Notícias / Brasil

10/02/2011 - 13:04

Mesmo sob desgaste, Henry quer choque de gestão e pôr fim a crise

Por Patrícia Sanches e Romilson Dourado/RDNEWS

Prestes a completar dois meses à frente da secretaria estadual de Saúde, o médico-anestecista Pedro Henry, deputado federal licenciado e um dos caciques políticos do PP, descobriu que os desafios para amenizar a crise no setor são muito maiores do que imaginava. Sua estratégia é atuar em duas frentes, de forma técnica e politicamente, para superar gargalhos e tirar proveito político de ações positivas. Henry promete choque de gestão e se mostra audacioso. Essas ações empolgam tanto seus assessores que já apontam-no como possível candidato a governador em 2014. Henry é uma figura emblemática. Começou na vida pública como diretor da Sanemat e vice-prefeito de Cáceres. A partir daí, conquista cadeira na Câmara Federal, onde se envolve em escândalos nacionais, como a máfia das sanguessugas e o esquema do mensalão. Exímio articulador político, ele consegue se livrar das acusações e, mesmo com a imagem arranhada, se reelege em 2006 e é cassado por crime eleitoral, mas obtém liminar para se segurar no cargo. No ano passado, mesmo enquadrado como ficha suja, Henry reconquista o mandato e nos embates jurídicos sai vitorioso com a validação dos seus mais de 81 mil votos. Decide, então, compor o governo Silval Barbosa como secretário de Saúde. Henry enfrenta reclamações diárias de usuários do SUS devido à falta de leitos, de UTIs, de médicos, de equipamentos e até remédios. Cidades-pólos, como Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, expõem caos na saúde pública. São problemas estruturais nos pronto-socorros, que não suportam a demanda e ainda carecem de reformas. Na Capital, o prefeito Chico Galindo cobra o auxílio de Henry para, em nome do Estado, finalizar reformas. Em Várzea Grande, Murilo Domingos enfrenta greve dos médicos. Em Rondonópolis, o hospital regional não atende a demanda da região Sul. Apesar de tocar um orçamento de R$ 925,1 milhões, 23,7% maior se comparado ao do ano passado (R$ 747,5 milhões), Henry se vê acuado. Enfrenta ainda a chamada judicialização da saúde. Diariamente pacientes conseguem liminares que obrigam o governo a comprar medicamentos de alto custo, assegurar leitos e UTIs para realização de cirurgias. Todas essas ações têm imapcto direto no orçamento. Mesmo assim, Henry diz que vai para o enfrentamento. Passou a fazer convênios com hospitais particulares para reduzir custos e não ser obrigado a construir novas unidades. Para ele, o Estado gerencia mal os recursos públicos, pois paga cerca de oito vezes mais que o valor real de cada serviço prestado. Garante que fará revolução no setor. O governador tem dado autonomia para seu secretário de Saúde, esperando que este seja mais técnico que político.
 
Sitevip Internet