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19/09/2010 - 00:00

Demissões alteram maneira de vida de trabalhadores do Friboi

Por Jornal Oeste

JORNAL EXPRESSÃO A demissão inesperada dos trabalhadores do frigorífico JBS/Friboi, em Cáceres, na semana passada, altera o comportamento e a forma de sobreviver de centenas de pessoas. Sem emprego, os demissionários articulam todos os meios para manter o sustento. Maria Ramos, 52 anos, há 12 na empresa, diz que irá vender cosméticos. “Tenho que me virar. Estou planejando vender cosméticos”. Maria é casada e tem 7 filhos. Com a esposa grávida de 6 meses, a situação de Everson de Campos Rodrigues, 21 anos, funcionário na empresa há 2 anos, também não é das melhores. “Meu filho vai nascer daqui há 3 meses. Vou ter que aventurar nem que seja na pesca”. Funcionária há 4 anos, J.M.S vai além. Ela diz que “eu já ganhava pouco e agora sem trabalho vou ter que rodar bolsinha na praça” afirma assegurando que a situação dela é semelhante à de muitas colegas. Há ainda dezenas de casos curiosos. O operador de máquinas, Manoel de Arruda, 37 anos, há 10 no Friboi, afirmou que a primeira decisão tomada após a notícia foi adiar o casamento, que estava marcado para o final do ano. “Agora, é esperar o dinheiro dos direitos trabalhistas cair na conta pra ver o que vai dar pra fazer”. O operador A.H.F que foi demitido junto com o irmão, disse que. “Estamos acordando às 4 horas da manhã para socar arroz no pilão e fazer bolo para vender nas ruas, logo de manhazinha”. No início nenhum trabalhador passará necessidade. Na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação começou a homologar as rescisões contratuais dos cerca de 600 demitidos. Uma equipe está trabalhando no interior da empresa para o acerto dos funcionários. Inicialmente, segundo informou o sindicato, serão homologadas 300 rescisões. As restantes ficarão para esta semana. As instalações do frigorífico não ficarão totalmente desativadas. Cerca de 200 funcionários da empresa Lopesco, que tem a mesma razão social do Friboi, permanecem trabalhando. Eles manipulam tripas bovinas, que são exportadas para a produção de fio cirúrgico, e o material agora passa a ser fornecido por outras unidades do Friboi na região. Apesar do fechamento da maior empresa de Cáceres ter causado impacto, especialmente prevendo a queda de arrecadação e de giro de moeda no comércio local, há um outro lado: a cidade tem três micro-frigoríficos, todos eles com licença sanitária para atuar. Com o final das operações de abate do Friboi, o trabalho das três pequenas empresas deve aumentar e ser valorizado, para abastecer supermercados e açougues da cidade, garantindo carne saudável à população e a retenção do lucro no município.
 
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