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01/01/2011 - 14:46

Em entrevista A Gazeta Pedro Henry diz porque decidiu ser Secretário de Saúde

Por Rafael Costa

"Tenho a missão de iniciar um novo modelo de gestão na saúde pública do Estado com aperfeiçoamento dos gastos para melhorar investimentos", afirma o novo secretário de Estado de Saúde, deputado federal Pedro Henry (PP). Com a experiência de quatro mandatos na Câmara Federal, o parlamentar cede espaço ao correligionário Roberto Dorner, pecuarista e empresário da comunicação, para assumir o que classifica de maior desafio de sua carreira política: fortalecer o sistema de saúde pública do Estado considerado por especialistas como defasado e sem condições de atender pacientes no interior de Mato Grosso. Na entrevista que segue, Henry revela que atendeu ao pedido do governador Silval Barbosa (PMDB) que desejava alguém com perfil técnico e político para iniciar uma revolução no setor e fala das proposta de implementar políticas públicas em consonância com as adotadas nos municípios, expandir o atendimento de urgência e emergência no interior de Mato Grosso e enfrentar grupos que atualmente mantém controle da saúde pública do Estado. A Gazeta - Porque a decisão de abandonar momentaneamente o cargo de deputado federal para assumir a Secretaria de Estado de Saúde? Pedro Henry - O governador Silval Barbosa apontou que todas as pesquisas de opinião pública revelam que a saúde é o maior problema a ser enfrentado pelo poder público. Diante disso, foi exposto que nos últimos oito anos passaram pela pasta seis secretários diferentes, nenhum deles tinha o domínio de conhecimento técnico e, ao mesmo tempo, a habilidade política. O governador acredita que essa simultaneidade aliada a uma autoridade política vinda de um mandato eletivo é capaz de fazer o enfrentamento de um problema social tão forte, Por conta destas argumentações aceitei o convite e são esses motivos que me levou a ser convidado para assumir este desafio. Gazeta - O senhor deixa provisoriamente de ocupar o quinto mandato de deputado federal para assumir um cargo técnico. Não há o temor de prejuízos políticos à sua base eleitoral? Henry - Não acredito nisso! Chego a essa conclusão após conversar com vários companheiros que são prefeitos e deputados estaduais. Acredito que a atividade junto à Brasília não vai se modificar muito. Trabalhei na elaboração do Orçamento e vou ter um suplente trabalhando para atender aos meus interesses e aos dele. Esse trabalho de parceria vai continuar em Brasília e aqui teremos um trabalho suplementar para auxiliar a sociedade mato-grossense. Entendo que o sucesso aqui contribuiu muito positivamente para a vida pública e um eventual insucesso, aí sim, teremos prejuízos políticos por conta do fracasso administrativo, mas, estou confiante de que farei um bom trabalho. Gazeta - A Prefeitura de Cuiabá reclama que o pronto-socorro está sobrecarregado por conta da falta de serviços de urgência e emergência no interior. Qual é a política pública mais eficiente para descentralizar esse atendimento da Capital? Henry - O centro Metropolitano do Estado é onde se tem mais núcleos de especialidades médicas e desenvolvimento científico mais apurado. Por mais desenvolvido que seja o interior, não vai ter o nível de especialização profissional que se tem na Capital onde está concentrado o poder político e econômico mais, por isso é natural que se tenha mais desenvolvimento. Não acredito que haja uma descentralização da carga científica que temos aqui, mas, estamos fazendo o enfrentamento inicial neste setor. Temos a previsão de duas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) em Cuiabá, uma em Várzea Grande e uma classe 3 em Rondonópolis que é uma unidade forte. Tivemos uma reunião com representantes da saúde de Várzea Grande com a proposta de construir um projeto integrado Cuiabá - Várzea Grande faremos um trabalho em conjunto para dar sustentação à região metropolitana no setor de urgência e emergência e, logo depois, estender nossos trabalhos ao interior. Ainda vamos colocar para funcionar o mais rápido possível, o Hospital Metropolitano de Várzea