Jornal Oeste

Assessoria/PMC A prefeitura de Cáceres, através da Comissão de Licitação, ligada a Secretaria de Administração, realiza no próximo dia 12, um pregão para aquisição de tubos de 100 milímetros, conexões e outros materiais, para promover mudanças na rede de distribuição de d’água, visando aumentar a vazão e minimizar os problemas gerados pela falta de investimentos, rede inadequada, expansão urbana desordenada e pela implantação de loteamentos e conjuntos habitacionais sem planejamento, a exemplo o residencial Novo Paraíso, inaugurado no ano passado na região do Bairro Guanabara. De acordo com o engenheiro João Bastos de Pinho Filho (Jango), responsável pela Nortec Consultoria, Engenharia e Saneamento, empresa que gerencia o Serviço de Água e Esgoto do município (SAEC), o investimento de aproximadamente R$ 50 mil, em recursos próprios, será aplicado em uma nova rede, ligando o bairro Vitória Régia ao Jardim Guanabara. A obra, segundo ele, vai melhorar a distribuição nos bairros da região, especialmente, Nova Era, Santa Catarina, Guanabara e Residencial Novo Paraíso. “Infelizmente ainda não temos os recursos para uma solução definitiva, porém o que será feito vai melhorar muito em relação à situação atual”, explica. O engenheiro também revelou que a prefeitura já esta trabalhando em um projeto para minimizar a situação do Bairro Santos Dumont, localizado na chamada “ponta de rede”. Segundo o diretor da Nortec, a água chega com pouca pressão ao Bairro, por ele estar distante do buster localizado na Avenida Sete de setembro, que bombeia água para região do grande DNER. A solução imediata, segundo Jango, é a construção de um poço e uma caixa d’água. Ele explicou que há vários dias a Nortec está procurando um local adequado. O engenheiro revelou inclusive que já verificou a possibilidade de utilizar um poço existente na Cidade Universitária da Unemat, mas que ele foi descartado por ter água salobra. A qualidade da água existente no subsolo do Santos Dumont, segundo o morador Antônio Rosa da Silva, foi o que impediu na década de 80, a ex-prefeita Ana Maria da Costa e Faria, implantar um sistema de distribuição, utilizando poços. “Chegaram a construir o poço e a caixa d’água, mas eles foram abandonados porque a água era salobra”, lembrou. De acordo com diretor da Nortec, no pregão do dia 12, a prefeitura também vai adquirir materiais e equipamentos para manutenção no poço e do sistema de armazenamento e distribuição que atende o grande Jardim Padre Paulo, que engloba os bairros, Cohab Nova, Massa Barro, Vila Irene, Vila Nova, Betel, Jardim Solução e Vista Alegre. Ele acrescentou que desde que foi inaugurado, há quase 30 anos, o sistema nunca foi limpo. Jango afirmou ainda que na mesma região também serão instalados 300 medidores com objetivo de combater o desperdício, gerado pelas ligações clandestinas. “Com esse trabalho esperamos melhorar ainda mais o abastecimento na região”, frisou. Paralelamente a estas ações, o diretor da Nortec lembrou que a prefeitura está investindo R$ 40 mil, em recursos próprios, na implantação de 2.200 metros de rede que vai atender mais de mil famílias de dez bairros. Ele disse que esta expansão, aliada as 700 novas ligações feitas nos últimos meses, comprovam a necessidade emergencial de investimentos no sistema. “O prefeito Túlio Fontes está ciente disto e há vários meses está trabalhando em busca de recursos para resolver definitivamente o problema da água em Cáceres”, disse. O engenheiro reafirmou que água produzida pela SAEC é de alto padrão e se ela eventualmente perde qualidade quando chega a alguns consumidores, é por problemas na rede, que é velha, inadequada e sofre constantes infiltrações, provocadas na maioria das vezes, por ligações clandestinas. Ele também garantiu que 71% da cidade recebe água 24 horas por dia e que 26% recebe o produto durante 12 horas. Jango revelou que apenas 3%, vive um situação critica, que já está sendo sanada pela prefeitura. O diretor da Nortec argumentou que os problemas enfrentados pela SAEC são decorrentes da falta de investimento e gestão, especialmente na administração anterior. Ele disse que o gerenciamento era tão precário, que a empresa se quer possuía CNPJ e licença de operação. “Conheço este sistema como a palma da minha mão e posso garantir que tudo que está acontecendo hoje é resultado da falta de investimento e planejamento”, afirmou o engenheiro que foi diretor técnico da Sanemat, por 30 anos. Novo Paraíso prejudicou abastecimento no Guanabara Acompanhado do líder comunitário Aurino de Castro, o diretor da Nortec e o procurador geral do município, Marionely Viegas, visitaram esta semana os bairros Jardim Guanabara, Novo Paraíso, São José e DNER. Na visita, realizada na tarde de terça-feira, 3, eles constataram que em todos os bairros havia água,inclusive no Jardim Guanabara. No Novo Paraíso, onde todas as casas possuem reservatório, várias famílias estavam lavando roupas. A dona de casa, Idalina Sales Ribeiro, moradora do número 125 da Rua das Cajazeiras no Guanabara disse que a falta d’água no bairro surgiu a partir da inauguração no residencial Novo Paraíso. “Depois que construíram essas casinhas, a água não consegue mais subir na caixa”, contou. Já no São José, varias pessoas foram flagradas molhando ruas e lavando calçadas. No bairro DNER, o açougueiro Idacir Antoniazi