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28/01/2011 - 10:05

Coronel diz que médico ajuda a manter bandidos na PM

Por Isa Sousa/MidiaNewes

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Osmar Lino de Farias, classificou o médico psiquiatra Ubiratan de Magalhães Barbalho de "obstáculo" para a corporação. A observação foi feita ao analisar que os atestados prescritos pelo profissional, permitindo o afastamento dos policiais, são uma forma de impedir que os "bandidos" sejam expulsos da corporação. "São bandidos - porque esses homens não são policiais - infiltrados na Polícia Milutar e que respondem a processos. Ao conseguirem atestados falsos, eles não comparecem às audiências, postergando ainda mais a sua saída da corporação", afirmou Farias, em entrevista ao MidiaNews. Ubiratan foi o personagem principal de matéria exclusiva do programa Fantástico, da Rede Globo. Ele foi flagrado por uma policial militar, com uma câmera escondida, vendendo atestado médico. Além dos atestados, receitas eram prescritas com medicamentos tarjas preta (venda apenas sob apresentação de receita médica) indiscriminadamente. De acordo com números da Corregedoria da Polícia Militar, que investiga o caso, 87 militares compraram o atestado, que chegava a custar R$ 150. Para o comandante da PM, as gravações que denunciaram o esquema de Ubiratan, feitas durante investigação do Ministério Público Estadual (MPE) e da Corregedoria da PM, foram humilhantes para a corporação. Sobretudo, segundo ele, quando o psiquiatra, na gravação veiculada pela TV Globo, afirma que é "amado" pelos coronéis, pelo fato de facilitar a obtenção dos atestados médicos. "Não conhecia esse cidadão, nunca troquei nenhuma palavra com ele, mas percebia que o nome dele figurava sempre nos atestados. Além disso, ele deixou o oficialato da PM numa situação jocosa. Obviamente, os oficiais concordam com o esquema. Ubiratan não tem defesa e é pernicioso para a instituição", afirmou Farias. "As "indiretas" que o comandante da PM afirmou terem sido dirigidas a ele pelo psquiatra se referem ao caso de Claudemir de Sousa Sales, policial lotado na Rondas Táticas Motorizada (Rotam), acusado de matar, no ano passado, a amante, Ana Cristina Wommer, grávida de 8 meses. Sales acabou conseguindo atestado prescrito por Ubiratan, que alegou transtornos psicológicos. "Quando ocorreu o caso de Claudemir, eu disse que duvidada da coragem de algum médico em afirmar, por meio de atestado, que o policial tinha algum tipo de transtorno bipolar, o que acabou ocorrendo. A indagação que fica é: o único requisito de Ubiratan é só pedir? Pedir e ganhar?", observou Farias. Segundo o comandante-geral, o que a Polícia Militar quer é que os processos relacionados àqueles militares que já estão respondendo a procedimentos administrativos, que se encontram parados exatamente em função dos atestados de Ubiraran, tenham continuidade. Além disso, segundo ele, é imperativo que processos sejam abertos contra policiais, que, por outros motivos, estão afastados. "Bicos" "Temos caso de ver o policial apresentando atestado e, duas horas depois, o sujeito estar atuando como guarda de supermercado, farmácia, posto de gasolina e, até mesmo, em boates", revelou o coronel Farias. De acordo com a Corregedoria da PM, em 2010 foram emitidos 89 atestados médicos a policiais militares. Em fase de investigação, a Polícia está fazendo levantamento do número exato e de quantos homens estão licenciados. Expulsão Ao MidiaNews, o corregedor da PM, coronel Joelson Sampaio, informou que não há prazo determinado para finalização do levantamento, mas que toda celeridade possível está sendo posta no caso, já que, com o término da licença, será mais difícil comprovar que o diagnóstico não era verdadeiro. "Com o atestado ainda em validade, o policial passará por uma nova análise, que comprovará ou não a veracidade da prescrição. Se o atestado tiver vencido, é difícil provar que ele não estava doente", afirmou. Caso seja comprovada falsificação do diagnóstico, os policias poderão restituir o que receberam pelo período que eme estiveram afastados. E podem ser expulsos da corporação.
 
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