Grande que vai dar suporte as unidades de emergência. Outro problema detectado é que as políticas formuladas pelo Estado não tem o acompanhamento dos municípios, vamos eliminar este descompasso. Gazeta - O senhor detém base eleitoral em Cáceres, que necessita muito do auxílio do Estado nos serviços sociais. Atualmente, é administrado pelo prefeito Túlio Fontes (DEM), seu adversário. Como vai ser a relação do senhor com a Prefeitura de Cáceres? Henry - Nestes dois anos que ele está à frente de Cáceres nunca deixei de auxiliá-lo nas minhas funções de parlamentar. É uma obrigação constitucional construir políticas públicas para auxiliar as prefeituras e assim vamos tratar a todos. O meu compromisso é com a sociedade e não com aquele ou outro político. Enquanto deputado federal, canalizei recursos para Cáceres e no papel de secretário de Estado de Saúde vou continuar prestando os mesmos serviços. Gazeta - O orçamento da Secretária de Saúde é o suficiente para viabilizar os projetos que o senhor tem em mente? Henry - Os meus antecessores se focaram na busca de mais recursos para a saúde. Por mais que se tenha recursos, sempre vai ser aquém da necessidade porque a saúde é diferente de qualquer outra esfera de governo. Quando se dá mais qualidade no atendimento aumenta a demanda e, posteriormente, os investimentos. Ao invés de buscarmos mais recursos para financiar a saúde, faremos uma política diferente que é uma gestão melhor daquilo que se tenha. A partir destes primeiros momentos que conheço a fundo a qualidade dos gastos verifico o quanto deteriorado estão. Aqui, temos problema grave com relação ao gasto do dinheiro que é resultado de uma cultura que permitiu que investimentos na aquisição de produtos e serviços seja da pior qualidade possível. Os exemplos que temos aqui são péssimos e não recomendo a continuidade dos serviços, o que leva a um novo modelo de gestão. Faremos uma redução de gastos severa, significa aumento de investimentos gastando melhor. Temos aqui exemplos dramáticos prejudicaram o sucesso das ações por conta da má qualidade de gestão. Não faço crítica pontual a ninguém, mas criou-se uma cultura equivocada que levou a dificuldade enormes para o gasto de dinheiro. Chegou a um ponto que empresas com margem de lucro que está fora da realidade comercial na relação de um órgão público com empresa. A partir de agora, não vamos permitir uma relação espúria e desigual, haverá uma relação totalmente ética. Não estou vinculado a nenhum grupo do setor de saúde e não tenho a pretensão de beneficiar esse ou aquele, faremos um enfrentamento de frente contra esses problemas. Gazeta - Qual o impacto de medidas que refletem essa nova gestão? Henry - Temos um relatório dos quatro hospitais regionais que administramos prestam serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Rondonópolis, a Secretaria de Saúde custa R$ 35 milhões para mantê-lo e recebe auxílio de R$ 5 milhões do SUS. Isso é um gasto elevado, uma desproporção que é um retorno de somente 12% entre aquilo que ele produz e o que custa de fatos. Em Cáceres, custa R$ 30 milhões e retorno somente R$ 5,5 enquanto em Sorriso gastamos R$ 21 milhões e a taxa de retorno é R$ 5,7 milhões. Em Colíder, gastamos R$ 17 milhões e recebemos auxílio de somente R$ 2 milhões. É uma desproporção errada que revela má gestão. A rede privada faz milagre em se manter aberta enquanto o que é gerido publicamente tem uma desproporção do custo operacional com a relação daquilo que produz. São esses gastos que promovem uma sangria nos cofres públicos e impede a compra de novos leitos hospitalares e medicamentos. Tem empresa de informática com contrato superior a R$ 600 mil, estamos revendo estes gastos. Dá para reduzir esses gastos ampliando serviços e suas qualidades, é esse o desafio da gestão. Minha missão aqui não é simplesmente ter conhecimento técnico e administrativo, precisa de vontade política e autoridade para enfrentar os cartéis que atuam aqui e vão ser quebrados um a um e vamos fazê-lo. Por isso, houve a necessidade de somar a autoridade de um mandato aliado ao conhecimento técnico.
 
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