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18/07/2010 - 00:00

5 doenças atingem 43 mil pessoas em MT

Por Jornal Oeste

Caroline Lanhi Da Redação Cinco das doenças mais endêmicas de Mato Grosso registraram juntas mais de 43 mil casos no primeiro semestre deste ano. Dengue, hanseníase, hantavirose, malária e leishmaniose visceral e tegumentar americana vitimizam pessoas em diferentes regiões do Estado, não possuem vacina e estão associadas às condições precárias de moradia, saneamento básico, vida e saúde. A dengue domina a maior parte desse número, 40.264 notificações, 68,7% do que foi registrado durante todo o ano de 2009. Este ano, as mortes pela doença já chegam a 44. Mas, segundo o superintendente de vigilância em saúde do Estado, Oberdam Ferreira Coutinho, a realidade da dengue está muito longe de mudar. Essa previsão desastrosa é feita com base na realidade de grande parte das cidades mato-grossenses, começando pela Capital, onde não há coleta de lixo adequada, saneamento básico de qualidade e onde o abastecimento de água é precário, obrigando os moradores a armazenarem água em caixas d"águas. Tudo potencializado pela falta de educação. "Ou os gestores públicos melhoram a estrutura e os serviços públicos ou teremos que esperar pela chegada de uma vacina, que deve demorar pelo menos 2 anos". Aliado a isso está a dificuldade de eliminação dos criadouros, já que o mosquito busca lugares cada vez mais inusitados para se reproduzir. "Já sabemos que o mosquito se reproduz até em bebedouro e que os lugares onde há grande aglomeração de pessoas são os principais locais de disseminação da doença. Em um supermercado, por exemplo, 10 mosquitos podem contaminar até 150 pessoas". Além do mosquito se domiciliar cada vez mais, os sintomas também mudaram, dificultando o diagnóstico. Agora, mais que dores nos olhos e nas juntas, os pacientes sentem dores abdominais e complicações logo após a febre baixar, fatores que atrasam o diagnóstico para até 7 dias. "Com tudo isso, a doença está deixando de ser sazonal", alerta o superintendente. Leishmaniose - Outra doença que está relacionada as condições precárias de vida é a leishmaniose, que pode ser visceral (LV) ou tegumentar americana (LTA). Nesses 6 primeiros meses, Mato Grosso contabilizou 20 casos de LV, com 2 óbitos confirmados, e 1.123 de LTA. A doença se prolifera em regiões urbanas periféricas, onde o mosquito vetor encontra aglomerados, proximidade com a área rural, umidade, matéria orgânica em decomposição (lixo) e animais sem acompanhamento veterinário. Apesar da realidade ser muito diferente de 1999, quando a LTA atingiu o pico de 5.504 casos confirmados, a vigilância é constante. Principalmente com a visceral, também conhecida como calazar, pois se não tratada ela evolui para óbito em mais de 90% dos casos. A LV afeta as vísceras, como o fígado e o baço, além da medula óssea e tem no cão o principal reservatório do protozoário. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para a doença, mas a prevenção depende basicamente da pessoa não se expor nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite), limpar quintais e terrenos e ficar atenta aos sintomas e à saúde dos cães de estimação. Hanseníase - Dados extra-oficiais mostram que 952 casos novos de hanseníase foram detectados até a última semana. Mato Grosso é superendêmico em hanseníase e persiste no 1º lugar do ranking nacional da doença. Durante todo o ano de 2009, de acordo com uma prévia realizada em maio, foram detectados 2.646 casos no Estado, ou seja, 88,15 casos a cada 100 mil habitantes. Mas como tudo tem um lado bom, a SES explica que os altos números significam que as ações desempenhadas pelas secretarias de saúde estão corretas e trazem resultados. Mas ainda há muito o que ser feito. Materiais didáticos do Ministério da Saúde mostram que, além da saúde debilitada e do elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, condições socioeconômicas desfavoráveis e precárias de vida aumentam as chances de proliferação do bacilo de Hans, transmissor da doença. Dessa forma, a melhor forma de se prevenir é manter uma vida saudável, observar qualquer problema de saúde e, ao manter contato íntimo e prolongado com pessoas que possuem a doença, procurar um médico para avaliações contínuas. Interior - Longe dos grandes aglomerados urbanos a preocupação continua. A malária e a hantavirose que, além de sazonais, mantém estreita relação com atividades econômicas, como garimpo, agricultura e extração de madeira, são as que mais atingem as pessoas. Dados parciais da saúde estadual apontam que a malária atingiu 762 pessoas em Mato Grosso, até abril deste ano. Oitenta por cento dos casos concentram-se na região noroeste do Estado, onde o garimpo e a extração de madeira são as principais atividades. A endemia na região também é causada pelo intenso fluxo migratório entre pessoas que vivem na divisa com Rondônia e Amazonas e pelos potenciais criadouros do mosquito transmissor, que depende de áreas úmidas como florestas e espelhos d"água. Em 1990, Mato Grosso chegou a registrar mais de 100 mil casos da doença, mas segundo estudos do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, a redução acompanhou o ritmo do crescimento da área cultivada, que ocupou uma grande região de floresta. Por outro lado, o aumento da produção de grãos trouxe para as estatísticas de saúde a hantavirose, que este ano já chega a 15 casos confirmados, 14 sob investigação e 4 mortes. A doença é causada por um vírus encontrado em ratos silvestres. Esses animais viviam nos arbustos do Cerrado, mas se adaptaram bem às plantações, contaminado trabalhadores do campo. O ano passado fechou com 26 casos confirmados e 11 óbitos, todos em cidades onde a agricultura atua de maneira significativa, sejam plantas rasteiras como soja ou maiores como a cana-de-açúcar. Conforme explica Oberdam Ferreira Coutinho, a doença é preocupante porque a taxa de letalidade chega a 50%. "A doença pode levar à morte em apenas 4 dias". Sem vacina e com a contaminação por vias aéreas, a única maneira de se prevenir é com manejo ambiental, respeitando a distância mínima entre plantações e residências (50 metros), utilizar máscaras para lidar com a plantação ou no momento de entrar em armazéns e silos, borrifar estes lugares com água sanitária e manter tudo sempre bem limpo.
 
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