08/09/2010 - 00:00
Friboi fecha frigorífico de Cáceres e desemprega 700
Por Jornal Oeste
Gonzaga Júnior
Da Editoria
Criado em 1985, na plenitude da liderança econômica de Cáceres no sudoeste do Estado com o nome, Quatro Rios, o Frigorífico que há sete anos é controlado pelo Grupo Friboi, um dos maiores do mundo, vai encerrar as suas atividades na cidade após 25 anos.
As primeiras informações são que o fechamento se dará a partir de amanhã por um período de 90 dias, para uma readequação da planta industrial, mas servidores ouvidos pela reportagem temem a empresa não reabra as suas portas.
A decisão, ainda não foi oficializada, mas teria sido tomada na manhã de hoje em uma reunião com a gerência local que contou com as presenças dos diretores do grupo, Antônio Freitas, Gerson Valenas e Fabio Viegas.
Fontes da empresa não confirmam os motivos, mas a reportagem apurou que a planta industrial estaria ultrapassada e economicamente não estaria sendo mais sustentável já que também não pode exportar a sua produção porque a área do entorno da empresa não é pavimentada e por isso não possui habilitação de compradores estrangeiros.
O anunciou oficial deve acontecer de hoje para amanhã e será um duro golpe para a cidade e para os 600 funcionários que retornariam amanhã das férias coletivas de 30 dias.
O Frigorífico é a maior empresa privada de Cáceres.
Além de atingir diretamente cerca 5 mil pessoas que sobrevivem da empresa, a medida provocara um efeito devastador em Cáceres já que a base econômica do município é a pecuária.
Sem o dinheiro do setor, a cidade corre o risco de entrar em colapso.
O vereador Antônio Salvador da Silva (PSDC), ex-funcionário e atualmente distribuidor de carnes do Friboi no comércio de Cáceres, disse que ainda não foi informado oficialmente da decisão e que se reunirá esta tarde com a gerência da empresa.
Salvador disse que apenas tem ouvido boatos que a empresa faria uma paralisação de 90 dias para readequação, porém mostrou-se preocupado com um possível fechamento definitivo.
"Isso é uma catastrofe para nossa cidade. Tem 700 pais de família que vivem dali. Há casos inclusive de marido e a mulher que trabalham lá há anos”, argumentou.
O vereador afirmou que durante os últimos 30 dias em que o Friboi esteve parado, teve que buscar carne em Cuiabá, Quatro Marcos e Araputanga para abastecer seus clientes.
Com relação aos motivos para o fechamento, ele levantou algumas hipóteses que ficaram apernas no campo da especulação.
Uma delas é de que o mercado estaria rejeitando a carne produzida em Cáceres porque a maioria dos animais abatidos estariam sendo alimentados com ração, o que estaria comprometendo o sabor.
Salvador também citou a decepção da direção da empresa com os últimos gestores do município que ao longo dos anos não se preocuparam em pavimentar e melhorar a infra-estrutura do entorno do maior gerador de emprego da cidade.
O prefeito Túlio Fontes que está em Brasília, se mostrou perplexo com a notícia e afirmou que isso será “um desastre para economia do município”, que hoje está em ascensão com o aporte de mais de R$ 20 milhões em investimentos privados e mais de R$ 50 milhões em obras publicas. Ele também lembrou da ZPE que está prestes a ser consolidada, podendo inclusive beneficiar o próprio Friboi.
“Se depender de mim, isso não vai acontecer. Vou procurar a direção do Friboi e vou aos governos federal e estadual e aonde mais for necessário para solucionarmos este impasse”, disse por telefone.
Túlio Fontes afirmou que colocou uma equipe da prefeitura liderada pelo secretário de Indústria e Comércio, Adilson Reis e pelo Procurador Marionely Viegas, para que apure todas as informações para que o município possa se posicionar sobre a questão.
Paralisação
A planta industrial do frigorífico Friboi em Cáceres deu férias coletivas no mês passado, alegando falta de oferta de boi gordo para o abate.
Nesse período as três outras unidades do grupo no Estado, em Pedra Preta, Quatro Marcos e Araputanga continuaram funcionando normalmente.
“Aproveitamos este período de escassez de produto para fazer reformas na planta e dar férias coletivas aos nossos funcionários”, disse uma fonte do frigorífico de Cáceres na época.
A unidade tem 550 funcionários e a capacidade de abate é de 600 animais por dia.
De acordo com um funcionário do setor de abates da empresa, as compras vinham diminuindo nos últimos dias e, com isso, o frigorífico chegou a abater apenas 450 cabeças por dia.
Pavimentação
A empresa jamais admitirá isso publicamente, mas para a maioria dos funcionários, um dos fatores que levaram a decisão do fechamento do Frigorifico, é a questão da pavimentação do entorno.
Em 2008, durante uma reunião realizada na sede do Friboi, as vésperas da eleição municipal, o ex-prefeito Ricardo Henry (PP), prometeu a funcionários e diretores a pavimentação, um antigo pleito da empresa.
No encontro inclusive ficou acertado que o Friboi, que tinha urgência na pavimentação para conseguir habilitação para exportação, arcaria com recursos necessários para aquisição dos tubos para a drenagem da extensão a ser pavimentada.
O ex-prefeito chegou dar inicio a obra e garantiu que ela seria concluída inda em 2008.
Máquinas da empresa Trimec chegaramn executar a drenagem, mas a obra não foi cocluída.
No inicio do ano passado, a prefeitura tentou retomar a obra, mas se surpreendeu ao descobrir que se quer havia projeto para a pavimentação das ruas Barcelona e vereador Osvaldo Batista, que contornam o Frigorífico.
No ultimo dia 11 de junho, a pavimentação voltou a ser tema político.
Durante um ato promovido pelo deputado federal Pedro Henry (PP) no Colégio Demétrio Costa Pereira, que contou inclusive com a participação do governador Silval Barbosa (PMDB), Henry prometeu recursos para pavimentação das ruas do entorno do Frigorifico.
Ao seu estilo, o deputado afirmou que o dinheiro para a obra estava assegurado e era fruto de emenda parlamentar que contaria com contrapartida do Estado.
Em tom irônico, o deputado dispensou inclusive a ajuda do Frigorifico, que há anos se propõe a ajudar na obra, e da própria prefeitura de Cáceres, que segundo ele não tem capacidade para dar contrapartidas.