Imprimir

Imprimir Artigo

21/11/2015 - 08:03

A reorganização e o impasse escolar

       Já são mais de 70 as escolas, na capital e no interior, ocupadas pelos alunos que rejeitam a reorganização da rede imposta pelo governo estadual. Por mais positivo que o processo possa ser, peca pela forma que foi conduzido e daí é que vem a revolta dos alunos, pais e responsáveis.

A mudança, que fecha 94 escolas e transforma outras 754 em ciclo único, exigindo a transferência de mais milhares alunos, foi anunciada em setembro pelo secretário da Educação, Herman Woorwald, e caiu como uma bomba no meio escolar. A informação inicial era de que pais e alunos seriam ouvidos no dia 14 de novembro, “Dia da Educação”.

Mas, diante de manifestações e pressões, a Secretaria da Educação anunciou ainda em outubro a lista das escolas a serem fechadas e das que serão transformadas em ciclo único. Não sobrou nada, além da orientação de como deveriam proceder sobre o já decidido, para o diálogo das escolas com a comunidade escolar.

            Só nesta quinta-feira, 19 de novembro, é que o secretário da Educação, numa audiência de conciliação com alunos que ocupam as escolas em protesto, propôs a realização de debates sobre as mudanças com a comunidade escolar e, mesmo assim, não garantiu que a opinião dos pais e alunos sejam acatadas. Lógico que não deu acordo. O diálogo com a comunidade impactada deveria ter sido o primeiro passo para a montagem do projeto. Pelo menos é isso que todos os políticos e administradores públicos, nos últimos 30 anos, vêm  pregando em seus discursos encharcados de democracia.

            A construção da reorganização escolar “do teto para o alicerce” conduziu ao impasse. Cada dia mais unidades escolares são ocupadas pelos alunos que alegam as mais diferentes causas para rejeitar as mudanças. Não só os alunos, mas também especialistas em Educação e até o Ministério Público se manifestam contrários ao processo que hoje sofre até a invasão oportunista do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que fornece logística e procura também se transformar em dono do problema vivido pelos alunos.
        
    O governador Geraldo Alckmin se mantém firme e exige a desocupação das escolas para depois dialogar. É preciso pensar bastante sobre que espécie de diálogo oferecerá à comunidade escolar rebelada. Se não ceder em pontos consideráveis, dificilmente acabará com a crise. Talvez fique menos oneroso, política e funcionalmente, deixar a reorganização para o futuro, nem que isso o leve a ter de abrir mão da colaboração do atual secretário e da equipe da Educação que, por falta das devidas cautelas, conduziram seu governo ao impasse. Imprimir