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08/04/2015 - 07:46

O custo da sacolinha ecológica

           Apesar de todo o viés popular de seu governo, o prefeito de São Paulo cedeu à pressão dos grandes supermercadistas e colocou em vigor a lei que os permite cobrar pelas sacolinhas até agora fornecidas gratuitamente aos clientes como embalagem dos produtos adquiridos. Desta vez a campanha é mais sensata do que a anterior, onde o marketing inconsequente dizia que, pagando a sacola, o comprador estaria “salvando o planeta”. O governo de São Paulo, dessa forma, transfere o custo da embalagem do comerciante para o consumidor. Precisa agora certificar-se de que o custo da embalagem já embutido nos preços das mercadorias seja estornado e, principalmente, garantir a coleta e destinação final do lixo de forma adequada.
           
 A divisão das sacolinha entre verde e cinza, uma para lixo orgânico e outra para reciclável, é uma boa idéia. Mas para ter resultados ecológicos precisa ser acompanhada de coleta minimamente seletiva e destinação correta do seu conteúdo. Seria um desperdício o consumidor pagar a sacola, fazer a divisão e ela não se processar depois da coleta. Tanto o prefeito de São Paulo quanto os demais que forem ceder ao desejo das grandes redes varejistas, precisam considerar que, para colocar mais esse encargo nas costas do povo, seus governos precisam estar fazendo a sua parte no processo de finalização da limpeza.
            
O lixo foi negligenciado por muitos anos. Inicialmente foi descartado em terrenos baldios ou jogado nos rios, depois foi coletado pelo poder público, que o depositava nos “lixões” distantes da área urbana. Ainda hoje, apesar de toda a cobrança da sociedade e dos esforços de ambientalistas e exigências do Ministério Público Ambiental, muitas prefeituras ainda descartam o lixo em locais inadequados como lixões ou aterros sanitários não sustentáveis.

            Os prefeitos e vereadores, antes de propor, votar e colocar em vigor leis como a que entrou em vigor na capital paulista, precisam verificar se seu município já cumpre todas suas obrigações para a correta destinação do lixo. Se não estiverem cumprindo, o ato de adotar a sacola reciclável e cobrada do consumidor não terá o mínimo valor ecológico. Atenderá apenas ao interesse mercantil dos supermercadistas e assemelhados, que deixam de ter o ônus de fornecer gratuitamente para passar a vender a embalagem dos produtos que comercializam... Imprimir