Jornal Oeste

A fabricante de vacinas contra a febre aftosa, Biogénesis-Bagó, fez a entrega simbólica de doses que serão doadas aos criadores bolivianos de gado que estão situados ao longo dos 780 quilômetros de fronteira seca que divide o Estado da Bolívia. Ontem, representantes da empresa e das entidades de produtores assinaram o convênio, na sede da Famato, em Cuiabá. Ao todo serão doadas 50 mil doses. Foram doadas doses da vacina Aftogen Óleo de combate à febre aftosa, que serão repassadas ao Comitê Internacional Misto Brasileiro Boliviano (CIMBB) que vai operacionalizar a vacinação, com aplicação assistida pelos técnicos do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT). Mato Grosso tem 17 municípios com 1.601 propriedades rurais e mais de 600 mil cabeças de gado dentro da chamada “fronteira seca”. Do outro lado da fronteira, segundo o presidente da Associação dos Ganaderos de San Matias (Agasan), Wilfredo Pinado, estão cerca de 4 milhões de cabeças, sendo 450 mil animais na faixa de 500 quilômetros para dentro do país vizinho, na divisa com Mato Grosso. Do lado de Mato Grosso a realidade é de 14 anos sem registros de focos de febre aftosa, do outro lado, na Bolívia, esse status não é conhecido. É para manutenção do status mato-grossense que o Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa) atua com a doação de vacinas contra febre aftosa para os produtores bolivianos para evitar que a doença ultrapasse a fronteira. “Esse é um trabalho de grande esforço e de cuidado sanitário muito importante, pois mais do que nunca o Brasil e Bolívia lutam para acabar com a aftosa”, disse Wilfredo Pinado. Ele ainda ressalta que “apenas na faixa de 500 quilômetros da fronteira com Mato Grosso, onde estão aproximadamente 140 mil animais, é que a Bolívia está livre da aftosa, fruto do trabalho de Mato Grosso, pois a topografia boliviana impede um controle maior da doença no restante do país”. Para o vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, “a doação das vacinas e a parceria com os produtores bolivianos são importantíssimos para um controle maior da doença na Bolívia, o que garante uma extensão maior do status sanitário brasileiro nessa faixa de fronteira”. A atuação do Fesa, segundo Bernardes, “garante um controle da doença e gera mais segurança quanto à permanência do status de um estado livre da aftosa para Mato Grosso”.