Imprimir

Imprimir Artigo

05/04/2017 - 13:12

Vida longa à cidade verde!

Nasci em Cuiabá, residia em um bairro central onde meus avós também moravam. Questão de poucas quadras até a padaria da família e à casa de minha avó na rua de cima. O bairro Araés era bem tranquilo naquela época, podíamos sentar na varanda até tarde da noite sem se preocupar em trancar o portão.

Eu morava em uma casa pequena de janelas majestosas de madeira das quais papai se orgulha até hoje de tê-las colocado. O fato é que viver ali era caloroso. As poucas quadras que andava me fazia parar todas as manhãs para brincar com os vizinhos e rodar a saia com a finada Nair do Saravá. 

Na rua de casa havia um bar de esquina, que ainda existe no mesmo lugar, passava sempre por ali “Ditinho” um homem mudo e com problemas físicos, puxando um carrinho de mão, e não deixava de dar um sorriso quando nos via em frente de casa.

Desde pequena eu era cliente assídua do Tucanos Restaurante, onde tinha parceria com os garçons e pedia que tocassem “chove, chove” (música Primeiros erros). Aos dois anos de idade surgi no Chopão acompanhada do meu pai, numa noite fria, tomando escaldado, sem reclamar. Já sabia desfrutar de Cuiabá.

As mazelas do destino me levaram para o interior aos cinco anos, o que não impedia que passasse as férias em Cuiabá com meus avós. Em Cáceres a desurbanização me fez conhecer outros ares. Aprendi a pescar, a amar o meio rural e as coisas mais simples que o interior oferece. Aprendi a apreciar a calmaria.

Ironicamente, há dois anos voltei à Cuiabá em busca do aprimoramento dos meus estudos. Como se meu destino me puxasse novamente para cá, como se me dissesse “Se quer aprender a viver, é aqui que terá que lutar!”. Estou reaprendendo a viver com o caos, aprendendo a degustar do que uma capital dispõe: boa música, bons lugares, boas companhias,. Apesar do calor quase insuportável, o trânsito desgovernado, os ônibus lotados e a famigerada violência, não posso negar que não há lugar como Cuiabá. Riqueza cultural, estrutural e turística. É de se admirar.

Sou mato-grossense, metade cacerense, metade paulista, mas sou, acima de tudo, cuiabana! Vida longa à cidade verde.
Imprimir