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20/10/2010 - 09:47

Fiemt diz que construção civil absorverá demitidos do Friboi

Por MARIANNA PERES

A empregabilidade, em Mato Grosso, emplacou o terceiro mês seguido de queda em relação aos resultados consolidados de 2009. O saldo de novas vagas com carteira assinada passou de 2.342 em setembro do ano passado para 433 em 2010, recuo de mais de 81%. Com este resultado, o mês revela o pior desempenho para setembro dos últimos cinco anos, conforme série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho (MTE). O “Setembro Negro” estadual foi motivado pela indústria de transformação, refletindo um problema pontual do segmento frigorífico, que em função de adversidades no mercado da carne, enfrenta dificuldades financeiras e vários fecharam as portas no Estado ao longo dos últimos 18 meses. No mês passado, uma grande planta, a do JBS-Friboi, em Cáceres, anunciou a desativação da unidade e a demissão de cerca de 600 funcionários. Conforme o Caged, a indústria de transformação fechou o mês com mais demissões do que contratações, com - 1.761 vagas. Foram admitidas no período 4.523 pessoas e dispensadas 6.284. O presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, frisa que o setor industrial não atravessa nenhuma crise, “é uma questão pontual dos frigoríficos que sofrem mais ainda com a constante valorização do real frente ao dólar. O segmento tem a produção voltada à exportação e quando a taxa de câmbio vem abaixo de R$ 1,70, fica cada vez mais complicado acessar o mercado internacional”. Milan acredita que com a efervescência da construção civil, segmento que integra a indústria de transformação, boa parte desta mão-de-obra originária dos frigoríficos poderá ser absorvida. O contingente também poderá encontrar espaço dentro do comércio, por meio das contratações temporárias. O presidente da Fiemt está preocupado com outra questão pontual que pode trazer resultados negativos para o setor que representa: a iminente crise do arroz, trazida com exclusividade pelo Diário, na edição do último final de semana. Sem matéria-prima suficiente no mercado local para manter as beneficiadoras em atividades e com estoques para até o início de novembro, o segmento poderá gerar nova onda de demissões no Estado a partir do próximo mês. Os demais estados da região Centro-Oeste, com exceção de Goiás que registra desempenho negativo (-0,05%), os outros tiveram tímidos incrementos, como Mato Grosso do Sul (0,35%) e o Distrito Federal (0,65%). ACUMULADO – Na análise do comportamento do Caged mato-grossense de janeiro a setembro deste ano, o saldo é positivo, porém, não apresenta mais os índices superlativos de junho, quando o acumulado daquele período em relação ao igual momento de 2009 revelou expansão de 85,66%. Até setembro de 2009, o Estado contabilizava 23.313 novas vagas, até o mês passado os números de novas frentes de trabalho com carteira assinada somou 30.322, incremento de 30%. O LADO BOM - Conforme os dados divulgados ontem, apesar das perdas na indústria de transformação, o mês encerrou com uma leve expansão (0,08%) frente ao saldo do mês anterior. A variação positiva foi sustentada pelas contratações do comércio, serviços e agropecuária. O comércio foi o maior empregador do Estado em setembro. Conforme o Caged foram 940 novos postos, seguido pelo setor de serviços (+644 postos) e da agropecuária (+506 postos), cujos saldos superaram a queda da indústria de transformação (-1.761 postos). A retomada das contratações no campo acontece em função do fim da entressafra no Estado com o início da safra 10/11 com o plantio da soja. Para o presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio/MT), Hermes Martins da Cunha, os números divulgados ontem surpreenderam, já que a ascensão do setor era esperada no balanço de outubro do Caged. “Acho que teremos de reavaliar nossas projeções de contratações temporárias para 2010”, disse de forma bem humorada. Apesar de o contingente novo não estar ainda na frente das prateleiras, Hermes explica que as contratações se fazem necessárias neste momento como forma de treinar e qualificar os novos funcionários. “Ótimo para o setor e para economia local que esteja havendo esta antecipação. Não há dúvidas de que esse número já reflita a movimentação de contratações temporárias”. A estimativa, ainda mantida pela Federação, é de que sejam criados de 4,3 mil a 4,5 mil vagas, sendo que um terço disso será absorvido em Cuiabá. “Outubro será nosso termômetro, quem sabe possamos contabilizar 5,5 mil novos empregados no comércio?”.
 
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