato em madeira. Ela conta que antes da mãe falecer ganhava a vida “tocando” um bar, mas com a irreparável perda achou por bem trocar de profissão. Foi aí, que segundo ela, Deus lhe deu o dom de confeccionar peças em madeira (teca), e desde então fabrica artesanalmente (utilizando facão e o formão) diversas peças de diferentes tamanhos incluindo desde a tradicional colher de pau, utilizada na culinária, passando por pilões, gamelas, travessas, canoas, etc. Fátima tem duas filhas que lhe deram quatro netos. São eles que dividem com ela o cotidiano no fundo da acanhada residência onde se localiza a improvisada oficina. A família se mistura no amontoado de pedaços de madeira em meio aos pequenos animais domésticos incluindo o cão que passa o dia preso. Os netos dão o toque final nas peças que são fabricadas. Compete a eles dar o acabamento após infinitas lixadas até a peça ganhar um formato não necessariamente luxuoso, mas que estampa a rustidez do artesanato cacerense/pantaneiro. As peças são comercializadas no local. Os preços variam de quinze reais a cento e cinqüenta, no caso do pilão. A artesã Fátima também atende pedidos das lojas de artesanato do centro de Cáceres, restaurantes e dos barcos hotéis. Revela que quando as vendas “são boas” a renda mensal ultrapassa ao salário mínimo. Como não paga aluguel, e está feliz com aquilo que faz, garante que vai se sustentando com o pouco que ganha com a comercialização daquilo que produz. Orgulhosa cita que algumas das suas peças já ganharam outras praças para fora do Estado. Ela garante que algumas já chegaram ao exterior levadas por turistas que as descobriram em sua residência. Fátima é do tipo mulher decidida. Vai à luta sem receio, tendo como instrumento principal a determinação, muita disposição, sensibilidade e bom gosto. Ela é apenas mais uma entre as milhares de bravas heroínas que estão todos os dias na frente de batalha pela sobrevivência, pelo fazer, pelo construir, contribuindo decisivamente das mais diferentes formas para a sustentação desse colossal processo de desenvolvimento que assola o mundo. Onde a mulher vai ocupando cada dia mais espaços e mostrando cada vez mais a sua fibra, o seu valor e, sobretudo, a sua beleza de ser mulher.
 
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