Jornal Oeste

O bebê E.S.C., de apenas dois meses de vida (ele nasceu na noite de Natal, mais precisamente na noite do dia 24 de dezembro, em Cuiab), apesar do pouco tempo de vida já pôde constatar o descaso das autoridades e o caos na saúde pública de Cuiabá e de Mato Grosso e, não fosse uma decisão judicial, poderia morrer no conhecido corredor da morte do Pronto Socorro de Cuiabá. Oriunda da região de Cáceres, a criança, segundo fontes médicas, nasceu com hidrocefalia, doença popularmente conhecida como água no cérebro, e ficou internada no Pronto-Socorro de Cuiabá até a noite dessa sexta-feira (18), quando, somente por meio de decisão judicial, concedida na noite de ontem, conseguiu ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ter o tratamento adequado. Durante estes dois meses, a mãe da criança lutava para conseguir um local adequado para o tratamento do bebê, que precisará passar por cirurgias o mais rápido possível para minimizar as complicações. Os próprios médicos do hospital já haviam alertado a mulher que o bebê não poderia continuar internado no Pronto-Socorro, porque corria e ainda corre risco de morte. Conforme demonstram os estudos, as crianças portadoras de hidrocefalia necessitam de acompanhamento neurológico intenso e verificação do grau de desenvolvimento que pode ou não sofrer prejuízo. A doença, que acontece em uma a cada 500 crianças, acarreta problemas neurológicos, aumento do tamanho da cabeça e apresenta até risco de morte. Sem conseguir uma vaga na UTI e desesperada com a possibilidade de perder o filho, a mulher recorreu à justiça. O juiz titular da 2ª Vara Especializada da Infância e Adolescência de Cuiabá, Gonçalo Antunes de Barros Neto, concedeu liminar determinando a internação, em caráter de urgência urgentíssima, e obrigou o Estado a disponibilizar um leito hospitalar. A decisão foi preferida no começo da tarde de sexta-feira (18) e no início da noite foi ratificada pela juíza plantonista Adair Julieta. O estado foi notificado, por volta das 21h, na Central de Regulação. Imediatamente, foi disponibilizado um leito na Clínica Femina, onde a criança está internada desde ontem à noite. O juiz Gonçalo de Barros também determinou que o governador Silval Barbosa (PMDB) e o secretário de estado de Saúde, Pedro Henry (PP), fossem notificados para evitar que um fato como este se repita. Vale ressaltar que o Pronto Socorro é um local adequado para o pronto atendimento, sobretudo de traumas, e não para receber crianças recém-nascidas com hidrocefalia.