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10/09/2010 - 00:00

Sindicato confirma demissão de 300 dos 700 funcionários do Friboi de Cáceres

Por Jornal Oeste

Marianna Peres DIÁRIO DE CUIABAÁ Pelo menos 300, dos cerca de 700 funcionários diretos da unidade do JBS-Friboi, em Cáceres, começam a assinar na semana que vem as rescisões contratuais que deverão ser homologadas entre quinta-feira e sexta-feira. Conforme uma funcionária do Sindicato, houve um comunicado do JBS-Friboi confirmando as primeiras demissões. Ninguém soube informar se haverá redução no número de colaboradores, ou se os desligamentos serão realizados em duas etapas. Ainda segundo o sindicato, alguns funcionários da área administrativa serão transferidos para outras unidades do Grupo no Estado. Na cidade, o volume de demissões passa a ser um indicativo claro de que a anunciada paralisação por 90 dias deverá se estender por um prazo ainda maior. A unidade é a maior empresa privada do município e somente a suspensão da folha de pagamento dos seus 700 colaboradores diretos vai tirar da economia local, principalmente do comércio e prestadores de serviços, cerca de R$ 406 mil ao mês, considerando o volume de funcionários e uma média salarial de cerca de R$ 580, piso comercial. O fechamento da unidade, mesmo que temporário, desencadeará um ‘efeito cascata’ sobre a economia local, como avalia o presidente do Sindicato Rural, João Oliveira Gouveia Neto. “Além da perda de empregos diretos, a unidade gera toda uma rede de prestadores de serviços, desde hotéis, passando por transportadores de bois, de carnes e de empresas fornecedoras ao Grupo, que eleva o número de dependentes da empresa para cerca de 5 mil”. O encerramento das atividades não foi confirmado pela assessoria de imprensa do Grupo, que fica em São Paulo. O Diário fez contato e aguardou retorno até o fechamento, por volta das 19h30 de ontem. A notícia de que o fechamento da unidade seria efetivado a partir de ontem, ecoou após o feriado de 7 de Setembro. Os funcionários que vinham de férias coletivas de 30 dias foram informados de que o recesso seria estendido por mais 90 dias. Conforme o Sindicato Rural, ontem mesmo a unidade já não operou, “apenas o setor de calibragem e de vendas diretas funcionou”, contou o gerente sindical, Liberato Lino da Silva Júnior. Ainda como ele aponta, a desativação da unidade de maneira temporária, ou não, ainda não foi oficialmente comunicada. O presidente do Sindicato, João Neto, conta que entre os motivos para a paralisação estaria a falta de retorno financeiro no mercado interno, já que a unidade não tem habilitação para exportação e que a desativação poderia estar sendo revista pelo JBS no início do próximo ano, podendo voltar a operar normalmente. A planta de Cáceres é uma das nove unidades do Grupo no Estado e tem capacidade para abate de até 600 animais/dia. Ainda de acordo com informações apuradas em Cáceres, o sistema de venda direta de carnes que o JBS adotou, por meio de vans e feito porta-a-porta, será mantido e as 13 que operam na cidade serão abastecidas pela planta de Araputanga, próxima a Cáceres. MOTIVOS – Como o Grupo não emite esclarecimento oficial, várias hipóteses foram disseminadas na cidade para justificar o fechamento da unidade, que há sete anos pertencia ao Grupo, mas que operava há 25 anos. O fechamento poderia ser fruto de uma estratégia comercial para forçar os ajustes dos preços pagos pelos bois e que a empresa estaria enfrentando problemas com as vendas no mercado interno e externo e para reduzir prejuízos estaria desativando temporariamente algumas unidades pelo país. Ainda no campo das especulações, há quem diga que o mercado estaria rejeitando a carne produzida em Cáceres porque a maioria dos animais abatidos estariam sendo alimentados com ração, o que estaria comprometendo o sabor dos cortes. A empresa também estaria decepcionada com os últimos gestores do município que ao longo dos anos não se preocuparam em pavimentar e melhorar a infraestrutura do entorno do maior gerador de emprego da cidade. PROBLEMAS – Anteontem, o mercado nacional recebeu a informações de que o governo russo suspendeu de forma temporária, as importações de carne bovina de três unidades do frigorífico JBS-Friboi e de carne de aves de uma unidade da Seara Alimentos, comprada pelo Marfrig em setembro de 2009. Duas unidades do JBS estão em Mato Grosso, uma em Barra do Garças e a outra em Araputanga. Sobre o embargo, "a JBS informa que desconhece o motivo da desabilitação e comunica que manterá o fornecimento aos clientes daquele país através de outras plantas habilitadas no Brasil e nas demais plataformas de produção que a Companhia possui em países habilitados ao mercado russo. Dessa forma, a JBS acredita que o impacto financeiro resultante das medidas tomadas pelas autoridades russas tende a ser pouco relevante à Companhia". Mercado escasso determina arroba O rebanho bovino de Cáceres é um dos maiores do Estado, cerca de 870 mil cabeças, e segundo Sindicato Rural, a curto prazo a desativação da unidade não pressionará a cotação da arroba para baixo, já que o mercado vive um momento de oferta abaixo da demanda, o que deverá segurar os preços até o final do ano. Ainda ontem, a arroba do boi gordo em Cáceres se mantinha entre R$ 70 e R$ 72, tendo pico de R$ 75, num claro reflexo do mercado do boi e não da situação local. O presidente do Sindicato Rural de Cáceres, João Oliveira Gouveia Neto acredita que os bois que antes eram abatidos na unidade deverão ser encaminhados para outras plantas que o JBS tem perto de Cáceres, como Araputanga, Quatro Marcos, Mirassol D´Oeste, Tangará da Serra e até Cuiabá. “Talvez, a partir do próximo ano, a arroba possa vir a sofrer depreciação em função desta desativação”. Já o gerente Sindical, Liberato Lino da Silva Júnior, avalia que no médio e longo prazo o fechamento da planta poderá gerar um depreciação sobre o valor das terras na região, “mesmo porque com a circulação de dinheiro reduzida na cidade, a depreciação é algo dado como certo”. Questionados sobre a situação dos pecuaristas fornecedores do JBS de Cáceres, os dois ruralistas foram unânimes em dizer que o Grupo sempre foi muito correto “nunca se atrasou um dia de pagamento” e que as vendas são feitas à vista e que o segmento não corre nenhum risco de calote. Atualmente cerca de 200 pecuaristas da região forneciam animais à unidade. (Colaborou Clarice Navarro Diório, da sucursal de Cáceres)
 
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