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15/12/2010 - 08:41

Lira diz que mulheres entram no Cadeião de Cáceres com droga nos órgãos genitais e até no estômago

Por Tania Rauber

Presos mantinham um laboratório de refino de drogas dentro da cadeia de Cáceres. Em uma revista nas 12 alas da unidade foram encontrados, aproximadamente, 2 quilos de cocaína distribuídos em 375 papelotes, além de vários frascos de produtos químicos utilizados no preparo da droga, como éter, ácido bórico, acetona e xilocaína. Segundo o comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Jadir Metelo da Costa, os materiais estavam escondidos em canos de esgoto, camas e nas paredes. A descoberta só foi possível após monitoramento dos presos e uma revista minuciosa. "Os locais escolhidos por eles são os mais diversos. Até lâmpadas são usadas para esconder a droga". O preparo do entorpecente, que era vendido para os próprios detentos, ocorria geralmente à noite, para não chamar a atenção. "Esta não foi a primeira apreensão. Nos últimos 30 dias fizemos 3 revistas e, na última, encontramos 60 cabecinhas de droga". Outro método utilizado é o arremesso do entorpecente pelos muros da cadeia. "Nós já flagramos 3 situações como esta e conseguimos evitar a entrada da droga". Na última revista, os policiais também apreenderam 27 aparelhos celulares que eram usados pelos reeducandos dentro da prisão. Fragilidade - Segundo o diretor da cadeia Lindomar Coutinho Lira, a entrada da droga ocorre, principalmente, no horário de visitas. "Há muitas mulheres que entram com droga nos órgãos genitais e até no estômago. Desta forma fica difícil localizarmos". Em algumas revistas, foram encontradas cápsulas de cocaína, que são ingeridas e depois expelidas com as fezes. "Ficamos na fronteira com a Bolívia, e temos muitos presos bolivianos aqui. As esposas deles trazem a droga de lá e dão um jeito de entrar". Para Lira, os métodos de entrada de droga nas cadeias só serão combatidos com a melhoria no serviço de inteligência da Polícia e da estrutura das cadeias. "Só vamos conseguir pegar estas pessoas se tivermos equipamentos adequados para fazer a revista e detectar a presença de droga. Caso contrário, não temos como combater". Outro lado - O superintendente de Gestão de Cadeias, José Carlos de Freitas, informou que a entrada de drogas e celulares nas cadeias do Estado será reduzida com a aquisição de "banquetas" para a realização de revistas. "Esta banqueta identifica qualquer objeto introduzido nos órgãos genitais. O projeto já foi apresentado ao Departamento Penitenciário Nacional e estamos aguardando a liberação". Superlotação agrava problemas O que acontece dentro das celas da cadeia de Cáceres, muitas vezes, passa longe das vistas dos agentes e da direção. O motivo é a superlotação. Os espaços para 16 presos estão ocupados por 35, 40 e até 60 detentos. "Não temos controle de uma ala onde estão 40 presos, se o espaço é só para 16. Não temos como agir nestes espaços", relata um funcionário. Atualmente, as celas com capacidade para 240 presos são ocupadas por 450. Destes, 80% respondem por tráfico. "Eles se ajeitam quando entram lá. Uns dormem no chão, outros em rede e até no pátio interno da ala". Em cada plantão, 7 agentes fazem a segurança interna e recebem apoio de 15 policiais militares na área externa e guaritas.Porém, estes também precisam se revezar na escolta de presos para fórum, atendimento médico, odontológico, e nem sempre ficam na unidade. O juiz corregedor da cadeia, Carlos Roberto Barros de Campos, disse que todas estas fragilidades já foram denunciadas à Superintendência do Sistema Prisional de Mato Grosso. "O Mutirão Carcerário passou aqui e constatou que, quem está preso, não pode ganhar liberdade. Agora, a superlotação é reflexo do precário número de cadeias no Estado. Nós temos presos condenados aqui, que deveriam ter sido transferidos para penitenciárias, mas isso não foi feito por que não há vagas". Outro lado - Em relação à superlotação, José Carlos de Freitas garantiu que vai providenciar a transferência de alguns presos para outras unidades. Porém, a dificuldade é encontrar vagas, já que todas estão lotadas. Ele também disse que cerca de mil agentes serão contratados com a finalização do concurso para reforçar a segurança em todas as cadeias.
 
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