disse que nunca faltou água. Perito do MP diz que problemas e soluções apontados pela prefeitura estão corretos O engenheiro Lauro Mendes Filho, nomeado pelo Ministério Publico, para avaliar um relatório produzido pela prefeitura de Cáceres, sobre a situação atual do sistema de produção e abastecimento de água na cidade, disse nesta terça-feira, 3, durante audiência publica realizada na Câmara de Vereadores, que o documento elaborado pela Nortec está correto. Ele confirmou que os problemas foram gerados pela falta de gerenciamento e investimento e afirmou que a prefeitura precisará de no mínimo R$ 10 milhões para uma solução definitiva para a questão. O engenheiro inclusive confirmou que as medidas emergências sugeridas e adotadas pelo município para resolver problemas críticos, também estão corretas. Ele apenas sugeriu a construção de uma sub-adutora ligando o buster existente na Rua Padre Casemiro ao Bairro Jardim Guanabara. Lauro Mendes também se comprometeu em apresentar num prazo de dez dias um orçamento com o custo para esta intervenção, que, aliás, também vinha sendo estudada pela Nortec. O orçamento será apresentado à prefeitura pelo MP e uma comissão formada por vereadores e moradores. Com relação ao Santos Dumont, o engenheiro afirmou que a iniciativa da prefeitura em buscar um poço para abastecer o bairro, é a medida mais viável de forma emergencial. Ele alertou que o maior entrave será encontrar uma fonte que não tenha água salobra. O engenheiro ponderou que Cáceres sofre devido ao crescimento desordenado e a falta de investimento na melhoria do sistema distribuição d’água. Neste aspecto ele sugeriu que a prefeitura seja rigorosa na autorização de construção de novas casas e abertura de novos bairros. “Tem que jogar duro, porque senão o problema acaba estourando no colo da prefeitura”, argumentou citando como exemplo o residencial Novo Paraíso, que segundo ele é o maior responsável pela falta d’água no Jardim Guanabara. A audiência foi marcada pela tentativa de politização do problema, por queixas e também por sugestões. Com relação à tentativa de politização, ela foi combatida fortemente pelo promotor André Luiz de Almeida que chegou a discutir rispidamente com um líder comunitário conhecido como Dener Cabeleireiro, que reclamou por ter sido excluído de uma comissão de moradores que irá tratar das questões a partir de agora com a prefeitura. Esmeraldo Catarino do Nascimento, o Edinho, morador do Jardim Guanabara reclamou que há três dias a água não chega no bairro. Ele revelou que o problema é agravado porque muitos moradores não possuem reservatório. Já Lourival Silva, do Bairro Vitória Regia reclamou no preço da tarifa. O morador do Massa Barro, Luiz Miguel, por sua vez afirmou que o bairro não enfrenta falta d’água e disse que estava na reunião apenas para cobrar investimentos na melhoria do sistema. A mesma afirmação foi feita pelo presidente da Associação de Moradores do Bairro Cohab Nova, Geraldo Majela. O estudante Leandro Xavier, questionuo a necessidade de contratação da Nortec para gerenciar o sistema. A resposta foi dada pelo perito do MP, que confirmou que terceirização do gerenciamento é a medida mais correta, porque barateia o custo para a prefeitura. O morador do Bairro Santa Cruz, Luiz Alberto Vargas, disse que no seu bairro não falta água, mas sugeriu que o município subsidie a aquisição de caixas d’águas para famílias de baixa renda. A proposta foi avalizada pelo vereador Alonso Batista. Vargas criticou a tentativa de politização da audiência. Ele disse que isso não traria solução para o problema. Ele também criticou a falta de investimento e planejamento do sistema da água ao longo dos anos. “Se não fizeram isso, fizeram uma grande sacanagem com a população de Cáceres”, disparou. A audiência contou ainda com as presenças dos vereadores Lucia Gonçalves, Cabo Nilson Pereira e Josias Modesto. O prefeito Túlio Fontes, que não pode estar presente porque estava em Cuiabá negociando um antigo débito da prefeitura com Rede Cemat, foi representado na audiência pelo procurador Marionely Viegas, que costurou um entendimento para que o MP continue buscando solução para os problemas em conjunto com a prefeitura. Relatório do MP diz que Cáceres tem 4200 ligações clandestinas No relatório apresentado na terça-feira, 3, o engenheiro Lauro Mendes confirmou que das 18 mil ligações d’água existentes em Cáceres, aproximadamente 4200 são clandestinas, situação que agrava ainda mais a problemática da água. Ele sugeriu que a prefeitura combata esta situação com rigor. Outro ponto destacado é que muitas residências não possuem caixas d’água, fato que gera um grande desperdício. O engenheiro também confirmou os números apresentados pela prefeitura e atestou que 71% da cidade recebe água 24 horas por dia, 26%, doze horas por dia e que apenas 3% tem problemas no abastecimento. Com relação às ligações clandestinas, o diretor da Nortec, disse que desde que a empresa assumiu o sistema, já efetuou a regularização de 900 ligações. Ele afirmou que nos últimos meses foram instalados 500 hidrômetros em vários pontos da cidade. “Encontramos de grandes empresas a residências humildes usando água tratada sem pagar”, revelou. Ele rebateu as criticas em relação ao valor da tarifa. Segundo o diretor, Cáceres possui uma das tarifas mais baixas Estado e do país.