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23/05/2009 - 00:00

Epidemia de hanseníase persiste em MT

Por Jornal Oeste

JOANICE DE DEUS Da Reportagem O número de novos casos de hanseníase em Mato Grosso caiu 13% em 2008, recuo que fez com que o estado saísse pela primeira do topo do ranking nacional da doença, posto ocupado ao longo de 10 anos. Apesar disso, autoridades da Saúde pública alertam que Mato Grosso ainda é considerado um estado hiperendêmico quando o assunto é a enfermidade, o que faz com que a população precise ficar sempre alerta. Dados preliminares da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram que em 2007 foram registrados 3.008 casos novos de hanseníase, número que baixou para 2.616 no ano passado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a incidência de até 10 casos para 100 mil habitantes, escala que passou a ser usada desde o ano passado. No Estado, existem 80 casos para 100 mil habitantes – ou seja, índice oito vezes maior que o considerado ‘tolerável’ dentro de determinada população. “Por isso que continuamos numa situação hiperendêmica”, explica o coordenador Estadual do Programa de Controle da Hanseníase, Cícero Fraga de Melo. Na próxima semana, de terça a quinta-feira, representantes do Ministério da Saúde e das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste participam, em Cuiabá, de uma reunião de planejamento e avaliação do programa de combate à hanseníase. No ano passado, após 10 anos consecutivos, Mato Grosso saiu do primeiro para o segundo Estado em detecção de casos novos. Em primeiro ficou o Tocantins. “Isso é resultado da implementação das ações. A gente tem trabalhado para redução dos casos e a tendência é que os caiam cada vez mais”, acredita Melo. No Estado, a maioria dos casos ocorre em homens. Mas uma das situações que têm preocupado é o registro envolvendo crianças. No ano passado, foram 86 casos. “É um número significativo. Enquanto tivermos registro em crianças isso significa que a doença está em ativa”. Conforme o coordenador, o percentual de cura aumentou de 65% em 2007 para 84% em 2008. Mas ainda está abaixo do considerado ideal pela OMS - 90%. Outra preocupação são os pacientes com incapacidade física decorrentes de sequelas provocadas pela doença. Conforme Melo, apesar do Estado contar com profissionais capacitados para realizar cirurgias e corrigir lesões, a expectativa é que somente em junho o Hospital Geral Universitário (HGU), que foi credenciado pelo Ministério da Saúde, passe a fazer as operações. Segundo o coordenador, as pessoas que atualmente precisam do procedimento cirúrgico são encaminhadas para fora do Estado. Mesmo assim, 200 pacientes aguardam na fila. Ele afirma que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) tem investido em capacitações dos profissionais da área e feito a busca ativa, entre outras atividades, para evitar que a doença seja diagnosticada tardiamente. “Nosso objetivo é continuar detectando casos novos para que o doente seja tratado antes do avanço da doença”, frisa. Por outro lado, para eliminar a doença é preciso investir em políticas públicas que visem melhores condições de vida, já que as taxas elevadas de prevalência de hanseníase refletem, em geral, baixos níveis de condições de vida e de desenvolvimento socioeconômico, o que não significa que indivíduos com melhor poder aquisitivo são imunes à doença. A hanseníase, uma doença milenar, é uma enfermidade dermatoneurológica, que apresenta sinais como manchas e compromete todos os nervos do organismo, inclusive o óptico. A transmissão se dá pela via respiratória, sendo que existem quatro formas da doença.
 
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