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30/05/2009 - 00:00

Funcionários temem demissões com fusão da Sadia com Perdigão

Por Jornal Oeste

MARCONDES MACIEL Da Reportagem A fusão entre a Sadia e a Perdigão, que deu origem semana passada à Brasil Foods (BRF), já começa a causar mal-estar entre os funcionários das companhias. Em Mato Grosso, os 7,6 mil colaboradores da Sadia temem cortes na empresa. Os investimentos já anunciados pela Sadia no Estado – mais de R$ 1,5 bilhão – faziam dela a empresa privada responsável pela aplicação do maior aporte contabilizado no Estado. Na Perdigão, com 3 mil funcionários, a situação não é diferente. A companhia investiu cerca de R$ 230 milhões no Estado desde 2005, quando adquiriu um frigorífico de aves e recentemente uma unidade de bovinos. “Desde o momento que foi anunciada a fusão, passamos a questionar nossos chefes de departamento, mas nem eles podem garantir como ficará nossa situação daqui para frente”, afirmou um funcionário que trabalha na área de abate de bovinos, na planta da Sadia, em Várzea Grande. De acordo com o funcionário, que preferiu não ser identificado, “muitos colegas” estão preocupados com a possibilidade de perder o emprego. “São pais de família, como eu, que dependem do trabalho para sobreviver. Infelizmente, o clima é de instabilidade no nosso meio, principalmente porque ninguém da direção da empresa ainda nos reuniu para passar informações sobre a questão dos empregos”. Entre os funcionários da Perdigão, também existe apreensão com relação à estabilidade dos funcionários. “Não sabemos como serão distribuídas as tarefas após a formalização da fusão, nem se seremos mantidos no quadro da empresa”, disse por telefone um colaborador da planta de Nova Mutum (269 quilômetros ao norte de Cuiabá). A reportagem do Diário tentou contato com a direção da empresa, em São Paulo. Por meio da assessoria de imprensa, o presidente do Conselho de Administração da companhia, Luiz Fernando Furlan, informou que não há nenhum plano de demissão em andamento na fábrica. “Pelo contrário, nossa intenção é expandir a produção e conquistar novos mercados, o que vai aumentar a demanda e, consequentemente, a produção. Queremos oferecer novas oportunidades para nossos funcionários e encontrar mecanismos para motivá-los”, assegurou Furlan. (Veja quadro ao lado) ENXUGAMENTO O professor em Economia Agrícola da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Benedito Dias Pereira, afirmou que apesar de a empresa garantir categoricamente que não haverá demissões, o “enxugamento” é quase um processo natural entre as empresas. “É difícil acreditar que em uma mesma cidade ou região – caso da Sadia em Lucas do Rio Verde), e da Perdigão, em Nova Mutum, ambas localizadas na região do Médio Norte estadual, a apenas 90 quilômetros de distância uma da outra – não ocorra um processo de demissão. Haverá, sim, cortes no médio prazo e o desemprego acabará acontecendo”, afirma o economista. Na avaliação do professor, os efeitos da fusão são devastadores à livre concorrência e ao consumidor, pois a fusão faz com que as empresas atuem de forma conjunta, iniciando um processo de concentração no setor e inviabilizando a entrada de novos concorrentes no mercado e a abertura de novos postos de trabalho na região. EMPREGOS Em Mato Grosso, as duas unidades da Sadia – localizadas em Várzea Grande e Lucas do Rio Verde – geram 7,6 mil empregos diretos. Em Lucas, a planta conta com granjas de suínos e de aves, armazenamento de cereais, produção de ração, incubatório de pintos de corte e abate de aves e suínos. Em Várzea Grande, as atividades são concentradas na produção e abate de frangos e bovinos e produção de ração animal e de industrializados. A Perdigão conta com plantas em Mirassol D’Oeste (abatedouro de bovinos) e Nova Mutum (processamento de aves). Nas duas unidades de Mato Grosso, a indústria gera três mil empregos diretos.
 
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