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23/04/2016 - 10:36

A (imprópria) tese do golpe

               A presidente Dilma participou nesta sexta-feira da cerimônia na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, onde foi assinado o Acordo de Paris sobre o clima. Pelo que se noticiou antecipadamente, a governante iria, em seu discurso, dizer-se vítima de um “golpe”, representado pelo impeachment ora em tramitação pelo Senado. Ainda bem que desistiu dessa aventura. Está indo longe demais o proselitismo nesse sentido, principalmente pelas condições em que ocorre, com sua tese rechaçada por ministros do Supremo Tribunal Federal e por todos os políticos que não são seus aliados. Esse tipo de propaganda do país é desagregadora e só serve para potencializar a crise; ninguém, em sã consciência, investe num país rumo ao golpe.

               A cada dia fica mais claro que Dilma, o PT e seus aliados, na falta de outra alternativa, tentam reverter no grito a situação adversa em que se encontram. É preciso tomar cuidado para não agravar ainda mais os problemas e evitar esbarrar em questões institucionais. Da mesma forma, a governante e seus auxiliares devem se abster de, até o deslinde da questão do impeachment, abrir as burras do governo e liberar recursos e emendas parlamentares para os aliados de forma que essa atitude possa parecer pagamento de negociatas políticas. Liberação de recursos, autorização para financiamentos internacionais e outras ações que dependam do governo não devem fugir à rotina, sob pena de não se cumprirem assim que mudar a equipe de governo.
               
Dilma e aqueles que a defendem deveriam, em vez da vitimização pública através das sucessivas entrevistas e de discursos acusadores, buscar sólidos argumentos jurídicos – se é que os têm – para fazer sua defesa no Senado e no Supremo Tribunal Federal, se encontrarem alguma brecha para recorrer. A essa altura, a técnica do esperneio ou da desqualificação do possível sucessor, não cola mais.

               É de se esperar que os senadores – que agora tratam do impeachment – não percam tempo. Respeitem os prazos e principalmente a igualdade de espaço para acusação e defesa, mas evitem a protelação. O Brasil estará absolutamente parado e a crise se agravará até o dia em que estiver finalmente definido quem nos governará até o final de 2018. Os brasileiros clamam pela abertura dos caminhos que, necessariamente, passa pelas mãos dos 81 senadores... Imprimir