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05/02/2011 - 11:30

Áreas para proteção de recursos hídricos caem mais de 80% com "novo ZSEE"

Por Thiago Foresti

“Um tiro no pé”. É assim que João Andrade, coordenador do Programa Governança Florestal do Instituto Centro de Vida (ICV), define as mudanças no Zoneamento Socioeconômico Ecológico (ZSEE) de Mato Grosso. “Vai ser ruim para todo mundo, até para o setor do agronegócio, que vai sofrer no longo prazo”. O economista fala das mudanças no mapa do Zoneamento, o substitutivo 3, aprovado pelos deputados de Mato Grosso e que está agora nas mãos do governador Silval Barbosa aguardado veto ou sanção. “Somos responsáveis por 20% de toda água do país. O recurso hídrico será um bem cada vez mais escasso no futuro e o estado de MT não está dando o devido valor para isso na sua produção agrícola de longo prazo”, enfatiza Andrade. O substitutivo 3, feito às pressas, em apenas três meses, foi encomendado por um grupo de deputados estaduais e desconsiderou dados de mais de 20 anos de pesquisa da equipe técnica da Secretaria de Planejamento (Seplan). Segundo Paulo Klinger, especialista em solos, que ajudou a coordenar diversos estudos de zoneamento no Brasil, incluindo o de Mato Grosso, o estado tinha o melhor zoneamento, até ser desconfigurado na Assembléia Legislativa. “Mato Grosso tem a maior área de solos arenosos do brasil. Este solo é importantíssimo, pois é zona de recarga de aquífero. As reservas de água aqui nesse estado alimentam outros cursos de água. Se contaminarmos o lençol freático nós não vamos comprometer só a água de Mato Grosso, mas a de outros estados e até de outros países”, diz Klinger. A redução da área 2.1 mostrada no mapa foi de 81.9%. São 146.152.3 km2 de área que deveriam ter um manejo específico levando em conta a conservação dos recursos hídricos. “Não precisava desta redução , colocar uma área como 2.1 não a torna improdutiva, pois é possível a conservação dos recursos hídricos com a produção agropecuária, significa apenas que se deve tomar um cuidado maior, pois ali está guardado um recurso valioso do ponto de vista ecológico e econômico e que será um diferencial a produção do estado e do Brasil no futuro”.
 
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