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25/04/2015 - 09:00

Salvar a Petrobras (e o Brasil), é preciso

                Sou de uma geração que cresceu ouvindo que a Petrobras é nossa – do povo brasileiro – e que seria a grande alavanca para o desenvolvimento do país sem depender dos fornecedores internacionais de combustíveis e, principalmente, das restrições políticas e da espoliação econômica impostas ao mercado pelos árabes produtores na sua contenda com os grandes consumidores. Isso dito anos a fio tornou-se uma verdade presente em nossas vidas, independente da comprovação se verdade ou não. Agora, na publicação do balanço da companhia, ao vê-la roubada em R$ 6 bilhões pelos esquemas de corrupção e espoliada em outros  R$ 15 bilhões pela incompetência e megalomania dos governos que a pilotaram e incúria de muitos de seus dirigentes e altos funcionários, todos remunerados a peso de ouro, sinto-me escandalosamente roubado.

                A mola mestra da economia nacional está enfraquecida porque foi saqueada e vitimada por operadores de risco, que desenvolveram projetos inviáveis e políticas insustentáveis com o objetivo nítido de sustentar uma política governamental ufanista que, bem analisada, não tinha do que se ufanar. Produziu-se a fantasia do Brasil autosuficiente em petróleo, falou-se maravilhas do pré-sal, construiu-se no Recife a refinaria que interessava mais à Venezuela, então governada pelo tresloucado “compañero” Hugo Chávez e, nas grandes obras, manteve-se o esquema da propina, destinado, entre outras coisas, a comprar o apoio parlamentar ao governo.

                O momento é de luto nacional. Todos os brasileiros são vítimas da escandalosa gestão de risco da Petrobras. A Operação Lava-Jato, pilotada pelo juiz Sérgio Moro, é apenas uma lanterna dentro da imensa escuridão moral que se abateu sobre os negócios públicos, políticos e a sociedade. Infelizmente, o Congresso Nacional, grande fórum que poderia atuar no deslinde do malfadado esquema de lesa-pátria, está combalido pelo envolvimento de parte de seus membros nos crimes e inconformidades a apurar. Oxalá, mesmo assim, ainda tenha condições de apurar os malfeitos, apontar os malfeitores e salvar o Brasil sem que isso venha a causar a quebra da tão decantada e hoje vilipendiada democracia. Salvar a Petrobras (e o Brasil), é preciso... Imprimir