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21/09/2010 - 00:00

Escolha de Pardal e Série D ‘azedam’ relações na

Por Jornal Oeste

CRAQUESDORADIO Oficialmente, ninguém fala. Admitir então, nem pensar. Mas o clima entre o presidente da FMF, Carlos Orione, e o seu vice, João Carlos de Oliveira está, no mínimo, estremecido. E o pivô do conflito, mesmo sem culpa evidente, parece ser o União Esporte Clube e a cobiçada vaga de Mato Grosso na Série D do Campeonato Brasileiro de 2011. Situação que pode ter reflexo na próxima eleição federacionista. No dia 20 de maio, aqui no craquesdoradio, Orione anunciou que o União, recém campeão estadual, era o escolhido da FMF para representar o Estado na competição nacional. Na ocasião o veterano dirigente alegou que “a CBF exige a definição antecipada e como campeão mato-grossense o União está sendo o escolhido”. Até hoje, no entanto, passados quatro meses, pouquíssimos estados definiram com tamanha antecedência os seus representantes. Muitos, inclusive, tem competição seletivas em andamento. É questionável, portanto, o argumento da exigência antecipada da CBF. Desde 20 de maio também todas as demais equipes que compõem a Primeira Divisão do certame regional criticaram a decisão do presidente. Cobravam (e cobram) a manutenção da escolha antes utilizada, ou seja, a indicação do campeão da Copa Mato Grosso para a 4ª Divisão brasileira. Quatro dias depois da decisão de Orione até o seu principal vice, João Carlos de Oliveira, questionou a decisão defendendo que como o União já estava na Copa do Brasil a vaga da outra competição deveria ser decidida na Copinha. Mesmo com freqüentes reclamações anti-unioninas, o assunto foi se arrastando sem grande barulho até que, há 60 dias, Orione licenciou-se para tratamento de saúde e deixou o cargo sob comando do vice João Carlos que, aos poucos, foi impondo suas idéias e filosofia de trabalho. Quando o Mixto foi eliminado da Série D as cobranças em cima do presidente em exercício ecoaram mais forte e novamente ele se manifestou contrário a indicação antecipada do Colorado. Também aqui no craquesdoradio, João lembrou que o União ainda não estava “oficialmente indicado” na CBF e que só existe até agora a decisão do presidente Orione de “premia-lo” com a vaga. Um ou dois dias depois o jornal A Gazeta publicava que o presidente estava reassumindo seu cargo a partir desta segunda-feira. Ao ser perguntado sobre a volta do ‘Barão’ (como Orione é chamado no mundo do futebol), em entrevista à Rádio Cultura João Carlos deixou claro sua insatisfação com o retorno do titular. “Tenho muitos projetos e idéias que estou implantando e gostaria de ficar mais um tempo (na presidência), mas o cargo é dele (Orione), tenho que sair…”, respondeu. No mesmo dia (sexta-feira) Orione baixou portaria anunciando nova licença – desta vez por 10 dias – e nomeando Márcio Carreto Pardal, o presidente do Mixto e um dos seus vices para assumir o cargo. Surpresa geral, inclusive para o dirigente mixtense. João Carlos foi apenas comunicado sobre a decisão e não esconde sua insatisfação. Na manhã desta terça-feira disse ao repórter Luiz Esmael, do jornal A Gazeta, que “prefiro não comentar este assunto”. Poucas horas depois, falei com ele por telefone e inicialmente ouvi a mesma resposta. Mas, durante a conversa afirmou não acreditar que suas declarações sobre a Série D possam ter motivado esta decisão de Orione. Acha mais provável que seja a demora para o repasse do dinheiro do Estado aos clubes. “Ele (Orione) me cobrou a demora para a liberação deste dinheiro, mas isso não depende de nós. Estamos fazendo o possível”, frisou, reafirmando: “mas ele é o presidente, ele decidiu assim, tudo bem”. Em seguida, tentei também conversar sobre o assunto com o ‘Barão’, mas ele está novamente em São Paulo para continuar seu tratamento de saúde e não atendeu as ligações. Orione pode realmente ter se irritado com a contestação do vice à sua decisão em relação ao União (afinal, sendo ‘canetada’ ou não, ele é o presidente da FMF e com autoridade para tal perante a CBF). Esta parece ser a hipótese mais aceitável para a ‘retaliação’ demonstrada com a nomeação de Pardal. E tudo leva a crer que a questão do repasse tenha sido usada apenas como ‘desculpa’ para se explicar diante de João Carlos. Agora há pouco ouvi de um amigo jornalista, que prefere não ser identificado – “por ser amigo de ambos” – uma teoria interessante: “Orione, na verdade, colocou o Pardal para definir que o representante na Série D sairá da Copa Mato Grosso. É uma forma de cancelar a indicação do União sem arrumar um problema de relacionamento com o time de Rondonópolis”. E só uma teoria, mas para ser pensada. O estremecimento das relações entre presidente e vice da FMF , que parece ser evidente, pode não ter lá grande importância, mas pode ter forte influência numa possível sucessão de Carlos Orione. Afinal, fiel escudeiro – é vice há mais de 20 anos -, João acumula conhecimentos e bons relacionamentos com dirigentes de ligas e clubes do Estado todo. Pode ser uma espécie de fiel da balança na próxima eleição. Afinal, já manifestou milhares de vezes seu desejo de um dia ser o titular da cadeira presidencial da Rua 13 de Junho.
 
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