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26/11/2015 - 09:01

Quem sou eu? O homem ferido, o assaltante, o sacerdote, o levita ou o bom samaritano?

            Sou um homem caído na beira de uma estrada. Eu fui ferido por um assaltante que quase tirou a minha vida. Espancou-me e levou tudo que eu havia adquirido neste dia. Fiquei quase sem vida caído à margem do caminho e as pessoas passam por mim e ficam olhando para a miséria da minha vida. Eu sou este que foi atingido pela violência do mundo atual.

            Sou o assaltante que feriu o homem à margem do caminho. Sou este que não pensa nas consequências dos meus atos. Estava a espreita do primeiro que desse bobeira para extrair-lhe seus pertences. No calor da luta acabei por ferir este homem. Talvez esta não fosse a minha intenção, mas aconteceu. E eu feri. Deixei-o com suas feridas e fui-me embora daquele lugar em busca de outras vítimas.

            Sou o sacerdote que passou de largo. Eu vi aquele homem caído na beira do caminho. É uma vítima da sociedade, mas são tantos que nem posso mais dar atenção a essas situações. Tenho tantos rituais para fazer na igreja, tantas coisas para ouvir e tanto para interceder perante Deus que nem vou me dar ao luxo de parar para atender esse pobre miserável. É apenas mais uma vítima desse mundo cruel. Eu sou um sacerdote e não devo me contaminar.

            Sou o levita e também passo de largo deste pobre moribundo caído à margem desta estrada. Minha função é louvar a Deus na igreja e faço isso muito bem. Minha obrigação não é olhar pessoas caídas à margem da estrada. Então, vou para a igreja cantar. Essa é minha função. E é isso que vou fazer. Louvar a Deus. Não posso perder meu tempo em atender pessoas caídas na beira de estrada.

            Sou um samaritano. Desprezado pela sociedade e excluído dos meios sociais. Quase não encontro lugar para viver. Olho para esse homem caído à beira da estrada. Está ferido. Olho para ele e me vejo. Tenho como obrigação ajudá-lo. Deixarei tudo que estou fazendo e vou ajudar este homem. Levá-lo-ei a uma estalagem e ali pedirei para que curem suas feridas. Afinal, poderia ser eu nesta situação.

            Sim, sou o homem caído à beira do caminho, mas igualmente sou o assaltante que o feriu, e o sacerdote e o levita que o evitaram. Mas, pela graça de Deus, sou também o samaritano que o tomou nos braços e o amou.

            Quem de nós pode afirmar que não somos todos esses personagens destacado pelo Filho de Deus? Quem melhor que Ele para conhecer o coração do homem e saber que somos todos eles em algum momento da nossa vida. Por isso não podemos julgar as pessoas, mas compreender que não somos nada se não for a misericórdia de Deus nas nossas vidas. Imprimir