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20/10/2015 - 09:43

Pó de gesso

          Certa vez, um jornalista investigativo pediu para o Diretor de uma Unidade Prisional para fazer um teste, a intenção era experimentar a realidade de um presídio, portanto, ele se passaria por um criminoso julgado e condenado a pena de morte.

          Depois de preencher uma ficha, o jornalista recebeu seu uniforme e ficou na cela, preso incomunicável por 30 dias até chegar o dia em que seria supostamente executado na cadeira elétrica.

          No dia, ele foi colocado na sala de execução, sentou-se e foi preso com braçadeiras, naquele momento um padre entrou no recinto para lhe dar a extrema-unção e ao sair, o executor disse que começaria a contagem regressiva para a execução.

           Nesse momento, o jornalista sentiu que seria executado de verdade e começou a gritar:
 - eu não sou um criminoso;  - estou apenas fazendo uma reportagem para sentir na pele como são os últimos dias de um criminoso condenado a pena de morte;
- por favor, chame o Diretor do Presídio, ele esclarecerá tudo;
 Mas, o executor falou: é o que todos dizem,  saiba, que a sua hora chegou, e continuou o procedimento padrão, colocou o capuz no jornalista  e começou a contagem regressiva para acionar a carga elétrica:
   ZERO, UM, DOIS E TRÊS.

            E não acionou.

           Ao retirar o capuz do jornalista, percebeu que ele não suportou a veracidade aparente da reportagem e faleceu por conta de uma parada cardíaca.
 
           O jornalista  é conhecido pelo que ele se manifesta, de forma verbal ou escrita, pois a livre manifestação deve ser aceita em toda sua magnitude. Quantos jornalistas não usam o medo como um mecanismo de defesa ou um estado de alerta, em nome da sobrevivência no seu trabalho ou em nome do seu salário?       

           Agora, quando o medo passa a ser usado como desculpa para omissão ou submissão, é o fim da essência do profissional investigativo.          

            O jornalista, ao expor seus pensamentos, será sempre aplaudido ou incriminado por tudo que se posicionar em sua tese, mesmo que seja contrário a tudo que ele pensa, senão o seu texto passa a ser qualificado de obra censurada.

          Agora, quando o medo passa a ser usado como desculpa para omissão ou submissão, é o fim da essência do profissional investigativo, mas fica a cada um fazer a reflexão sobre a reportagem do “Pó de Gesso”.

             Porque o Exmº Sr. Governador que tem o poder e responsabilidade pela soberania do Estado na Região de   Fronteira, não foi comunicado? Porque o Exmº Sr. Secretário de Segurança Pública que tem a responsabilidade pelas ações do GEFRON, não foi comunicado?

            E se explodisse uma lâmpada e os policiais respondessem com projétil de verdade e houvessem pessoas assassinadas? E se a equipe de reportagem fosse tratada com o rigor que merecem os traficantes perigosos?

              Até onde vai o limite de um jornalista: apenas narrar um fato, e produzir analises sem fugir da verdade, ou entrar como partícipe de um crime, em busca da realidade ou de possíveis desmandos e inoperâncias do governo?

             Mas, a realidade da brincadeira do “Corco Veia”, os fatos provaram ao contrário e todos foram detidos em nome da Lei.

            São questionamentos que ficam expostos na Reportagem: PÓ DE GESSO. Imprimir