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21/01/2011 - 08:50

Frigorífico Quatro Marcos paralisou pagamento a pecuaristas

Por Julia Munhoz

Apesar de o Independência, Arantes Alimentos e Quatro Marcos estarem em processos de recuperação judicial nenhum dos três frigoríficos têm cumprido com os pagamentos de pecuaristas e credores. As dívidas de cada empresa estão avaliadas em R$ 2 bilhões, R$ 1, 1 bilhão e R$ 26 milhões, respectivamente. "Infelizmente não houve venda, capitalização e muito menos o início dos pagamentos", afirma, em nota, o assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia, em matéria divulgada nesta quinta-feira (20) no Valor Online. Conforme a reportagem, como outras empresas do segmento, essas três tiveram de recorrer ao pedido de recuperação porque foram afetadas pela crise internacional, que derrubou a demanda a partir do fim de 2008, e também porque estavam muito alavancadas. O caso mais emblemático entre os frigoríficos cuja recuperação judicial não avança é o do Independência, que pediu proteção contra a falência em fevereiro de 2009. O plano foi aprovado pelos credores no fim daquele ano, e, em março de 2010, a empresa conseguiu captar US$ 165 milhões em bonds no mercado internacional para pagar fornecedores e para capital de giro. Mas, em setembro, a companhia anunciou que não pagaria juros desses bonds que vencem em 2015. Mesmo com os recursos que vieram dos bonds, a empresa voltou a ficar sem capital de giro, não conseguiu pagar dívidas e, em outubro, paralisou as três unidades - Nova Andradina (MS), Colorado d'Oeste (RO) e Santana de Parnaíba (SP) -, que operavam parcialmente. O Quatro Marcos, cujo plano de recuperação judicial foi aprovado em março do ano passado, também paralisou o pagamento a pecuaristas, conforme a Acrimat. Segundo a entidade, o frigorífico chegou a pagar seis parcelas, mas suspendeu o pagamento em outubro passado. Armando Biancardini Candia, diz que há apreensão entre os produtores, pois a suspensão de pagamentos sem justificativa poderia levar a empresa à falência. O plano de recuperação do Quatro Marcos, aprovado pelos credores, envolve um total de R$ 427 milhões, prevê venda de unidades produtivas, e pagamento de pecuaristas em até 12 parcelas mensais. A dívida da empresa com criadores de Mato Grosso é de R$ 26 milhões, segundo a Acrimat. Também o Arantes, cujo novo plano será apresentado hoje a credores, não quitou os débitos com pecuaristas, que em Mato Grosso alcançam R$ 20 milhões. Inicialmente, o plano de recuperação da empresa, aprovado em janeiro de 2010, previa o início do pagamento dos pecuaristas, em 12 parcelas, logo após a aprovação. Mas, informa a Acrimat, o Arantes convenceu os credores que o pagamento seria feito após a venda de alguns imóveis. Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, ao priorizarem os bancos credores nas negociações dos planos de recuperação em detrimento dos pecuaristas, os frigoríficos se equivocaram. "Levaram muito mais em consideração os bancos do que os produtores", reclama. Segundo ele, os pecuaristas não concordavam com os planos, mas acabaram contribuindo para as aprovações numa tentativa de viabilizá-los. Apesar disso, diz, os frigoríficos não conseguiram voltar à atividade, pois acabaram perdendo fornecedores de bovinos. "Eles não conseguiram resgatar a confiança do produtor", afirma. Na avaliação de Vacari, a saída para os pecuaristas é só vender boi à vista. As informações são do Valor Online.
 
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