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14/05/2009 - 00:00

Auditoria aponta desvio de R$ 3 milhões na Câmara de Cuiabá

Por Jornal Oeste

ALEXANDRE APRÁ Um desvio de R$ 3.029.658,00 foi o valor apontado pela auditoria contratada pelo presidente da Câmara de Vereadores, Deucimar Silva (PP), nas contas da Casa do ano passado sob a gestão do vereador Lutero Ponce (PMDB). O valor que daria para comprar nada menos do que 131 carros populares (a um preço médio de R$ 23 mil cada) foi apontado como o total superfaturado. O resultado final da auditoria interna foi entregue aos vereadores e à imprensa, na tarde de ontem, na sala da presidência do Legislativo cuiabano. Com o discurso de que está cumprindo sua promessa de dar ao Legislativo mais transparência, Deucimar se diz satisfeito com o término do levantamento. Agora, ele diz que irá enviar o resultado da auditoria, feita pela empresa Síntese Auditoria e Consultoria Contábil, aos órgãos fiscalizadores para análise, entre eles o Ministério Público Estadual (MPE) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE). No entanto, Deucimar afirma que não vai pedir a cassação de Lutero, por meio da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. Mas, ele admitiu que espera que esse pedido seja feito por algum outro vereador ou por uma entidade da sociedade organizada. “Se eu pedir a cassação do Lutero, eu não posso votar e nem presidir a sessão de julgamento. Portanto, prefiro não pedir”, argumentou o progressista. Mesmo negando perseguição pessoal, Deucimar não escondeu a insatisfação com o colega. Para ele, as administrações passadas foram marcadas por escândalos, que, na opinião dele, feriram a imagem da Câmara. No ano passado, o conselheiro-relator Valter Albano reprovou as contas de 2007 de Lutero por encontrar indícios de superfaturmento e empresas fantasmas. Mas, numa defesa feita pelo conselheiro Humberto Bosaipo, as contas foram aprovadas. Enquanto isso, a ex-vereadora e deputada estadual Chica Nunes (PSDB), antecessora de Lutero, é acusada de desviar mais de R$ 6 milhões dos cofres da Câmara, enquanto presidente do Parlamento. Antes de apresentar o resultado à imprensa, os vereadores foram convocados para se reunir na sala da presidência. A convocação foi feita para que todos os parlamentares ouvissem as explicações dos auditores responsáveis pelo estudo. No entanto, poucos vereadores estiveram presentes. A contadora Ginaira Lene de Amorim, responsável pela condução dos trabalhos, resumiu que a auditoria constatou má aplicação de recursos e ingerência administrativa por parte do gestor. Além, de gastos exorbitantes, irregularidades em licitações, fracionamento de despesas e excessivo número de compras diretas (que dispensam licitação). Alvo do levantamento, o vereador Lutero Ponce esteve presente ao encontro e foi o primeiro a receber o documento. Antes que a imprensa entrasse na sala, ele saiu do gabinete. Demonstrando otimismo e sorridente, o peemedebista saiu da Câmara garantindo que está tranqüilo e que não teme ser cassado. O ex-gestor fez questão de destacar que a auditoria não tem valor legal e que o julgamento oficial de suas contas do ano passado será feito pelo Tribunal de Contas, órgão competente para tal feito. “Se ele (Deucimar) achar que há irregularidades graves ou insanáveis, é só ele enviar a auditoria para o Tribunal de Contas”, argumentou Lutero, ao deixar o prédio. Ele afirmou que vai se reunir com seus advogados e assessores e que só deve se pronunciar sobre o resultado da auditoria na semana que vem.
 
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